domingo, 7 de janeiro de 2018

Reflexões sobre a Felicidade - Teilhard de Chardin






























Reflexões sobre a Felicidade
 - Teilhard de Chardin – Síntese
Martha Pires Ferreira
Assim como, no Mundo da Matéria mecanizada, todos os corpos obedecem às leis de uma gravitação universal, assim se faz no Mundo da Matéria vitalizada. Todos buscam o máximo de bem estar, seja natural e/ou social.
Ser feliz é questão de gosto pessoal. Uns gostam de cervejas e outros de joias, artes ou literatura. Ter conforto ou segurança. E outros vivem felizes, mas de desafios contínuos. Oportunidades devem ser para todos igualitariamente.
Teilhard de Chardin aponta três atitudes iniciais de Felicidade, teoricamente, adotadas pelos seres humanos diante da Vida:
Ele exemplifica com três tipos de excursionistas que partem para uma escalada bem difícil. São três tipos de Ser Humano que cada um carrega em seu íntimo por natureza.
- Uns lamentam depois de algum tempo ter iniciado este desafio de escalar a montanha, mostram-se cansados e temerosos. Perdem o interesse e retornam ao ponto de partida. Nada de aborrecimentos nem fadigas. Preferível manter a Felicidade do início com tranquilidade, sem grandes esforços ou riscos. Tem-se como um ser feliz, embora pouco ou quase nada pense, sinta e deseje. Há quem até ache que a vida é um malogro, um erro a ser suportado. “Pessimistas schopenhauerianos” acomoda-se, simplesmente. Nada riscos ilusórios!
- Outros não se arrependem de ter se aventurado à subida íngreme. Chegam a uma altura razoável. Tudo é beleza, contemplando o Sol ou a Lua, e, todo o panorama deslumbrante que a vista e as emoções alcançam. Não há necessidade de subir mais. É tempo de parar. Agora é só usufruir da conquista. Valeram todos os inúmeros esforços e cansaço; deitam-se na grama, esticam as pernas, se alegram com seus corpos, saboreiam alimentos e bebem algo com imenso prazer. Nem pensam ou desejam mais nada; a Felicidade lhes sorri; boas-vidas! Boas sensações lhes bastam! Saciar-se do instante presente, sem ocupar-se em agir por novos desafios. O coração e a mente estão plenos de satisfações. Novo copo de cerveja ou novo divertimento renovam as células. A vida vai passando em seu ritmo cotidiano.
- Outros mais, os verdadeiros alpinistas, não conseguem tirar os olhos dos pontos mais altos a serem escalados, almejados. Viver é ascensão e descoberta a cada etapa conquistada. A Felicidade lhes exige crescimentos contínuos. Nenhuma mudança efetiva os satisfaz de todo, aqui e agora, a menos que se opere em evolução procurando a própria Felicidade, sempre adiante, reveladora. É a Felicidade de desenvolvimento pessoal e em sintonia com seu entorno. É desafio a si mesmo alcançar o píncaro da montanha; algo os impulsionam, além de suas forças, os mantendo com entusiasmo e alegria a cada conquista. Anseio de ver e ser mais; apaixonados conquistadores de aventuras, o ser humano é inesgotável! Arremesso contínuo em direção ao Futuro impulsiona a razão da Vida. O ser Humano eixo e flecha da Evolução! Ser é unir-se cada vez mais.

Teilhard de Chardin nos convida a crescer e unirmos com o Todo, cada vez mais.  
“Tudo é sendo, está se fazendo, ou seja, sucedendo-se e acontecendo, para nós que o vemos dos ápices (os mais altos pontos) em que nos encontramos aqui e agora”.
“Felicidade de crescer no fundo de si, – em forças, em sensibilidade, em domínio de si mesmo. Felicidade, também, por se juntarem, uns aos outros, corpos e almas para se completar e para se unir.”
“Alegria do Interminável!”
“Historicamente, a Vida, isto é, o próprio Universo tomado em sua porção mais ativa, é uma ascensão de Consciência”.

Fonte – Teilhard de Chardin (1881-1955) – Mundo, Homem e Deus – Reflexões sobre a Felicidade, Ed. Cultrix, SP, 1986 // Homme, Monde et Dieu - Ed. Du Seuil, Paris, France.
- postagem martha pires ferreira

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