sábado, 16 de maio de 2020

Liberdade de escrever – arena, espaço de luta


      Se a minha arena - espaço de luta - não é diretamente dentro do campo da política, não sendo apenas espectadora, e, se me vejo atingida com as perversidades políticas-governamentais, posso sim, defender-me, não ser conivente, e, depurar-me dia a dia, sem as gamas do ódio; sem rancores inúteis, mas sim com fazeres que elevem, que dignifiquem, direta ou indiretamente, o que diz respeito à vida humana, pública. Demonstrar apoio aos que estão à margem dos direitos sociais, que são marginalizados como seres humanos; pessoas colocadas de lado, como párias. Estar conivente, sim, com os que sofrem injustiça por exclusões. Ser sempre conivente com o bem comum, valores que dignificam a vida. Não se omitir no conforto, no silêncio dos covardes, nem se aproximar dos que se alimentam de ódio e rancores, e, nem se deprimir diante dos horrores constatados. Ser altiva e se colocar, sem receios, sem medos. Manter saudável a vida interna. Não é questão de se ir para as praças ou às mídias lutar, mas, sim, de jamais ser indiferente, alienar-se; ter, sim, consciência de que toda a humanidade deve ter lugar seguro, direitos sociais garantidos e agradáveis à luz do Sol, dos bens da natureza; ah, quanta riqueza!
      Podemos demonstrar amor intenso à vida, sermos solidários, termos compaixão e misericórdia para com os que sofrem, mostrando como é bom ser bom, nos atos cotidianos, dia a dia, com simplicidade nos gestos. Partilharmos, um pouco de nós mesmos, ao lado da Mãe Natureza que tudo provê, acolhe e oferece.
      Nossa arena, espaço de luta, deve ser vivida em coerência com nossa inteligência, afeto, postura cotidiana, num esforço de elevar os níveis civilizacionais com firmeza e levezas no coração.
      Para se viver, ao longo da existência, precisamos mesmo é do calor do fogo que nos aquece o necessário, a abundância da terra que nos alimenta, a pureza do ar que respiramos e a frescura úmida da água que bebemos; o mais é só amorizações, afetos e alegrias que emergem do interior, que se expressam pelo sorriso e gentileza.  O ontem já se foi, o amanhã uma incógnita na esperança plena de novas realizações e o hoje é presença viva, absoluta.
      A Vida é um constante confrontos com os opostos; desafios cotidianos.
           Martha Pires Ferreira, tarde de maio de 2020.

União dos opostos – Splendor Solis seéc. XVI - Salomon Trismosin
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