Contemplação na água
Aceite a passagem
das horas. E, sério,
debruce num tanque:
há luz e mistério.
Se doem os olhos,
não se desespere:
contemple sorrindo
a água que os fere.
Esse rosto parvo
talvez seja o seu:
se está mais magro,
apenas cresceu.
Não amaldiçoe
a primeira ruga:
chegamos à esquina
da célere fuga.
Um raio de sangue
ascende ao espaço?
É que, sob as ondas,
há rumor de passos.
De cada memória
Vem algo no peito
e, mesmo que a alma
não cale os defeitos,
ó como se ama
na tranqüilidade!
Situe o seu corpo
no sonho da idade.
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Sataka de Bhartrihari
(Índia, c. A. D. 650)
Terra minha mãe, pai ar, amigo fogo
água minha prima querida
e você éter meu irmão –
- este é o último adeus
para vocês.
Agradeço o que fizeram por mim
enquanto estivemos juntos.
A alma conheceu
seu pouco entendimento afinal
e agora volta como pode
para o Absoluto total.
(Original em sânscrito.Tradução, versão inglesa, Leonardo Fróes)
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Vertigens, Leonardo Fróes, Rocco, RJ, 1998.
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quarta-feira, 16 de junho de 2010
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Um comentário:
Martha,
Seu lindo Caderno Aquariano anda mais fascinante do que nunca, porque vc anda mais fascinante e exuberante do que nunca!
beijos
denise
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