Reflexões minhas
- arquivo – 1998.
Sinais do Firmamento – observações
- martha pires ferreira.
A Astrologia é linguagem simbólica.
Um processo de autoconhecimento e de transformação. Sua epistemologia se
estabelece através dos conhecimentos da mecânica celeste - a correlação entre o
planeta Terra, onde nascemos e vivemos, com todo o sistema solar, somado ao
saber, simbólico, expresso na faixa do Zodíaco com seus Doze Signos, a partir
do signo de Áries, 21 de março, quando se inicia o equinócio da primavera para
o hemisfério norte e do outono para o hemisfério sul. A teoria astrológica se
fundamenta, basicamente, numa linguagem expressa no mundo mítico, onde o Sol, a
Lua e os Planetas representam nossas próprias potencialidades, caracterizadas
pelos elementos da natureza Fogo, Terra, Ar e Água.
As conexões existentes entre os
ângulos e a natureza dos planetas com suas projeções na vida terrestre definem
a íntima interação entre o macro e o microcosmo. O que nos remete a uma
intimidade corpórea, intelectual, emocional e espiritual com o universo em seu
todo absoluto. Pulsamos racional e emocionalmente com o Cosmo. Somos Unos com o Universo.
A Astrologia é processo de depuração
profunda, alquímica, em que polaridades ativas e luminosas se complementam às
receptivas e sombrias; exercício de elaboração dos “metais interiores”.
Elaboração pessoal que se estende ao mundo coletivo na obra da criação -
tentativa de liberar o ser humano das tramas da fatalidade e do determinismo
conduzindo-o a estados de consciência cada vez mais elevados.
A Carta Natal pode nos dar uma visão
geral, jamais precisões exatas. A Astrologia com sua metodologia, sistemas os
mais complexos, não é suficiente para oferecer resultados de precisão. Há limites
próprios por ser acausal. Seus cânones não são os da razão pura, nem infalíveis
para o conhecimento e domínio da natureza. Não é governada por leis cartesianas
inflexíveis, imutáveis, uniformes. Acausal, ela depende da livre expressão de
cada indivíduo: “os astros inclinam, não determinam.” As escolhas estão sempre
movidas por possibilidades inatas, tendências, predisposições. São fenômenos de
sincronicidade, no tempo e no espaço.
A Astrologia, enquanto objeto de
observação dos ciclos planetários se manifestando no coletivo, no contexto
mundial, sejam nações, instituições, ocorrências sísmicas, meteorológicas,
organizações empresariais, decisões políticas, acordos diplomáticos, etc., analisará a partir dos mesmos conceitos básicos do céu zodiacal. Eventos
culturais, acordos políticos, e assim por diante, são matérias de observação.
E Astrologia como recurso de
observação de questões mundiais é, talvez, o que há de mais complexo e mais
sofisticado na ciência e arte da analisar o céu. Exige-nos acompanhamento das
histórias civilizatórias, em épocas as mais remotas até a contemporânea.
Sinalização das grandes conjunções celestes, em especial, em momentos que
marcam profundas transformações políticas, econômicas e sociais – Estado e/ou Nações.
sinagoga/ mosaico s/f.
Não se pode falar da história do
pensamento sem incluir a contribuição que a Astrologia, de mãos dadas com a
Astronomia, exerceu na Antiguidade mais remota. No berço de todas as
civilizações, a Astrologia se voltava para a compreensão das necessidades de
seus povos - os fenômenos cíclicos da natureza se manifestando no mundo
agrícola e pastoril, os tipos de governo e as decisões de guerra e de paz.
Na Antiguidade, o saber astrológico
estava a serviço da compreensão do Universo e das realizações terrestres. Temos
sede da compreensão do Absoluto.
A história da civilização nos mostra
dicotomias entre os anseios do ser humano e sua relação com o Universo. Com a
não observação dos sinais “escritos nas estrelas”, a história do homem se
tornou a história das prepotências e das tiranias políticas, militares,
religiosas e econômicas. Reinos de genocídios internacionais. Armadilhas que
aprisionam os lobos da concorrência mundial.
A Astrologia só tem futuro: resgatar
a conexão humanista, masculino e feminino, Yang e Yng, com o Cosmo. Não haverá
harmonia enquanto não houver uma compreensão da sinalização da linguagem
celeste a serviço da Humanidade inteira. Céu e Terra numa só realidade.
Zigourat de Ur - 2.100 a. C.
A Astrologia precisa estar a serviço
dos valores humanos básicos que a atualidade, desorientada e caótica, deseja
ansiosamente recuperar: serenidade interior, confiança no presente e
perspectivas para futuro tranquilo. A integridade pessoal, liberdade, senso de
justiça, autenticidade, dignidade, profundidade, capacidade de amar, de se dar,
de ser feliz e de compartilhar com seus semelhantes com bondade e generosidade
emocional e intelectual. Viver a plenitude de pertencer e colaborar com a
criação, com o Inominável. Ter alegria por isso.
Astrologia não é um negócio rendoso,
é um dar-se em amorosa disponibilidade ao processo formador da criação. O
Astrólogo não é mais que um mero intérprete dos recados do Criador para a
criatura.
Zodíaco - Catedral de Chartre, séc XIII
Texto
publicado - Oficina de Astrologia / Revista
nº. 1 Ano I * Dezembro de 1998. Pequena revisão – fevereiro de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário