Cristo Pantocrator - Santa Sophia, séc. XIII - mosaico. Istambul
Tempo de
tempestades, horrores e trevas com cheiro forte de podres poderes das megas
corporações, públicas e privadas degradando valores essenciais do bem comum do
Planeta Terra. Reflexiva eu me inclino ao Poeta do Amor, Jesus de Nazaré; 2.000
anos de entendimento e acolhida, assim como de distorção, desinteresse ou incompreensão
sobre Sua pessoa compassiva, revolucionária, libertária.
Afinal quem
foi este Homem que desafiou os costumes e hábitos de seu tempo, e, as Leis dos
poderosos? Nada piegas devocional ou homem morno, transgredia os modelos de
conduta, sejam familiar ou social. Com postura simples andava com despossuídos
e marginais desqualificados. Amor incondicional à humanidade, sem preconceitos,
sem descriminações das camadas sociais; acolhia afetuosamente a todos com
igualdade, alteridade. Desobediente aos “senhores das leis” caminhava com
liberdade plena; ensinando por metáforas e aforismos, curando, conversando,
fazendo suas refeições junto a muitas amigas e amigos, em torno do pão, vinho e
peixes, estes assados, provavelmente. Pregava nas praças ou sinagogas, não a
política dos Césares, mas sim os princípios éticos do coração afetuoso e
sensível; não fazer ao outro o que não queremos que nos façam, ou, fazer ao
outro aquilo que desejamos que nos façam; normas da tradição judaica. Anunciava
o reino do Deus Desconhecido, desde aqui e agora, no nosso cotidiano.
Contemplava a natureza em flor e nela a beleza do Sol nascente com seus raios
luminosos para todos indistintamente; honrados ou desqualificados, ricos ou
pobre, dignos ou covardes, doentes ou saudáveis, mulheres sozinhas ou casadas. Encantava-se
com a autenticidade das crianças; exemplo de vida.
Não usava
perfumarias ou joias, não tinha endereço, nem carros de luxo, aviões de guerra ou
pistola pendurada no corpo. Não tinha celular, tabletes, nem TV a cabo. Se Jesus,
Yeshua em aramaico, lia ou escrevia não exibiu academias, títulos ou
condecorações. Sabemos que escreveu no chão: “quem não errou que atire a
primeira pedra”. Sabia perdoar porque conhecia as limitações humanas.
Jesus de
Nazaré, o bom pastor, continua a ser procurado e/ou questionado entre operários
e agricultores, artistas, vagabundos ou curiosos; nos templos, nas estantes de
livros, nas conversas entre pessoas simples, cultas ou intuitivas. Aos céticos
ou sedentos de humanidade, e, aos que tem ânsias do divino, da transcendência, o
Bom Pastor, jamais, passou despercebido. São incontáveis homens e mulheres que
se debruçam para conhecer, entender, escrever ou beber na fonte sobre, o Cristo
Cósmico, como dizia o cientista e místico Teilhard de Chardin, o judeu da Palestina
- Jesus de Nazaré - o Poeta do Amor. Aquele que viveu a união perfeita do
celeste com o terrestre, do divino com o humano.
Aqui fica
apreensão sensível do ser único e profeta da Vida Eterna. O Verbo que se fez
humano, habitou entre nós, e se mantém Vida em sua magnitude; Mistério da Fé. Fé
que não encontramos nos barbitúricos, estante de livros, drogas sofisticadas
nem no uso das armas de fogo ou química. Fé que se abre na beleza do vazio do
Amor que tudo contem.
- martha pires
ferreira – inverno, agosto de 2017.
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