segunda-feira, 12 de maio de 2025

Desenho _ artigos do arquivo e poesia

 
Olhando a Lua _ bico de pena, nanquim, 1979

Reflexões do meu Arquivo _  prosa e poesia / 1967,  2021 e 2025.

Liberdade de escrever – Vida, energia criadora.

          Os dias passam. Sempre sinto a necessidade de escrever o que me ocorre na alma.

          Há grande experiência e emoção ou sensível acontecimento vivido no real que nem me interessa transmitir, registrar. E ao mesmo tempo coisas tão simples que me impacientam e fazem com que eu me comunique de alguma forma; escrevendo ou desenhando.

           Não sei ainda qual a linguagem própria para me expressar. As duas são apelos meus, internos. Delicadezas e afeto amoroso sem elos sentimentais. São insinuações da sensibilidade. E complicado por que nem sempre podem ser descritas, formuladas, já que tão pessoais. Intimidades da alma e do corpo físico, palpável.

            Amo, e, no amor que me entrego com todo o meu ser. Deus se expressa em mim, integra-se em mim. Faz parte deste meu viver, vivendo em mim. Posso chamar esta presença de Vida, apenas pelo nome Vida.

           Sinto esta Vida em meu coração. Entrego-me com amor intenso a tudo que me cerca; vou de encontro à fonte da vida. Bebo o essencial. Pura presença, onipresença no indizível. Por amar a vida, sinto que ela me ama e se manifesta dentro de mim com plenitude.

            Por amar a vida, amo os homens, as pessoas em geral no que são, representam ou se expressam. Segredos meus saber que a Vida em plenitude está dentro de cada ser criado. Esta é a grande verdade; a vida floresce em cada ser humano e em tudo que toca. Há vida nas pedras, nas flores, no ar que respiramos.

            Eu me refiro a esta Vida amorosa abissal, que emana tudo que é manifestação da energia criadora.  __   Escrito em 1967

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Liberdade de escrever – vertentes: sagrado _ profano

Percorro tranquila do sagrado ao profano, caminho livre _ a liberdade é fator interno essencial - do profano alcançamos o sagrado. Jamais perder tempo com trilhas do vulgar, maledicente, chulo, mesquinho. Ter gosto pelo voo alto da alma _ trilhando o mundo material, palpável o espírito toca o mais sensível e, naturalmente, anseia o absoluto indecifrável,  inalcançável que age como um imã em plenitude.

Não temer os desejos e as paixões, permitir viver a intensidade do calor da matéria, neste corpo humano que vê, ouve, degusta, inspira e espira, emociona, e, sobretudo, sente na pele a potência do existir. E, se enternece, sofre na sombra da escuridão densa em perdas dolorosas, frustrações, receios e vive encontros surpreendentes. É a Vida que pulsa! Altiva se permitir liberta nas vias do coração, tendo a inteligência, apenas, como observadora atenta. Não ser tomada pela racionalidade, que seca e reprime, mas se permitir viver os apelos secretos e íntimos do afeto. Sim, é este órgão delicado, o coração, quem comanda e engrandece a vida, na delicadeza do entendimento sutil, vivenciando a felicidade frente ao misterioso, o cósmico, o Incognoscível.

A matéria é a bela revelação do divino _ é o divino escondido nas profundezas da substância sólida, corpórea. O divino se revela nas configurações das montanhas, vales, fontes, rios, mares _ a graciosidade das flores, sabor dos frutos, expressão dos animais em sua rica diversidade, com as mais plurais espécies, natureza, onde, o ser humano, com todos os seus desejos, se apresenta na criação como irmão, irmã. O calor luminoso do Sol, fonte de irradiação nos mantem com a energia vital, necessária à Alegria viva da consciência de pertencermos ao Todo indivisível _ Uno.

Agosto, 2021

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Liberdade de escrever _ Onde
 
De onde viemos, para onde vamos?
O que buscamos, além de nós mesmas
fonte profunda, abissal da nossa interioridade
deserto existencial que nos envolve?!
 
O que surge no interior, silêncio
reservas que brotam da solidão,
vazio das horas, vazio da sensação orgânica
longe de pensamento articulado, costurado
ou fazeres cotidianos, naturais... o que surge?!
 
Caminhada ao Sol das manhãs; pássaros
voam e cantam, pessoas passam por mim
sentada na mureta de concreto, meu descanso.

Quieta intuitiva me deixo solícita à brisa
_ delicadeza invade sutil, imperceptível chama
sendo beleza e ternura na unicidade do Onde!
 
Inconcebível, ilógico, real, habita o coração
despojado, escondido de porquê, sem desejo algum,
a alma se encontra mergulhada no tudo do Onde!
Nada a buscar, possuir, só estar aqui presente, hoje.
 
                           martha pires ferreira

   __ manhã, poesia, hoje, 12/05/2025
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