Folhagens, duas linhas - bico de pena e aquarela, 2018
Processo criativo
Martha Pires Ferreira
Texto - 40 Anos de desenho/
2008.
Todo ser humano é potencialmente um
criador. A criatividade é essencial à natureza humana, à expansão da personalidade.
O processo criativo se dá por
conexões; impulsos internos e desejos de expressão interagem intuitivamente com
o mínimo da interferência lógica, racional. Assim, penso, deveria ser. Para
outros, ocorre o inverso, é o domínio da racionalidade com um quantum de impulso instintivo.
O anseio imagístico procura dar forma,
ao se deixar revelar, desvelar o que antes era invisível ao conhecimento. É o
novo que brota genuíno e real. Arte é descobrir, é tornar visível o que não
existia. Não se cogita beleza estética, e sim dar origem a. Os caminhos são
complexos e, por vezes, paradoxais. A apreensão sensível de conteúdos
expressivos nas artes plásticas, musical ou poética são experiências efetivas e
diretas da sensibilidade criadora de cada pessoa, individualmente. A obra de
arte não se limita ao objeto em si, é mais que representação pictórica.
Criatividade é processo inesgotável.
As mãos engendram quase por magia; nas atividades plásticas desde o artesão das
cavernas, passando por toda a história da arte antiga, clássica e moderna com Cézanne,
Matisse, Picasso, Paul Klee ou à sofisticada cognição intelectual interagindo simultânea,
sensitivo e emocional, nas obras de artistas contemporâneos, brasileiros, como Lygia
Clark, Tunga ou Cildo Meireles. Citando estes apenas.
Os olhos, um telescópio; constata e
contempla a obra realizada, indo além, num mergulho misterioso. A criatividade
é a mola impulsionadora da essência da vida. A obra pronta, é quem fala, se faz
real e presente. É mais que um objeto.
No meu caso pessoal, desenhar é um
ato de liberdade que se faz incontinenti. É deixar mostrar o latente, revelação,
espanto intelectual e emocional obedecendo ao que a intuição determina. Deixar
o imprevisível acontecer, descobrir, tocando o abissal. A sensibilidade é o tom
que contribui para a criação pictórica se tornar manifesta. O artista é,
apenas, um instrumento ativo no processo.
Enlouquecida, aprendi com Hokusai (1760
– 1849) que no exercício de desenhar, no penetrar na essência de todas as
coisas manifestas, pode-se chegar a um nível de consciência, de saber, mais elevado,
impensável, onde tudo vive; cada ponto, gesto, linha, cor. Arte é celebração. O
que a imaginação apreende como fogo criador, sopro e beleza, é verdade, é
espiritualidade. Além disso, nada sei.
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Exposição individual - texto - 40 anos de
desenhos / Performance - Som e Silêncio.Pelos de cabiria em papel japonês, - col. Teresinha Castelo.
Mundo Político, interferências em mapa mundi - 1997
Sonar, Rio - Europa, 1971 - mostra - 2008.
Galeria Mauá/ Chave Mestra / Santa
Teresa – 2008 - Rio de Janeiro.
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