Guardados no baú
Os intelectuais
racionalistas, cartesianos, mergulhados no seu malabarismo intelectual,
maravilhados com suas premissas, não conseguem ajudar a resolver problemas
fundamentais da vida humana. Governantes nem intelectuais conseguiram
solucionar os grandes problemas existenciais; o submundo social e existencial
permanece presente em todas as áreas do Planeta terra; sempre desejando
eliminar os maus e os pobres como se na Terra não houvesse lugar para eles. Os
maus são os outros. Para os “cartesianos” não existe o livre-arbítrio, só
existe a lei do seu intelectualismo dogmático, repleto de verdades conceituais.
Acreditam que dentro de si mesmos só existe o trigo; são incapazes de enxergar
o joio. Alimentam-se da cegueira por não perceberem que joio e trigo crescem
juntos, brotam do mesmo solo para a expansão natural da vida. Estreiteza
pretender impedir liberdade de expressão de um povo ou indivíduos com seus
anseios pessoais. A liberdade de expressão deve ser plena. O mundo deve ser
livre de censuras, ortodoxias, dogmas. Somente dois tipos humanos mergulham a
fundo: os santos e os desvairados - tanto um como o outro, não tem medo;
temores de se entregar até as últimas consequências. Os dois conhecem a ousadia
e o desafio cotidianos. Os cuidadosos, prudentes, que zelam em demasia por
valores materiais, culturais, morais e espirituais, em geral, são covardes.
Importante se desprender da matéria, sem deixar de servir-se dela; importante se
desprender de bens intelectuais sem deixar de servir-se deles, importante
desprender-se das riquezas espirituais sem deixar de servir-se delas. Desapego
total. Liberdade absoluta do corpo, da mente e do espírito/alma. Glórias aos
seres ousados que se arriscam todos os dias, todos os instantes em suas idas e
vindas cansadas; todos aqueles que não temem perder a própria alma no desejo
único de encontrar o sentido maior da vida que é ser humano, simplesmente.
Simplesmente ser, sendo, vivendo a Vida. Muitos acreditam que por praticarem
virtudes estão resolvidos como pessoas. Artistas, poetas, loucos e santos
anônimos vivem de risco e desafio constantes, fieis a si mesmo; seguem a inteligência
e a sabedoria do coração. Martha Pires Ferreira, um dia tranquilo de abril de
2010.
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