terça-feira, 31 de julho de 2018

"Aos juízes políticos que são uma pantomima" - Thomas Merton

Atualíssimo recado de 
 Thomas Merton (31/01/1905 Prades, França - 10/12/1968 Tailândia).

        Trecho do Prefácio da edição japonesa de A Montanha dos Sete Patamares (1963) - 
        'É minha intenção fazer de minha vida inteira um resistir e um protesto contra os crimes e as injustiças de guerra e a tirania política que ameaçam destruir a toda a raça humana e o mundo inteiro. Através de minha vida monástica e de meus votos digo NÃO a todos os campos de concentração, aos bombardeios aéreos, aos juízes políticos que são uma pantomima (o grifo é meu), aos assassinatos judiciais, às injustiças raciais, às tiranias econômicas, e a todo o aparato socioeconômico que não parece encaminhar-se senão à destruição global a pesar de seu formoso palavrório em favor da paz. Faço de meu silêncio monástico um protesto contra as mentiras dos políticos, dos propagandistas e dos agitadores, e quando falo é para negar que minha fé e minha igreja podem estar jamais seriamente aliadas junto a essas forças de injustiça e destruição. Porém é certo, apesar deles, que a fé na qual creio também a invocam muitas pessoas que creem na guerra, que creem na injustiça social, que justificam como legítimas muitas formas de tirania. Minha vida deve, pois, ser um protesto, antes de tudo, contra elas. Si digo NÃO a todas essas forças seculares, também digo SIM a tudo o que é bom no mundo e no homem. Digo SIM a tudo o que é formoso na natureza, e para que esta seja o sim de uma liberdade e não de submetimento, devo negar-me a possuir coisa alguma no mundo puramente como minha própria. Digo SIM a todos os homens e mulheres que são meus irmãos e irmãs no mundo, mas para que este SIM seja um assentimento de liberação e não de subjugação, devo viver de modo tal que nenhum deles me pertença nem eu pertença a algum deles. Porque quero ser mais que um mero amigo de todos eles me torno, para todos, um estranho". 
     A Montanha dos Sete Patamares é sem dúvida a porta de entrada para se conhecer Thomas Merton. Este livro é sua autobiografia escrita em 1948 - The Seven Storey Mountain - obra publicada em inglês, já quando monge. Traduzido para muitas línguas - La Montaña de lós Siete Círculos / La Nuit Privée d’Étoiles. Merton nos deixou mais de 60 obras... infinitudes (pesquisar no Oráculo da internet)

 Desenho no envelope, 2007 - assinatura  - The Merton Seasonal. 


Desde jovem acompanho Thomas Merton na insaciável sede de Absoluto e engajamento nas questões da justiça social, num mundo tão desumanizado, tão distante da igualdade fraterna e solidária.

domingo, 29 de julho de 2018

Lula Livre! Arcos Coração da Lapa - Rio de Janeiro/Brasil.


Fiz presença por umas três horas. Encontrei queridos amigos/as de tantos anos de luta nos Arcos Coração da Lapa (28/07/2018) 
- LULA LIVRE ! ESPERANÇA SEMPRE. 
O BRASIL é do POVO brasileiro com todas as suas dificuldades, injustiças, desigualdades. O POVO sabe das conquistas. 
/// Não nasci ontem; a Campanha mais generosa que já vi na vida!
Reflexões agudas para a “elite do atraso” e para os golpistas sem vergonha e sem moral  -- 
LULA LIVRE.

Lula Livre! Arcos Coração da Lapa - Rio de Janeiro/Brasil.

sábado, 28 de julho de 2018

Encantos de um Eclipse Lunar

Acompanhando a viagem da feminina Lua Cheia, iluminada pela magnitude do amoroso calor Solar na passagem do eclipse.



A Lua caminhando ao lado do guerreiro e altivo planeta Marte (pontinho vermelho), nesta madrugada de hoje, 28/07, das 4h05 às 5h43 (fotos) - Rio de Janeiro. 
Veronese - Marte descansa junto a Selene (Lua) ou Venus, aqui não importa - é o encontro da energia masculina com a feminina.

O Firmamento com sua simbologia mitológica sempre me encanta, fico embebida do Cosmo, imensidão da Vida!
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sexta-feira, 27 de julho de 2018

A beleza da Lua Cheia junto a Marte, senhor das batalhas heroicas!


Fotos depois do eclipse -
quando a Lua e o Marte estavam mergulhados na noite ás 21h10.  
A beleza da Lua Cheia
   Eclipse lunar, hoje, 27 de julho de 2018, 17h 20, Rio de Janeiro, ocorreu repleto de simbolismo; Ar e Fogo. A Lua em Aquário se opondo ao Sol em Leão - A imaginação e as pulsões libertárias do elemento Ar confrontando a vitalidade e as potências criativas do elemento Fogo; energias existentes em cada um de nós! O feminino lunar frente ao masculino solar. O frágil e o forte se olham. O Planeta Marte, altivo, tão próximo da Terra e junto à Lua, em Aquário e oposto ao Sol, nos convida aos desafios, aos enfrentamentos sem medo, sem receios, sem rodeios ir às batalhas com gestos heroicos de grandeza e generosidade para com o bem comum. A linguagem metafórica dos astros nos encanta. Olhar o Firmamento é olhar o ciclo da Vida em nosso planeta Terra, nossa casa comum.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A Solidão


     Disse uma vez para mim mesma que nascemos para a solidão. Toda a nossa vida é o peso e a suavidade, ao mesmo tempo, de se caminhar só, de se viver intrinsecamente ligada a tudo, e, cercada de muitos, mas na presença da solidão. Fazendo de conta que não somos sós, fingimos estarmos presentes, não ausente, mesmo que deliberadamente nos colocando presentes ou à margem.
     Escondida no silêncio, que não é ausência de calor e afeto, permanecemos na quietude das coisas á nossa volta e às que nos transcendem ao pensamento. Longe das exterioridades, somos interioridade, segredos, reservas pessoais. Caminhamos na liberdade da solidão. Impossível repassar as percepções mais sutis e, sobretudo aquelas que nos tocam o absoluto tecido de infinitude, na profundeza da alma. Impossível repassar o que vivenciamos no isolamento pessoal mesmo estando com a mente e o coração abertos ás vicissitudes da vida. Na solidão somos tocados pelo vazio, e que pode nos surpreender ao sermos tomados de percepções plenas. Nada, nada se consegue transmitir do âmago, do mais abissal escondido da alma, psique, espírito, essência humana. Coisas nossas intransferíveis. Vivências que mesmo não as querendo secretas, elas se revelam secretas por serem riquezas nossas, intransmissíveis.
     Quem nasceu para a beleza da solidão saberá viver sozinha até o fim. A solidão não carece de afeto, ela é rica em emoções sensíveis. A beleza da solidão não se transmite, é realidade vivida na liberdade pessoal, independente das pessoas e fatos do entorno.
     O visionário vive a dor do mundo em solidão, e, o mesmo no gozo da visão interna de totalidade, unicidade. Intuitivamente se coloca acima e fora de si mesmo, estando em plena atenção, no coração da vida em sentimento, sensação, delicadeza, realidades. Jamais, em verdade, está só. Não é isolamento, é silêncio interior que tudo acolhe afetuosamente. 
- verão de 2018 - martha pires ferreira
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Na liberdade da Solidão  / ed. Vozes, 1961
Frases escolhidas em Thomas Merton (um dos meus grandes mestres de Vida).

“A vida se revela a nós somente na medida em que a vivemos” 
“Pensamento e vida são uma só coisa”. “A solução da vida é a própria vida”. 
“Sabe alguém que encontrou sua vocação, quando cessa de pensar em como viver e começa a viver”. 
“Possuir Aquele que não pode ser compreendido é renunciar a tudo que pode ser compreendido”.     
“O deserto é, portanto, o lugar lógico de habitação para o homem que não procura outra coisa senão ser ele próprio – isto é, uma criatura solitária e pobre, dependendo unicamente de Deus, sem nenhum grande projeto que se interponha entre ele e seu Criador”.    
“As palavras estão colocadas entre silêncio e silêncio; entre o silêncio do mundo e o silêncio de Deus”. 
“Pouco adianta falar aos homens de Deus e de Amor se não são capazes de escutar”.  
“A pobreza significa ter necessidade. Fazer votos de pobreza e nunca passar necessidade, nunca precisar de algo sem logo obtê-lo, é rir-se do Deus Vivo”. 
“Meu conhecimento de mim mesmo no silêncio (não pela reflexão sobre mim mesmo, mas pela penetração até o mistério de meu verdadeiro ser, que está além de palavras e de conceitos, porque é totalmente pessoal) se abre no silêncio e na ‘subjetividade’ do próprio ser de Deus”.

O Inominável - Sede insaciável de Thomas Merton. Mas Quem é Deus? Eu mesma me pergunto e me respondo ser o Todo, o tudo da Vida, que nos transcende, que a inteligência e/ou a sensibilidade não alcança, mas apreende em plenitude no silêncio, na liberdade da solidão interior.
Ed. de 2001
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--  postagem Martha Pires Ferreira

sábado, 21 de julho de 2018

Signo de Leão


              Manuscrito astrológico Cairo-Egito - séc. XIII
O Sol inicia seu percurso anual no cinturão zodiacal, signo de Leão, Rio de Janeiro, às 18h06, amanhã, 22 de julho de 2018.


Mapa do Céu - início do Signo de Leão - zero grau. 
Inverno / hemisfério sul.
Astrologia é uma linguagem simbólica.
Sol – associado a Apolo – Princípio cósmico da consciência, da criatividade. Autoridade. Força vital, energia, calor, dignidade, brilho, plenitude, luminosidade.
Apolo no carro do Sol

O signo de Leão pertence ao elemento Fogo - Analogia com o Sol – masculino, fixo.
Leão é o 5º signo do Zodíaco (22-23-24/jul. a 22-23-24/ago. dependendo da latitude e longitude horária)

                                                   Catedral de Chartre 
Características agradáveis e desagradáveis deste signo - síntese:
Consciência. Criatividade. Entusiasmo. Dominação. Alegria. Generosidade. Prazer. Diversão. Artes. Jogos. Esportes. Criança. Filhos. Poder. Vontade. Egocentrismo. Destaque. Exibicionismo. Megalomania. Vaidade. Envolvimentos emocionais e afetivos. Aventuras. Explosões emocionais. Ciúmes. Atividade intensa. Explosões do corpo. Determinação. Vigor. Desejos. Energia irradiante. Auto referência. Intemperança. Exuberância. Decepção e/ou alegria do coração. Exibição. Arrogância. Sucesso. Honra e desonra. Liderança. Brilho. Altivez. Violência. Onipotência. Poder. Orgulho. Invasão. Teatralização. Dramaticidade. Sensação. Vitalidade. Impressão. Comando. Domínio de si. Individualidade. Afetividade. Amor. 

                                Planisfério Ptolomeu
Tudo escrito nas Estrelas para boa orientação na Terra - quem tem olhos para ver que apreenda. 

                                   Planisfério Copérnico
Os sinais dos Céus nos ajudam, simbolicamente,
em tempos de travessias.
postagem martha pires ferreira
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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Liberdade de escrever – Alegria


       Lembrei-me da sábia Nise da Silveira ao escrever em Cartas a Spinoza, com pontual precisão, sobre a Alegria e a Tristeza - IV, pg. 68/69 [as palavras, as possuo como sendo minhas, pela identificação].
   
    “Quem estudar a Ética, com um mínimo de atenção, verá logo o quanto você valoriza a alegria e desdenha os sentimentos de tristeza.
    A alegria, você afirma, é passagem do homem de uma perfeição menor a uma perfeição maior e, inversamente, a tristeza é a passagem de uma maior a uma menor perfeição. A alegria aumenta o poder de agir, enquanto a tristeza o diminui.
    Quanto ao amor, você o define como a alegria acompanhada da ideia de uma causa exterior e o ódio, a tristeza acompanhada da ideia de uma causa exterior (E.III, VI).
   (...) Esses objetos, que antes haviam sido amados ou odiados, perdem, por assim dizer, a consistência. Esvanecem-se. Este breve método, às vezes muito sofrido, traz, dentro de tempo curto, uma serena alegria. Obrigada por me haver conduzido a aprendê-lo”.
 E, seguindo, ao terminar na carta -
     “Sua devota discípula, Nise”.


Nise da Silveira, em sua biblioteca, com o doce e inseparável Carlinhos.

--postagem Martha Pires Ferreira

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Caminho do Autoconhecimento


Ser cósmico - iluminura -Hildegard von Bingen - séc. XII
Caminho ou Via do Autoconhecimento 
    A Natura tem suas trajetórias, seu caminho a percorrer; vida mineral, vida vegetal, vida animal. A nossa vida, natureza humana, é mais complexa; instintiva, sensorial, emocional, intelectual.
    Somos pensamento, sentimento, intuição e sensação na pontual classificação do sábio C. G. Jung. Somos mais introspectivos ou mais extrospectivos. Somos mais conscientes, mais lúcidos ou mais inconscientes, mais alienados ou cientes de nossa natureza humana.
    Ao nascer somos chamados a viver a vida. Não fomos criados para sermos mais inteligentes ou estúpidos, ricos ou pobres, famosos ou desconhecidos, poderosos reconhecidos ou ignorados esquecidos, opressores ou oprimidos, incluídos ou excluídos da sociedade. Fomos chamados, criados, a sermos, acima de tudo, seres Humanos, gente, cidadãos e cidadãs em plenitude. Para sermos plenos temos que ser essencialmente humanos, e como seres humanos atravessar etapas pessoais no processo de vida, em consciência de si mesmo. Caminhos escolhidos no desenvolvimento de nossa personalidade devem ter sua meta de completude.  Em essência somos chamados a crescer, a completarmos nossa natureza como pessoas.  Podemos chamar de Via este processo de autoconhecimento. Isto independe do fator social, cultural; são vias naturais da existência.
   Para que sejamos em essência nós mesmos, autênticos, precisamos atravessar etapas nesta via, neste caminhar de autoconhecimento.
    A primeira etapa a percorrer é olharmos de frente para nossa imagem; a aparência que projetamos, a que passamos para os outros, e que nem sempre corresponde à verdade. Muitas vezes usamos máscaras, aparentando o que não somos. Mostramos natureza até melhor do que somos; mais bem resolvida. Representamos para o mundo uma persona, uma imagem. O mundo não nos vê como realmente somos. Não somos o que as pessoas pensam que somos. É preciso termos consciência disto. Procurarmos ser mais verdadeiros/as, autênticos/as é essencial. Nem sempre isto é possível nos meios profissionais, na sociedade, em razão de não nos expormos, o que no caso é compreensível certa distância. Usamos máscaras, uma persona, por defesa. O fundamental é a tomada de consciência de como usamos a aparência, uma imagem agradável, educada, como artifício para nos proteger. A persona é apenas artifício social, nós sabemos quem somos.
    Diante do fato de olharmos para nós mesmos, quando encaramos quem somos de fatos, nos assustamos porque vemos nossa sombra, nosso lado desagradável, escuro, secreto, que geralmente não gostamos de ver, menos ainda mostrar. É a segunda etapa de nosso processo de autoconhecimento; encarar nosso lado sombrio; orgulho, inveja, carências emocionais, preguiça, luxuria, raiva, ódio, ganância ou soberba, e tantas outras coisas desabonadoras que nos tomam com intensidade, que nos desagradam no afetivo e mesmo no intelectual, pensamento.
    Observamos a sombra. Lado obscuro da vida que tantas vezes nós projetamos em pessoas do nosso entorno. Apontamos nos outros o que na verdade é dificuldade ou defeito nosso, fantasias nossas, anseios e problemas nossos. Fundamental é encarar a sombra, enfrentar nosso lado escuro e sombrio procurando polir nossa natureza, nossa vida cotidiana. Corrigir nossos defeitos. Quanto mais reprimida a sombra, mais espeça, sem luz e negra ela se apresentará. Não esmagar nossas limitações, e sim aceita-las ao polir nossa natureza.
    É preciso não ter medo de olharmos de frente nosso lado obscuro, sombrio. Aceitar nossos defeitos e limitações é básico para que novas frentes surjam em níveis de consciência mais elevados.
    A sombra poderá ser positiva; deve ser encarada por todos/as que se detém em baixa estima, pessoas que não olham seus valores elevados, seus talentos ou dons. Por tanto a sombra poderá mostrar-se luminosa, revelar-se positiva, criativa.
    Quanto mais conscientes somos de nós mesmos, mais e melhor poderemos confrontar nossa terceira etapa; a natureza complexa em forças opostas, complementares; o feminino e o masculino que não se detém em fatores corpóreos pertencentes ao mundo da mulher ou do homem; são potencialidades ing e yang como expressa a cultura chinesa – sombra e luz, receptivas e ativas. Potencialidade feminina e masculina, existente em cada um de nós.
    Ao encararmos o Animus, o quantum do lado masculino, guerreiro e ativo que existe na mulher e a Anima, o lado feminino, frágil e sensível que existe no homem, passamos a ter um conhecimento mais apurado e profundo de nós mesmos, e, da riqueza da natureza humana em sua totalidade; mais integração entre as pessoas na sociedade em sua complexidade. Não se pretende perfeição humana, mas sermos mais completos, harmoniosos.
    Ao integrarmos nossos opostos, consciente e inconsciente somos mais felizes. Quando aceitamos e compreendemos o que são estas energias que emergem do inconsciente e as harmonizamos com nosso consciente, somos mais completos e plenos. Compreender as forças que emergem do inconsciente é enriquecer o consciente.
    Na integração de forças complementares de energias opostas, sombrias e luminosas, escuras e claras, desagradáveis e agradáveis, passamos a sermos mais firmes, corajosos /as, diante da fonte essencial da vida; chegamos ao Centro criador, o Self, usando conceito de C. G. Jung, a última etapa percorrida no processo de individuação. O Quaternio, a harmonia existencial.
    O Caminho ou Via do Autoconhecimento não para nunca, percebemos simplesmente que somos únicos, e pertencentes ao imenso universo coletivo, ao todo indivisível que nos cerca numa inter-relação, interdependência e comunhão com toda a espécie humana, sem exclusões, no campo relativo e integrado no Absoluto, no Cosmo. Quando percorremos a Via do Autoconhecimento adquirimos Visão de Totalidade; visão maior que nos transcende, algo de divino que se expressa na matéria. Sentimos pertencimento de novo ser “liberado”, “realizado”, diante da vida. 
Martha Pires Ferreira - palestra-aula - 2006.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

SENDO

      Não me alieno frente ao mundo, suas contradições e barbáries - acompanho e me rebelo indignada, e me expresso sim, veemente e firme às injustiças e descasos sociais. Sonho por uma sociedade Amorizante e Fraterna, o que não me impede de estar desenhando, saboreando as artes visuais, ouvindo música, dar minhas caminhadas ao Sol, conversar com amigos/as e filho, ler e mergulhar nos universos múltiplos da Astrologia/cosmologia/mitologia simbólica - felicidade em ser eremita urbana, amor à liberdade da solidão espiritual, plena - ser cristã-existencialista-zen.

Minha Via - João da Cruz: “para vires a ser tudo, não queiras ser coisa alguma” (A subida do Monte Carmelo, livro I, cap. XIII, 11). João Evangelista: “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo. I, 14).
postagem martha pires ferreira
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quinta-feira, 12 de julho de 2018

A subida do monte castelo - João da Cruz


   Minhas complexidades, caminhos afetivos em anseios físicos e espirituais me impulsionam a plurais vertentes; ora estou no chão da matéria corpórea, ora no resplendor das percepções sutis que a tudo apreende na passividade da alma. Eterna luta dos opostos no coração da vida.
   Retorno a João da Cruz, o místico espanhol que sempre me serviu de mestre nos assuntos da transcendência; “se queres ser tudo, não queiras ser coisa alguma”, assim ficou gravada, em mim, a primeira leitura que fiz de sua poesia.
    Texto:   “(...) porque quem quiser achar uma coisa escondida, há de entrar muito escondidamente e até ao esconderijo onde ela está; e quando a acha fica, também, escondida com ela”. (Ele se referia a S. Mateus 13; 44).
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São João da Cruz – carmelita e poeta espanhol (1542 -1591)
Obras completas - Carmelo de São José – 1946/47, Portugal.
A subida do monte castelo
                    São João da Cruz
Para vir a gostar de tudo,
Não queiras ter gosto de nada.
Para vir a saber tudo,
Não queiras saber algo em nada.
Para vir a possuir tudo,
Não queiras possuir algo em nada.

Para vir ao que não gostas,
Hás de ir por onde não gostas.
Para vir ao que não sabes,
Hás de ir por onde não sabes.
Para possuir o que não possuis,
Hás de ir por onde não possuis.
Para vir ao que não és,
Hás de ir por onde não és.

Quando reparas em algo,
Deixas de arrojar-te ao todo.
Para vir de todo ao todo,
Hás de deixar-te de todo em tudo.
E quando o venhas de todo a ter,
Hás de te-lo sem nada querer.

Nesta desnudes acha o espírito o seu descanso
          porque não cobiçando nada,
Nada o afadiga para cima e nada oprime
         para baixo porque está no centro
                               da sua humildade.   
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           Retomei João da Cruz ao ganhar, há dias, este livro El Raja Yoga de San Juan De La Cruz – Swami Siddheswarananda (Ramakrishna) - que pertenceu a um primo tão querido, Helion Póvoa Filho. Pontos de convergência e afinidades do Vedanta com a Contemplação infusa deste místico espanhol.
             
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domingo, 8 de julho de 2018

Papa Francisco em BARI - encontro com patriarcas das igrejas orientais


"¡Basta de usar a Oriente Próximo para obtener beneficios ajenos!" – no encontro do Papa Francisco em Bari em companhia dos patriarcas das igrejas orientais. Esta cidade que fica no sul da Itália.
Francisco acolheu Patriarcas e líderes cristãos, entre os quais Bartolomeu, para rezar juntos e denunciar os interesses que impedem a paz no Oriente Médio.
Tenho dificuldade pontual diante da hierarquia medieval da Igreja Católica (obsoleta e alienada cúria romana, e, onde a mulher é mera coadjuvante), entretanto dou apoio incondicional e irrestrito ao Papa Francisco em suas conquistas amplamente humanas, solidárias, realmente na linha do mestre dos mestres - JESUS de Nazaré, o Galileu.
“¡Basta del beneficio de unos pocos a costa de la piel de muchos! ¡Basta de las ocupaciones de las tierras que desgarran a los pueblos! ¡Basta con el prevalecer de las verdades parciales a costa de las esperanzas de la gente!”.

---- Mais informações em --- http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580773-por-que-o-lider-ortodoxo-russo-deixou-sua-cadeira-vazia-no-encontro-com-o-papa
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terça-feira, 3 de julho de 2018

Carta aberta nesta terça-feira (3) - Luiz Inácio Lula da Silva




O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma carta aberta nesta terça-feira (3) expondo a sua indignação com o tratamento que recebe da Justiça brasileira. Brasil de Fato


Leia a íntegra da carta.
"Meus amigos e minhas amigas,
Chegou a hora de todos os democratas comprometidos com a defesa do Estado Democrático de Direito repudiarem as manobras de que estou sendo vítima, de modo que prevaleça a Constituição e não os artifícios daqueles que a desrespeitam por medo das notícias da Televisão.
A única coisa que quero é que a Força Tarefa da Lava Jato, integrada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Moro e pelo TRF-4, mostrem à sociedade uma única prova material de que cometi algum crime. Não basta palavra de delator nem convicção de power point. Se houvesse imparcialidade e seriedade no meu julgamento, o processo não precisaria ter milhares de páginas, pois era só mostrar um documento que provasse que sou o proprietário do tal imóvel no Guarujá.
Com base em uma mentira publicada pelo jornal O Globo, atribuindo-me a propriedade de um apartamento em Guarujá, a Polícia Federal, reproduzindo a mentira, deu início a um inquérito; o Ministério Público, acolhendo a mesma mentira, fez a acusação e, finalmente, sempre com fundamento na mentira nunca provada, o Juiz Moro me condenou. O TRF-4, seguindo o mesmo enredo iniciado com a mentira, confirmou a condenação.
Tudo isso me leva a crer que já não há razões para acreditar que terei Justiça, pois o que vejo agora, no comportamento público de alguns ministros da Suprema Corte, é a mera reprodução do que se passou na primeira e na segunda instâncias.
Primeiro, o Ministro Fachin retirou da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal o julgamento do habeas corpus que poderia impedir minha prisão e o remeteu para o Plenário. Tal manobra evitou que a Segunda Turma, cujo posicionamento majoritário contra a prisão antes do trânsito em julgado já era de todos conhecido, concedesse o habeas corpus. Isso ficou demonstrado no julgamento do Plenário, em que quatro do cinco ministros da Segunda Turma votaram pela concessão da ordem.
Em seguida, na medida cautelar em que minha defesa postulou o efeito suspensivo ao recurso extraordinário, para me colocar em liberdade, o mesmo Ministro resolveu levar o processo diretamente para a Segunda Turma, tendo o julgamento sido pautado para o dia 26 de junho. A questão posta nesta cautelar nunca foi apreciada pelo Plenário ou pela Turma, pois o que nela se discute é se as razões do meu recurso são capazes de justificar a suspensão dos efeitos do acordão do TRF-4, para que eu responda ao processo em liberdade.
No entanto, no apagar das luzes da sexta-feira, 22 de junho, poucos minutos depois de ter sido publicada a decisão do TRF-4 que negou seguimento ao meu recurso (o que ocorreu às 19h05m), como se estivesse armada uma tocaia, a medida cautelar foi dada por prejudicada e o processo extinto, artifício que, mais uma vez, evitou que o meu caso fosse julgado pelo órgão judicial competente (decisão divulgada às 19h40m).
Minha defesa recorreu da decisão do TRF-4 e também da decisão que extinguiu o processo da cautelar. Contudo, surpreendentemente, mais uma vez o relator remeteu o julgamento deste recurso diretamente ao Plenário. Com mais esta manobra, foi subtraída, outra vez, a competência natural do órgão a que cabia o julgamento do meu caso. Como ficou demonstrado na sessão do dia 26 de junho, em que minha cautelar seria julgada, a Segunda Turma tem o firme entendimento de que é possível a concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário interposto em situação semelhante à do meu [caso]. As manobras atingiram seu objetivo: meu pedido de liberdade não foi julgado.
Cabe perguntar: por que o relator, num primeiro momento, remeteu o julgamento da cautelar diretamente para a Segunda Turma e, logo a seguir, enviou para o Plenário o julgamento do agravo regimental, que pela lei deve ser apreciado pelo mesmo colegiado competente para julgar o recurso?
As decisões monocráticas têm sido usadas para a escolha do colegiado que momentaneamente parece ser mais conveniente, como se houvesse algum compromisso com o resultado do julgamento. São concebidas como estratégia processual e não como instrumento de Justiça. Tal comportamento, além de me privar da garantia do Juiz natural, é concebível somente para acusadores e defensores, mas totalmente inapropriado para um magistrado, cuja função exige imparcialidade e distanciamento da arena política.
Não estou pedindo favor; estou exigindo respeito.
Ao longo da minha vida, e já conto 72 anos, acreditei e preguei que mais cedo ou mais tarde sempre prevalece a Justiça para pessoas vítimas da irresponsabilidade de falsas acusações. Com maior razão no meu caso, em que as falsas acusações são corroboradas apenas por delatores que confessaram ter roubado, que estão condenados a dezenas de anos de prisão e em desesperada busca do beneplácito das delações, por meio das quais obtêm a liberdade, a posse e conservação de parte do dinheiro roubado. Pessoas que seriam capazes de acusar a própria mãe para obter benefícios.​
É dramática e cruel a dúvida entre continuar acreditando que possa haver Justiça e a recusa de participar de uma farsa.
Se não querem que eu seja Presidente, a forma mais simples de o conseguir é ter a coragem de praticar a democracia e me derrotar nas urnas.
Não cometi nenhum crime. Repito: não cometi nenhum crime. Por isso, até que apresentem pelo menos uma prova material que macule minha inocência, sou candidato a Presidente da República. Desafio meus acusadores a apresentar esta prova até o dia 15 de agosto deste ano, quando minha candidatura será registrada na Justiça Eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva​
Curitiba, 3 de julho de 2018"

Edição: Juca Guimarães
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-- postagem Martha Pires Ferreira