Sophia _ A. Kircher, 1669.
Atravessamos uma Noite Escura dos Sentidos e do Espírito. Fomos
tomados por um silencioso inimigo, Coronavírus-19, secreto e enigmático, ainda.
Quantas pessoas temerosas, indignadas, perplexas e mesmo revoltadas,
sentindo-se indefesas, não conseguem apreender um pouco deste tempo sombrio que
nos tomou de forma imprevisível. É natural a perplexidade e certo temor; os
ciclos da Vida se fazem com sombra e luz.
Piedade e compaixão pelos que sofrem, que nada possuem, que não tem
onde se apoiar nesta travessia de horizontes incertos.
Os erros e desatinos dos que estão inconscientes da gravidade em que
o mundo atravessa, e que contrariam o melhor proceder para com os seus, e mesmo
para com o seu povo, não podemos perder o bom senso com a ira nem com o ódio. Nem
podemos julgar com arrogância, nem nos deixarmos abalados por contestações além
dos limites. Indignar-se, esbravejar-se, não soluciona. Não somos donos das
virtudes. Não nos deixemos ser tomados pela irritação com a ignorância, vícios
e mesmo a crueldade alheia, sendo que esta última, certamente, nos deixa tomados
de indignação.
Pergunta-se, o que fazer? Irritar-se contra os outros? Contra nós
mesmos frágeis e impotentes? Difícil ter conceitos de valores pontuais, mas
sim, necessário um quantum de serenidade interior e confiar que a Vida
provê. Ela, a Sabedoria, indicará para onde sopra o vento criador. Por enquanto
temos que nos preservarmos fisicamente, manter-nos distantes do mal que, astucioso,
se espalha pelo Planeta Terra. É preciso manter simplicidade nos afazeres e
paciência na espera, deixando a Vida se revelar em sua grandeza natural. Ela
mesma, a Vida, há de nos conduzir, e nos levará à níveis mais depurados, assim
que nos livrarmos deste exílio que a Mãe Natureza nos impõe, neste tempo
presente. Todos nós sairemos deste silêncio planetário, mais fortalecidos como pessoas
que somos, mais humanos, mais unidos na construção de uma sociedade renovada em
sua postura civilizatória – de norte a sul, de leste a oeste.
Assim como o Sol que renasce, a cada manhã, é a nossa Vida em seus valores
essenciais, em seus ciclos, por impulsos em evolução constante.
Estamos imersos no Vaso Alquímico - no Nigredo. Em elaboração,
trabalho, com cuidados criativos, pessoais, que são os nossos esforços neste
exílio, recolhimento, surgirão sinais de luzes na escuridão; o Albedo. Por fim
veremos a obra realizada; o Rubedo, a conjunção dos opostos, a Vida Renovada.
Um mundo novo necessita de novas raízes
- Ave Fenix que renasce das
cinzas!
Precisamos retomar caminhos de Sophia, a Sabedoria.
Martha Pires Ferreira _ RJ, tarde de 13 abril de 2020
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