Olhando a Lua _ bico de pena, nanquim, 1979
Reflexões do meu Arquivo _ prosa e poesia / 1967, 2021 e 2025.
Liberdade de escrever – Vida, energia
criadora.
Há grande experiência e emoção
ou sensível acontecimento vivido no real que nem me interessa transmitir,
registrar. E ao mesmo tempo coisas tão simples que me impacientam e fazem com
que eu me comunique de alguma forma; escrevendo ou desenhando.
Não sei ainda qual a linguagem
própria para me expressar. As duas são apelos meus, internos. Delicadezas e
afeto amoroso sem elos sentimentais. São insinuações da sensibilidade. E
complicado por que nem sempre podem ser descritas, formuladas, já que tão
pessoais. Intimidades da alma e do corpo físico, palpável.
Amo, e, no amor que me entrego com todo o
meu ser. Deus se expressa em mim, integra-se em mim. Faz parte deste meu viver,
vivendo em mim. Posso chamar esta presença de Vida, apenas pelo nome Vida.
Sinto esta Vida em meu coração.
Entrego-me com amor intenso a tudo que me cerca; vou de encontro à fonte da
vida. Bebo o essencial. Pura presença, onipresença no indizível. Por amar a
vida, sinto que ela me ama e se manifesta dentro de mim com plenitude.
Por amar a vida, amo os homens, as pessoas
em geral no que são, representam ou se expressam. Segredos meus saber que a
Vida em plenitude está dentro de cada ser criado. Esta é a grande verdade; a
vida floresce em cada ser humano e em tudo que toca. Há vida nas pedras, nas
flores, no ar que respiramos.
Eu me refiro a esta Vida amorosa abissal, que emana tudo que é manifestação da energia criadora. __ Escrito em 1967
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Liberdade
de escrever – vertentes: sagrado _ profano
Percorro tranquila do sagrado ao profano, caminho livre _ a liberdade é fator interno essencial - do profano alcançamos o sagrado. Jamais perder tempo com trilhas do vulgar, maledicente, chulo, mesquinho. Ter gosto pelo voo alto da alma _ trilhando o mundo material, palpável o espírito toca o mais sensível e, naturalmente, anseia o absoluto indecifrável, inalcançável que age como um imã em plenitude.
Não temer os desejos e as paixões, permitir viver a
intensidade do calor da matéria, neste corpo humano que vê, ouve, degusta, inspira
e espira, emociona, e, sobretudo, sente na pele a potência do existir. E, se
enternece, sofre na sombra da escuridão densa em perdas dolorosas, frustrações,
receios e vive encontros surpreendentes. É a Vida que pulsa! Altiva se permitir
liberta nas vias do coração, tendo a inteligência, apenas, como observadora
atenta. Não ser tomada pela racionalidade, que seca e reprime, mas se permitir
viver os apelos secretos e íntimos do afeto. Sim, é este órgão delicado, o
coração, quem comanda e engrandece a vida, na delicadeza do entendimento sutil,
vivenciando a felicidade frente ao misterioso, o cósmico, o Incognoscível.
A matéria é a bela revelação do divino _ é o divino escondido nas profundezas da substância sólida, corpórea. O divino se revela nas configurações das montanhas, vales, fontes, rios, mares _ a graciosidade das flores, sabor dos frutos, expressão dos animais em sua rica diversidade, com as mais plurais espécies, natureza, onde, o ser humano, com todos os seus desejos, se apresenta na criação como irmão, irmã. O calor luminoso do Sol, fonte de irradiação nos mantem com a energia vital, necessária à Alegria viva da consciência de pertencermos ao Todo indivisível _ Uno.
Agosto, 2021
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O que buscamos, além de nós mesmas
fonte profunda, abissal da nossa interioridade
deserto existencial que nos envolve?!
reservas que brotam da solidão,
vazio das horas, vazio da sensação orgânica
longe de pensamento articulado, costurado
ou fazeres cotidianos, naturais... o que surge?!
voam e cantam, pessoas passam por mim
sentada na mureta de concreto, meu descanso.
Quieta intuitiva me deixo solícita à brisa
_ delicadeza invade sutil, imperceptível chama
sendo beleza e ternura na unicidade do Onde!
despojado, escondido de porquê, sem desejo algum,
a alma se encontra mergulhada no tudo do Onde!
Nada a buscar, possuir, só estar aqui presente, hoje.
__ manhã, poesia, hoje, 12/05/2025
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