Texto: Terezinha Moreira | Fotos: Marcos Pinto
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Revista VIVER BRASIL – 16 de janeiro . 2009 . Ano II . Nº 5
Advogada por formação, Martha Pires Ferreira abandonou o Direito em meados dos anos 60. A partir daí, aprofundou seus estudos em psicologia junguiana e foi para a Europa, onde estudou astrologia. Com grande número de clientes, a astróloga também dá aulas e ministra conferências e palestras sobre o assunto. “Dediquei-me à astrologia política mundial, seus ciclos na arte, na cultura, como a astrologia influenciou no campo da música, da literatura, da história do pensamento”, conta Martha, autora do livro Metáfora dos Astros. Em 1992, a astróloga carioca recebeu o prêmio internacional Noite de Nertus, na Suíça, em razão das previsões sobre a dissolução da Rússia, a queda do muro de Berlim e o impeachment do presidente Fernando Collor. Em entrevista exclusiva à Viver Brasil, Martha explica a influência dos astros em nossa vida e diz que estamos vivendo tempos de mudanças e fortes transformações do ser humano.
Qual a influência da posição dos astros
na nossa vida?
Não existe prova
científica, dentro da ciência cartesiana, de que os astros influenciam. A
astrologia é uma ciência tão antiga quanto a história do homem, é uma linguagem
essencialmente simbólica. Todas as culturas olharam para o céu para verificar o
que significava o movimento dos astros. Era tanto que se dizia que tudo está
escrito nas estrelas. Você vai encontrar isto nos incas, astecas, China, Índia,
na África, no reino de Benin. E foi se desenvolvendo por toda a Europa e hoje
tem capacidade enorme de observação por causa da revolução tecnológica. Hoje, a
astrologia tem possibilidade muito maior de verificar que, quando certos
aspectos ocorrem no céu, sincronicamente acontecem na terra eventos similares
aos que o planeta simboliza. Isto é, de certa forma, um grande mistério. A
astrologia não é uma ciência misteriosa, é uma ciência simbólica e, por
sincronicidade, as ocorrências do céu acontecem na terra. Há influência muito
forte da lua nas marés. Quando há explosões solares também tem eventos similares
na terra. Se o sol e a lua, que são astros mais próximos da terra, têm
influência muito grande em nossa natureza, os outros astros também. Por estudos
chega-se a estas conclusões. Até na Biologia, na França, estuda-se a influência
dos astros no corpo humano. Pode ser que no futuro, tenhamos possibilidade de
comprovação mais profunda.
Por que o estudo da astrologia deixou de
ser difundido no mundo?
Por causa da ciência cartesiana que, na França, tornou-se muito radical
porque a astrologia, provavelmente, estava um pouco comprometida com magia,
crendice, com futurismo sem comprovações, e, então, deveria haver necessidade
de maior fundamentação científica. As universidades clássicas na Europa,
inclusive o Vaticano, têm livros sobre astrologia. Eles têm este saber guardado
a sete chaves. A University of London tem biblioteca preciosíssima; na
Alemanha, a astrologia nunca foi deixada de lado e a bibliografia é imensa. São
estudiosos profundos. Existe astrologia de jornal, mas a mais profunda continua
sendo estudada no mundo inteiro e muitos astrólogos são universitários. Todo
astrólogo precisa ter conhecimento do espaço celeste para fazer leitura de como
as coisas do céu acontecem na terra. Ele verifica se um planeta passou em um
determinado signo e se naquela ocasião na terra coincidiram acontecimentos
semelhantes com aquele significado simbólico porque a astrologia remete à
mitologia. Todos os povos têm relação forte com os mitos. Então, não adianta
querer enforcar a astrologia do saber comum porque ela pertence ao inconsciente
coletivo de todos os povos e se mantém viva.
O que a posição dos astros revela hoje?
Estamos vivendo, no mundo, momento de transição radical. Não é uma crise mais
porque o planeta Plutão está a zero grau do signo de Capricórnio, e vai
percorrê-lo durante muitos anos. Este planeta significa as transformações
radicais. Passou ali naquele ponto há 248 anos e foi o período que antecedeu a
Revolução Francesa, foi um período de grande impulso no desenvolvimento
industrial, que atuou de maneira muito intensa até 1850. Foram 70 e poucos anos
de muita atuação, que estabeleceu a revolução industrial. O planeta passando
por este ponto está mostrando uma grande transformação no mundo, não mais
revolução industrial, mas a tecnológica. Somado a isto, outras posições no céu
são semelhantes ao que ocorreu de 1840 a 1850, que foi o auge das contestações
dos trabalhadores na Europa e nos Estados Unidos reivindicando direitos nas
fábricas. Também foi um período de grande avanço nas artes, nas músicas, na
pintura. Além disso, também temos aspectos muito semelhantes há 4 mil anos,
quando apareceu a escrita. Estas posições no céu, de Plutão, Júpiter, Netuno e
Urano, os últimos três signos do zodíaco, significam que temos o novo
aparecimento da escrita, que é a internet. O ponto zero grau de Capricórnio
marca também uma coisa muito importante, que é o solstício do inverno no
Hemisfério Norte e do verão no Hemisfério Sul. O solstício significa o
nascimento do sol, que depois foi a festa do nascimento de Jesus, que significa
o nascimento da consciência, de uma nova visão do mundo.
Na prática, o que isto significa?
Tendo uma visão de futuro baseada no presente, vamos viver uma nova
percepção de mundo. Como Capricórnio é signo da terra, o que vai gritar, berrar
e nos chamar a atenção são os cuidados com a mãe-terra, a mãe-natureza porque o
ser humano se descuidou dela. Ele pode viver sem o celular, mas não sem pão,
vinho, água e sem o ar que respira. Então, a grande tônica deste ciclo, que
começou em 2008 e vai até 2020 é o brado da terra-mãe para que cuidem dela,
senão teremos o efeito bumerangue. O que está acontecendo de estragos no mundo,
nos lugares mais variados, é o abuso do ser humano no sentido de consumo. Foram
inventadas coisas maravilhosas, mas há abuso excessivo do mundo tecnológico,
industrial. Há estrago geral e o ser humano vai pagar preço muito alto e vai se
reorganizar. Os homens que são muito agarrados ao mundo do triunfalismo do
dinheiro, vão sofrer muito porque a decadência da economia será muito grande,
pois houve abusos. É como um indivíduo que foi a uma festa no verão, comeu
muita feijoada e está passando mal. A humanidade está tendo uma congestão dos
excessos.
O homem tem consciência da importância
do seu papel para que as mudanças se revertam em algo positivo para a
humanidade?
Temos a possibilidade de um grande salto quântico, um salto para o
progresso, para alguma coisa maior e eu acredito que o ser humano vai despertar
para uma consciência mais ampla diante desta fricção entre Oriente e Ocidente,
entre ricos e pobres, entre as religiões mais esfarrapadas possíveis que se
tornaram negócio. Neste aspecto as crises serão no judaísmo, no islamismo,
cristianismo e as religiões paralelas, mesmo as do oriente, onde houver o
senhor do dinheiro como a cabeça central. Estamos vivendo a passagem da mudança
da era de Peixes, que era a da hospitalidade, do despertar das emoções para a
era de Aquários, que é a era do ar, da solidariedade, da fraternidade e da
partilha.
A consciência planetária, que é da Era de Aquários vai ficar mais clara para a
humanidade daqui a uns 12, 13 anos, mas a travessia é importante. A humanidade
está em um estágio de sua consciência muito aquém do que poderá vir a ser.
Felizmente, muitos homens da ciência, da cultura, da arte, das religiões estão
apontando caminhos, mas é a mãe-terra que irá gritar: façam o favor de tomar
juízo.
De que forma isto se reflete na questão
econômica mundial?
A
crise econômica não vai perdurar apenas dois anos, ela desmontou e não tem mais
saída. O modelo econômico do mundo faliu, não tem saída. Quem está falando é
Martha Pires Ferreira, uma estudiosa destas questões. Não sou economista, mas
sou muito procurada por economistas, banqueiros, grandes industriais, homens de
negócios, diplomatas. Eles me procuram não por crendice ou superstição, mas
porque querem saber o que pensa uma pessoa que não é da área deles. Pelos
ciclos astrológicos o que está acontecendo hoje é como a queda do feudalismo.
Quando o feudalismo quebrou, não quebrou fácil. A Revolução Francesa foi um
corte muito doloroso. O corte que vai ter no mundo será muito doloroso. Será
uma transformação radical. O modelo de economia no mundo será outro. Daqui a
dois anos será o aniversário de O manifesto comunista, movimento do Karl Marx e
do Engels com todo um grupo daquela época na Alemanha e que depois toda a
Europa tomou conta, foi a consciência do direito do trabalho. Não estou
querendo dizer que Marx colaborou com a liberdade, mas se preocupou com o
direito do trabalho, a consciência do trabalhador. Essa consciência do valor do
trabalho é outra coisa que na economia será extremamente discutida porque o
homem não quer mais trabalhar para um grupo pequeno, senhores donos do dinheiro
no mundo. Isso não tem mais como. A partilha será natural, progressiva e
proporcional. Não estou falando de um socialismo velho, do século XX, mas de
uma socialização dos bens da economia, dos bens dos frutos da terra para todo
homem que trabalha e que tem direito ao trabalho e que proteja todos os velhos,
os doentes e as crianças, que não podem suprir sozinhas suas próprias vidas.
Não tem outra saída.
Como ficará o Brasil nesta história?
O Brasil é um país privilegiado em sua atmosfera, é tropical, não tem
geadas, vulcões, tem grande extensão. A gente deve valorizar a riqueza
maravilhosa que é o Brasil, seu povo, seu clima, sua arte, sua música. Nisto o
Brasil dará um exemplo muito grande para o mundo, pela sua simplicidade. O povo
brasileiro é muito simples, mas infantil e quer só pensar em futebol, carnaval,
quer se divertir, mas se esquece de que tem de se organizar nas funções do
trabalho, na consciência do trabalho. Trabalhar, orar, divertir-se, brincar...
mas trabalhar consciente e só depois descansar.
Isto implica dizer que o Brasil será
protagonista nas mudanças que devem ocorrer no mundo?
Seria arrogância e pretensão pensar que um país será a porta para o mundo,
mas acho que a América Latina e a África terão muito a nos dizer. Os países
velhos continuarão com sua cultura, com tudo o que desenvolveram, seja Europa e
EUA, que é um país mais novo e está vivendo momento muito importante de
transformação profunda, com a eleição do novo presidente, que vai dar também
possibilidade de diálogos e mostrar que não tem diferença, que existe apenas
uma raça: a raça humana. A humanidade está vivendo momento extremamente rico e
a internet facilita esse avanço, essa compreensão. O Brasil também tem papel
interessante por causa de sua natureza acolhedora, povo tão misturado, mas
outros povos também. A África está se levantando de uma maneira muito rica,
densa; os EUA mesmo estão tomando consciência de que não podem gastar tanto,
ter consumo exagerado e vão aprender a ser mais do que ter mais. O homem vai
batalhar para acreditar no ser sendo e não no ter.
Qual o papel dessa geração em relação às
mudanças pela qual estamos passando?
Os jovens do mundo são
uma esperança muito grande porque são o sangue novo, pensam coisas novas e vão
exigir novas maneiras de estar no mundo. Então, os mais velhos, que fiquem
quietos em sua casa, ouvindo sua música, sendo bons conselheiros e deem oportunidades
aos jovens de dar ao mundo uma nova visão. Isso é uma contribuição com uma
turma nova que está chegando. Os governantes do mundo são pessoas que nasceram
na década de 60, que foi uma década muito forte. As crianças que nasceram ali
hoje são presidentes de empresas, de países. É um privilégio, por um lado,
apesar de perigoso, pois temos violência no mundo. Isto é uma coisa que me
provoca receio.
Há algo que indique o aumento da
violência no mundo?
É só você olhar como há investimentos em armas. A economia que mais rende
no mundo é a bélica. Se investir em armas é uma coisa lucrativa e maravilhosa é
porque o ser humano precisa usar estas armas. Fazer guerra dá dinheiro e isto
me assusta muito. Não é preciso nem olhar no mapa, no céu. Posso dizer que o
ser humano vai perceber que o bumerangue poderá ir de encontro com a sua cabeça,
como o sapato que voou, não de um jornalista, mas de um cidadão indignado. O
sapato que voa na cabeça de um presidente é um simbolismo muito rico de que as
pedras vão voar e que o ser humano vai ter de se defender e repensar. Os anos
de 2009, 2010 e 2011 serão muito, muito importantes para a humanidade. É como
se você estivesse em um barco no meio da travessia: não tem como voltar. É um
momento de esperança, de criatividade. O planeta Plutão em Capricórnio, Júpiter
e Netuno no signo de aquários e Urano no signo de Peixes fazendo oposição ao
planeta Saturno, o senhor do tempo, mostra nestes 20 anos, em relação ao tempo,
que estamos vivendo períodos de grandes mudanças.
A eleição do Barack Obama, nos EUA, pode
ser considerada uma destas mudanças?
Acho que sim. É um sinal, agora, não posso dizer se ele vá responder
fielmente ao que se deseja dele. Ele é comprometido com uma economia perversa e
tem de responder ao que os donos de bancos, das grandes empresas determinam,
mas tem voz muito poderosa, que é a voz do povo, do coletivo. Em relação a
outros povos, Cuba vai, provavelmente, resgatar o que foi dela impedida com um
embargo vergonhoso há mais de 40 anos. É uma libertação de Cuba e dos povos do
Oriente, que estão vivendo uma situação seríssima. Acho que os árabes vão
repensar também a sua ira. Estamos vivendo momentos difíceis, mas profundos e
importantes para a revolução do ser humano, que ainda gosta de tapetes, jóias,
aviões, mas não gosta muito de ser humano porque não resolve as questões do ser
humano. E o ser humano foi chamado, sobretudo para ser humano.
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