quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Liberdade de escrever – A Vida não tem idade

           















       A criação do mundo _ Robert Fludd - alquimista
  Surpresas pertencem à infância. Inocência e beleza florescem rápido. Tudo é movimento no ir e vir, no falar, expressar, calar, chorar e alegrar-se. As inquietações questionáveis ou não da juventude passam sem darmos conta. Na mocidade as paixões da carne em fortes emoções do coração nos devoram, sofremos e amamos na intensidade. Achados e perdidos, confrontos com o sombrio e o luminoso da interioridade. Desencontros e alegrias tecem a existência!
        Anseios da inteligência em buscas do impossível inatingível invadem a nossa maturidade. Vaidade, frustrações, belos encontros e desencontros nos impulsionam aos avanços na caminhada terrena. Concretizamos projetos. Perdas abissais e ganhos generosos pela altivez. A alma silenciosa é atenta. Não somos nada e somos tudo na imensidão do Cosmo. Perguntamos dentro de nós: ‘a sede de transcendência onde se aloja? Tem espaço a ocupar um tempo dado?’.
      Ah, repouso meu espírito sensível em intuições intransponíveis. Percepções insondáveis na alma. Silêncios libertários da solidão que é, apenas, um tanto de conhecimento em mim. Doce ternura!
        Não temo diante da morte. Tudo tão complexo, surpreendente, intenso. Desconheço mordomias continuadas; sei o que é o viver a vida. Nem me inquieta a idade, não é sofrimento perdas, e sim aceitação da realidade por extensão. Enfraquecimento físico é constatação – memória constante. A velhice um quantum de sabedoria, mais domínio de si e indiferença às banalidades. Sim, indignação frente ao mal dos brutos, desprezo diante da mesquinhes dos fracos. Tristeza perante a miséria dos esquecidos socialmente.
        A trajetória é sinuosa em mistério e crua em realidades. Surgimos no mundo pela energia sexual – a potência do estarmos vivendo. Os desejos nos movem por impulsos intensos no estarmos na vida, e, transcendemos a tudo pela energia espiritual _ valores interiores vão nos dominando se o coração é afetuoso, se a alma a nada se prende, apenas presencia a tudo com liberdade – apreendemos que somos o Todo. Não há morte, só eternidade.
       Reflexões _  Martha Pires Ferreira, janeiro, 2021.
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