Canto a Luz do Sol,
algo além do Sol
_tarde de
quarentena, abril, 2020.
Sol meu Rei.
Luz, minha Rainha majestosa
das manhãs nas
trevas destes dias
sombrios, temerosos,
incompreendidos
de quarentena!
Abrace a humanidade
indefesa,
desprotegida,
insegura.
Oh, luz que se estende
no Firmamento
infinito,
cuide dos corações
sensíveis
aprisionados em
nossas habitações,
sem tréguas, sem
respostas.
Resguardados estamos
frente microscópico
desconhecido
Coronavírus-19,
invisível inimigo,
enigmático ser que
se faz possuidor
de nossas frágeis
moléculas,
que venenoso invade o
ar que respiramos
que retém seu poder malévolo
atado à matéria sem
pedir licença,
ocupando espaços
inconcebíveis,
invadindo
territórios, nações,
de leste a oeste,
que se alastra
inconsequente possuindo
nossos poros,
nossos pulmões,
nosso chão. E mata.
Como surgiu não
sabemos.
Arranca nosso
fôlego, nosso bem estar,
nos privando o
caminhar livres sem direção,
em dias ensolarados ou
não, pelas
Ruas e Avenidas,
Praças e Jardins.
Restringe nossos
trabalhos, nosso ir e vir.
Aprisiona multidões
em hospitais
e jaz corpos solitários
no Campo Santo.
Oh, Luz fonte de Vida,
nossa Rainha resplandecente
do ponto mais alto
do meio-dia
ao mais suave fim de
tarde,
em horizontes vagos,
em saudades
eternas sem retorno,
diga-nos algo.
Oh, Luz que marca os
ciclos de cada dia,
que surge ao
amanhecer e nos deixa
a cada anoitecer,
repito, diga-nos algo.
Oh, Luz gloriosa do
alvorecer,
nos abrace como a
mãe amorosa
que sabe alimentar,
cuidar, proteger.
Diga que a Vida é um
sim, um acolhimento.
Que a Vida é Impermanência,
porém,
maior que o
entendimento,
que os tropeços financeiros,
o conforto, a segurança
emocional.
Que a Vida é
incomensurável,
e somos para o Absoluto,
que este transtorno
passará,
que tudo retomará em
seu curso habitual.
Diga que este
instante relativo
em noites escuras,
quase trevas,
há de passar e
retornaremos a respirar
inspirar e expirar libertos,
libertas
com a Natureza
renovada, verdejante,
com os familiares,
amigos, amigas.
Voltaremos a lutar, a
sorrir e cantar,
brigar, abraçar e
beijar.
Oh, Luz irradiante,
me vejo mergulhada no
vazio,
num silêncio abissal,
neste instante,
me vejo em dimensões
desconhecidas; toques
de eternidade.
Sinto o
incomensurável,
olho a matéria densa
em que habitamos,
dimensão plena da
existência!
Oh, Luminosidade do Desconhecimento,
Mistério Primordial
que liberta
o espírito do mundo
aprisionado
no coração da
matéria!
Oh, Amorosidade na
escuridão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário