O Brasil não é um país descartável _ 1996

  

VIRTUALPOLITIK   --   Estados Alternados da Política
Palestra - Martha Pires Ferreira
Universidade Livre do Rio de Janeiro e Fundação Planetário - 12/11/1996

 O BRASIL, AGORA, É UM PAÍS DESCARTÁVEL?                             
          Não, o Brasil não é um país descartável.
       Os ciclos planetários sempre foram objeto de observação desde idades as mais remotas.  O que estava nos céus correspondia ao que se passava na Terra.  Macrocosmo e Microcosmo se interagiam.  Não havia separação entre o Céu e a Terra.  Fazíamos parte de uma só realidade - Unus Mundus.
            Os astros inclinam, não determinam /
            astra inclinant non determinant.
            Embora a Astrologia que conhecemos hoje tenha origem nos povos da Mesopotâmia e do Egito, é no mundo Greco helenístico que ela se estrutura.  Não mais o determinismo inexorável, mas sim a livre-determinação, a forte dedicação às causas da liberdade.  Esta época marca o avanço da história do pensamento, a intimidade com a razão e os símbolos do cosmos. Os astros ajudavam na compreensão e destinos das nações. Explicavam as paixões humanas, seus anseios e o domínio de seus impulsos.
          Não somos marionetes dos astros.  Os astros apenas sinalizam, em seus ciclos anuais, direções demarcadas pelo tempo.  Simbolicamente vistas como fases - as mais fáceis e harmoniosas ou as mais difíceis e dolorosas.  A Astrologia diagnostica no espaço/tempo acontecimentos possíveis, prováveis, em acordo com a livre determinação de cada um de nós, seres humanos.
            O que vivemos hoje no Brasil?  O determinismo causal, a fatalidade engendrada por uma trama do Universo ou estamos, perplexos, presenciando a livre-determinação da perversidade reinante onde não há mais lugar para a pessoa humana com seus sonhos naturais, suas utopias de viver em paz e alegria?                                                                     
           Vivemos a nova ordem do capitalismo selvagem e amoral. Isto não está escrito nas estrelas. O ser humano é senhor/a da sua história.
           Não estou dizendo nada de novo. Todos conhecem a face desta civilização de hienas que domina o mundo da atualidade; o império do mercado econômico, e que vive seu próprio abismo na ordem social.
         Plutão, Senhor dos Hades, dos Infernos, percorre no céu o signo de Sagitário, reino de Zeus. Signo das leis, princípios, diplomacia, viagens, expansão intelectual, justiça, dignidade. O ciclo de Plutão é de 248 anos, aproximadamente. Ele se expressa fisicamente na repetição de seu ciclo acompanhando os movimentos aparentes do Sol, da Lua e dos outros planetas. Nada se repete no firmamento. É um pulsar cósmico admirável. Um aviso.
          A Astrologia procura compreender a dinâmica do universo e sua conexão com a vida na Terra. Sua linguagem é simbólica, segue as leis das correspondências, se revela através dos ritmos da natureza.
            Para a Astrologia profunda, o importante é a leitura simbólica de cada ciclo planetário com suas sinalizações, é outro olhar que não é o da física, da cosmologia. Vivemos hoje, no Brasil e no Mundo, aspectos astrológicos semelhantes e mais complexos do que aqueles que se desenhavam nos céus trinta a quarenta anos antes da Revolução Francesa, quando o Ocidente gemia em crises desumanas. Eram gritos de desespero e de liberdade diante da perversidade da Sociedade feudal reinante. A elite, como nos dias de hoje, só se comprometia com as glórias do poder e do dinheiro.
        Os anos que antecederam a Revolução Francesa foram de crueldade e barbárie. Lutas desesperadas. Com outras categorias, a história se repete.
            Não é mais a casta da realeza feudal que reina e, no entanto, muito pouco se avançou além da produção industrial-científico-tecnológica. Onde os ideais de igualdade, de direitos humanos, onde as conquistas de cidadania e liberdade de opinião? 1/5 da humanidade é miserável; passa fome, frio, não tem teto, não se alfabetiza. É doente, excluído e morre sem compreender porque vive; o que é viver.
            Plutão, aquele que possui o poder da invisibilidade, da escuridão subterrânea, percorrerá o signo de Sagitário até o ano de 2008, quando transitará pelo signo de Capricórnio. Com sua potência simbólica transformará tudo o que nem podemos imaginar. Plutão é a morte/ressurreição, a mais radical transformação de conceitos em todos os níveis do saber. As perdas e as metamorfoses de Plutão são irreversíveis. Plutão em Sagitário sinaliza a desestabilização de tudo o que represente estagnação e estratificação do Estado dominante. As árvores velhas não dão mais frutos. De raízes velhas nada se pode esperar. A primavera renovada só florescerá em explosão de beleza depois da frieza do inverno. O sol só renasce depois de percorrer a noite escura. A noite da inteligência antecederá a luminosidade das idéias.
            A violência urbana - verdadeiras guerras civis espalhadas pelo planeta - não é força apenas de Plutão, mas força marciana e uraniana em plena compulsão, sede de justiça e de democracia que se chocam diante de obstáculos enrijecidos. A arrogância a que chegamos como seres humanos não têm medida. Devastamos a Amazônia, promovemos envenenamentos e desastres ecológicos, criamos produtos químicos tóxicos, descuidamos dos recursos energéticos, excluímos os mais deserdados de conhecimentos e bens materiais, multiplicamos com perícia incomum o buraco na camada de ozônio, chuvas ácidas e fabricamos violência para todos os tipos. Destruímos solos, idéias, artes, imaginação poética, sonhos, inocências, geleiras, climas.
            Para onde estamos indo? O que nós desejamos? A engenharia genética ao construir réplicas constituirá sabedoria? Generosidade em clones? Solidariedade e justiça social virão de qual engenharia? De qual gênio-criador?
          Estamos cansados. Miséria, fome, doenças, atraso social, vazamento de reatores etc, nos perseguem como fantasmas. A questão armamentista nos aterroriza. Armas poderosas de pequeno porte se proliferam numa velocidade alarmante. Como nos livrar disso? Deve haver uma saída.
            A nossa civilização chegou ao ápice de sua ascensão, sua sofisticada militarização e tecnologia, e, no entanto, vivemos o máximo de tensões na mais cruel e inadmissível qualidade de vida.
            Constatamos a curva para o declínio, percebemos que não temos mais a quem dirigir nossos apelos. Nossos ideais agonizam. Os deuses gregos estão mortos, o Deus único está morto, a ideologia político-materialista está morta. O que nos resta?
            Precisamos aceitar com dignidade a agonia da civilização atual, ou ela nos destruirá. Precisamos questionar a nossa qualidade de vida. Precisamos conviver com as perdas que nos cercam e nos prepararmos para  outra chama viva do amanhecer do terceiro milênio.
            Somos uma civilização antimetafísica, anticontemplativa, antitradicional, antifilosófica, antissimbólica. Dessacralizada. Em que nos apoiaremos, se a ruptura que presenciamos é cada dia mais radical? Pensem no que quiserem. Por insensibilidade intelectual e egoísmo, nada ficará como está. Plutão significa morte e transformação. Urano simboliza imprevisibilidade e socialização. Netuno deterioração, assim como purificação, de velhos valores, obsoleto.
            A idolatria ao poder, à vaidade e ao dinheiro distancia a humanidade de sua natureza intrínseca.
            A Astrologia profunda é muito subversiva e sutil, não aborda perfumarias nem oferece receitas paradisíacas. É um exercício profundo dos sinais e códigos celestes. Tenta decifrar enigmas para a melhor orientação em tempos de primavera ou verão, outono ou inverno, na história da nossa vida terrestre.
            Os antigos sabiam das coisas, por isso eram sábios. E eram simples. Viviam com naturalidade.
            Onde nos situarmos nesta dança meio à escuridão no tempo/espaço Brasil?
           Onde o Brasil que contemplamos crianças, os sonhos luminosos dos anos 50, cheios de ideais libertários / anárquicos / irreverentes / criativos, e que foram crucificados nos finais dos anos 60, mortos nos 70 e 80, e que não ressuscitaram nestes anos 90? Onde a Ave Fênix? Esperança para o novo milênio.
            Somos uma sociedade mundial mentirosa / cínica. Os meios de comunicação tudo estilhaçam, tudo nivelam e globalizam, não oferecem saídas para o atual impasse. Uma sociedade decadente com raízes apodrecidas nada pode oferecer. Os cavaleiros do apocalipse estão aí com a nova roupagem da atualidade, com seus cruéis poderes manipulam ou negam a liberdade das massas. Aprisionam a opinião pública. Os novos cavaleiros do apocalipse, os que administram a máquina do Estado Mundial e os gananciosos que se aproveitam das vantagens da opressão, não constituem a fina flor da sociedade e nem conseguem fazer a felicidade de seus povos: medos imaginários os devoram.
            Para a civilização materializada, vaidosa de títulos de nada, hierarquia de nada, o que pesa são as exterioridades, o consumo desenfreado de bens palpáveis ou o acúmulo de saberes que não promovem o bem estar social, a alegria, a afetuosidade ou a concórdia.
            Neste final de milênio o que se é interiormente, potencialmente, como ser humano, não representa coisa alguma. Parece que vivemos à beira do abismo, ostentamos um luxo demente ao lado da mais insuportável miséria.
            Há os sonhos da Internet, como um messias salvando a humanidade. Isto se não cair nas armadilhas do Poder maledicente e cruel que tudo absorve para si, como no mito de Saturno. O poder que devora absolutamente tudo aquilo que possa expressar liberdade, independência, solidariedade e direitos pessoais adquiridos.
            Um estudo profundo e atento da cosmogonia clássica greco-romana poderá nos oferecer algumas luzes diante dos enigmas do tempo presente que estamos vivendo e que ainda vamos viver.
            Simbolicamente podemos dizer que Zeus (Júpiter) e Cronos (Saturno) se confrontarão, não há outra saída - uma guerra de Titãs. Teremos que enfrentar Gigantes ou seremos estrangulados. Somente Zeus, a dignidade, a justiça enfrenta Cronos, o estratificado, o tempo inexorável, que tudo devora. E para tanto precisa dos recursos e das conquistas de Urano para a evolução, o humanitarismo, de Netuno para a purificação espiritual e de Plutão para a ressurreição depois da morte, do holocausto.
            O Brasil, independente das formações regionais, não sabe o que fazer diante do esvaziamento de nossos valores culturais, nossas tradições, nossa história. Tudo é cruelmente nivelado em nome da globalização. É a nova ordem do Estado mundializado, em nome do neotudo, menos da liberdade pessoal e da dignidade humana.
            Tudo parece se inverter na face da terra, nessa imensa Terra-de-Santa-Cruz-Brasil. Nada para o que diz respeito à saúde, educação, seguridade social, direito de cidadania, cultura, chão a quem não possui.
            Tudo isto é descartável, não serve para nada. Consagra-se a globalização do egoísmo, do oportunismo, da estupidez oficializada e garantida pela máquina do Estado. Somos cada dia mais o quintal do paraíso econômico internacional. Nossos valores tradicionais são descartáveis, nossa cultura popular é descartável. Nossas conquistas no campo industrial e científico são descartáveis. Nossos sonhos e pensamentos são descartáveis. Percebemos que nossa soberania está ameaçada enquanto identidade pessoal e nacional.
            Só nos é dada atenções enquanto “proprietários” do solo e seus minérios, sua flora, petróleo, espaço aéreo, fluvial e marítimo. Como criaturas humanas nada valemos para esta sociedade de hienas do mundo capitalizado que só visa a exacerbação dos lucros fáceis. Na ilusão de que poder e dinheiro compram tudo, a escória brasileira se compromete com a economia internacional perversa, mais cruel que as feras na selva. Há dignidade entre os animais selvagens; entre eles há respeito e grandeza mútua.
            Não se trata de xenofobia, nem nacionalismo sentimental, e sim consciência de se pertencer a uma nação, a um povo com seus valores, sua expressão, seu temperamento, sua mesclagem, sua etnia. Nossa cultura política, não pode verter a interesses importados. Devemos cultivar cada dia mais, corajosamente, profundamente, nossa cultura. As trocas de valores enriquecem a inteligência, as imposições importadas ou não, estrangulam.
            Parece que o momento histórico nos convida à desumanidade. O homem-hiena, ave de rapina, nos escritórios bem montados, mata sentado comodamente frente às mais modernas tecnologias - o “deus” dos materialistas. O homem-hiena, individualista, decreta falências bancárias passeando pelo Jardim Botânico em celular importado. Exporta e importa o que a sua categoria mafiosa determina: objetividades e subjetividades. Não são determinações dos astros, são determinações de seus planos pessoais, determinações de uma classe econômica, social, política e, por vezes, cultural, submissa às estratégias do poder internacional.
            O homem-filho-escravo da pura racionalidade científico-tecnológica se detesta e se odeia, e não desiste em seus percursos diabólicos. Professa a idolatria do mercado. Ele não busca ser o melhor como individuo, e sim apenas ser rico, ter créditos econômicos e financeiros, e se divertir. Mais nada.
            Vivemos o conflito do homem real, autêntico, puro, genuíno, com as piratarias do homem-papel (usando palavras de Gabriel Marcel). O homem-papel, ávido de alcançar a máxima altura do pensamento, tudo perverte, tudo assina, tudo trama para satisfazer seus desejos de penetrar em cada labirinto das armações modernas, beneficiando-se dos jogos inescrupulosos do poder. Desconhece o que seja afetuosidade, generosidade ou leveza. Vive para o verbo Ter, desconhece o Ser. Inconsciente de si, nem sabe para que vive, tão indigente que é.
            As aves de rapina, raposas de galinheiro, sonham sentar-se refesteladas no establishment: o aposento confortável da burocracia reinante.
            O caldeirão ferve, e os ciclos da vida se fazem. Os planetas, nos céus, sinalizam como sinais de trânsito. Deveríamos estar mais atentos, e seguirmos o fio do que há de melhor.    
            Aqueles que detêm o poder e a ambição não se harmonizam com a bondade, a fraternidade e o amor, mas ao oposto, com as tramas da astúcia, do orgulho e da desonestidade.
           A sociedade sofisticada, ladina, covarde, decadente e fragmentada vive como a realeza feudal do séc. XVIII se aliena do sofrimento da humanidade, e, de suas causas. Em razão de ser elite reinante é mais alienada que a pequena burguesia que sonha apenas com um bom vinho, um celular, um carro novo, a aposentadoria, a universidade para o filho ou passear em Miami.

            O Brasil está dividido em “guetos”:
 I - Os piratas, coniventes com os jogos e as tramas da burguesia reinante do poder internacional.
II - A elite econômica, e mesmo a intelectual, que não mais consegue adormecer em berço esplêndido.
III - A pequena burguesia, oprimida com seus sonhos, sem horizontes largos. Sem futuro para seus filhos.
IV - Os revolucionários de todas as classes sociais e culturais, indignados e inconformados, que se organizam ou não, e se rebelam como heróis no dia a dia.
V - E os excluídos, pobres, miseráveis, velhos esquecidos, doentes, deficientes e enlouquecidos que vivem à margem, perplexos ou não. Sem terra, sem trabalho ou não.

            É preciso, em sã consciência, saber com clareza a que prateleira ou prateleiras cada um de nós pertence. O que é o joio e o que é o trigo. Como se dá o terrível confronto entre as forças do bem e do mal. A espiral que nos eleva não é a mesma que nos degrada.
            Tudo o que nos toca como valores conquistados é a cada segundo desvalorizado em nome da modernidade e de novos paradigmas. Devemos ter orgulho de nossas coisas, nossos gostos, nossa maneira própria de sermos brasileiros. Podemos ter largueza de espírito internacional e cósmico, isso em nada impede de preservarmos e cultivarmos nossas características miscigenadas, tecidas da mesclagem de tantas raças. Somos um povo singular que olha para um amanhecer, um vir a ser.
            Dentro dessas incertezas sem horizontes vemos corajosos e lúcidos homens e mulheres, que abandonam, por livre escolha, posições de vantagens para viverem com mais simplicidade, se identificando com os excluídos e com os mais conscientes de melhores níveis de vida humana. Não se ajustam com a lógica do mercado.
            Resolveram que todos nós não somos capazes de administrar nosso próprio país, fazer nossa história, criar riquezas, ampliar nosso campo técnico-industrial, produzir artes, plantar e colher, construir e sermos felizes para sempre. Como nos contos de fada é preciso enfrentar a bruxa perversa e o dragão-de-setecabeças. Não podemos esquecer que se indignar e lutar são virtudes de poucos, exige gestos heróicos.
            Não podemos permitir que tornem descartáveis nossos valores tradicionais. Mal começamos nossa História, vem o rolo compressor e tudo quer destruir em nome do materialismo consumista, e desenfreado. Em nome da “modernidade”.
            Nossa cultura não é matéria descartável. Precisamos preservar nossa arte, samba, chorinho, futebol, capoeira, cantigas de roda, artesanato, flora, fauna, culinária, literatura, arquitetura etc. Nossas festas tradicionais: Folia de Reis, Festa do Divino, Cavalhadas, Maracatu, Curum Siriri, Dança dos Mascarados, Festas Afros etc., toda nossa maneira de ser.
            Não podemos permitir que, em nome do progresso e de novos modelos, o que somos de autêntico e de genuíno se torne caricatura comercial enlatada.
            Somos um povo essencialmente criativo, jovem, e ávido de florescer. Somos feitos de uma argila que não é a mesma dos detentores do poder internacional.
            “Não resistir com o mal ao que classificamos como sendo mal, até que tenhamos encontrado um critério certo: e isto foi o que nos ensinou o Cristo” palavras de Leon Tolstoi. (O Reino de Deus está em vós. Ed. Rosa dos Ventos, 1994).
            Sejamos um coração aberto para novos acontecimentos. Os muçulmanos e os asiáticos estão chegando cada vez mais, não para colonizar, mas para conhecer e, também, viver aqui no Ocidente.         
             Plutão em Sagitário sinaliza êxodos, e que êxodos serão estes, senão o dos emigrantes se locomovendo em busca de chão, alimento, proteção, trabalho e lazer? Êxodos para sobreviverem.
            Os novos cavaleiros do Apocalipse estão aí. Tudo será muito rápido. Tão veloz como as tecnologias, as mais avançadas. A Vida é um profundo mistério que a Internet não alcança e não alcançará nunca. Que homens e mulheres adquirindo novos níveis de consciência, tenham mais abertura para um mundo cheio de esperança e generosidade. O processo de unificação mundial, de universalidade, é hoje incontestável, mas isso não significa uniformizar o mundo numa ordem centralizadora, como “a praxis do Império Romano”. Todas as nações e culturas em suas diferenças precisam se intercambiar na busca de novos horizontes. Isso é troca. É transição para a Era da Solidariedade, da Liberdade.   
            O Brasil deve continuar um espaço de amorosidade e fraternidade. Um país de braços abertos para acolher, compartilhar, trocar e amar seja lá quem for, seja lá de que canto da terra. Não um país para ser explorado e excluído. É preciso ser herói. Os heróis não caem em armadilhas.
            O Brasil não é um país descartável, é um país luminoso para o 3o milênio. Somos um povo repleto de potencialidade. Os nossos valores precisam emergir das nossas profundezas. Precisamos pertencer a um universo mais flexível, cheio de poesia e arte. Um aumento de conhecimento da natureza humana, de criatividade e de sabedoria.            

HISTORINHA ZEN
O POETA HAKURAKUTEN E O MESTRE DORIN

            O mestre Dorin costumava meditar no alto de uma árvore. Certo dia, o poeta Hakurakuten veio visitá-lo e, vendo-o encarapitado num galho alto, assustou-se e exclamou:
            - Cuidado, mestre!
            O mestre gritou lá de cima:
            - Quem está em perigo és tu!
Que perigo ameaçava o poeta, que estava tranqüilo, com os pés firmemente apoiados no chão? Hakurakuten perguntou, então, ao mestre:
            - Qual é a essência do Budismo?
            - Não fazer o mal e praticar o bem.
            - Mas até uma criança de três anos sabe isso!
            - Sim, mas é uma coisa difícil de ser praticado mesmo por um velho de oitenta anos.
-------------------

3 comentários:

elisa disse...

LENDO atenta e mais uma vez agradecida por quem me repassou os caminhos que a ti levaram...

Flekz disse...

E pensar que esse texto é de 1996. Nada mais atual e verdadeiro: Um duríssimo e necessário presságio.

Martha Pires Ferreira disse...

Sim, Flekz, foi uma palestra no Planetário 1996 > Sempre preocupada com o Brasil e o Mundo, em geral. Gracias, sua atenção,