sábado, 23 de maio de 2020

Busca de silêncio _ lampejos de poesia


Nunca tive pretensões em ser poeta, o que nunca me impediu e nem me impede de ousar escrever seja o que me vem às ideias ou movida pelas apreensões sensíveis que me invadem. Trata-se de pura liberdade de escrever. Tenho muitos cadernos; uma espécie de Diário sem ordem, sem consequências literárias ou qualquer rigor com a linguagem. Algo coloquial e simples. 
Por muitos anos os desenhos me ocuparam o tempo, deixando os textos escrito de lado. Agora, nesta distância de silêncio, quarentena, revendo o que escrevi, reencontro o que denominei - "pretensa poesia", com polimento leve, escrita em 1968. 

Busca de silêncio

Gostaria de viver de silêncio,
somente do silêncio
na entrega
desta manhã de Sol,
consumida
pelo amor que nada busca,
nada espera
_ apenas silêncio vazio. 

Silêncio é beleza
cresce dia a dia
no “ventre escuro das ideias”.
Silêncio invade
a beleza floresce
_ meu Deus,
quanta fragilidade!

De onde vem esta energia
que silencia a mente
cobre meu ser de paz?

De onde a tranquilidade
que não se busca e surge
em sabedoria e calma,
_ de onde vem, de onde?

É preciso libertar-se
do tempo _ espaços amarras. 
No tempo não há profundidade 
_ não se encontra o silêncio.
Transcender o tempo,
atingir o Amor.

                     Martha Pires Ferreira      1968
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terça-feira, 19 de maio de 2020

Martha _ Fala do Si mesmo e do Mundo _ Vídeo

Reflexões sobre o Si mesmo, o processo pessoal de cada um de nós, e, algumas questões do Mundo, na atualidade, nesta travessia sombria com o Coronavírus-19. Espera-se uma Nova Civilização, por meio da educação e dos cuidados para com o meio ambiente.
A Vida um grande Mistério!
Martha Pires Ferreira
Fala do Si mesmo e do Mundo - neste vídeo de 17'20" 


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sábado, 16 de maio de 2020

Liberdade de escrever – arena, espaço de luta


      Se a minha arena - espaço de luta - não é diretamente dentro do campo da política, não sendo apenas espectadora, e, se me vejo atingida com as perversidades políticas-governamentais, posso sim, defender-me, não ser conivente, e, depurar-me dia a dia, sem as gamas do ódio; sem rancores inúteis, mas sim com fazeres que elevem, que dignifiquem, direta ou indiretamente, o que diz respeito à vida humana, pública. Demonstrar apoio aos que estão à margem dos direitos sociais, que são marginalizados como seres humanos; pessoas colocadas de lado, como párias. Estar conivente, sim, com os que sofrem injustiça por exclusões. Ser sempre conivente com o bem comum, valores que dignificam a vida. Não se omitir no conforto, no silêncio dos covardes, nem se aproximar dos que se alimentam de ódio e rancores, e, nem se deprimir diante dos horrores constatados. Ser altiva e se colocar, sem receios, sem medos. Manter saudável a vida interna. Não é questão de se ir para as praças ou às mídias lutar, mas, sim, de jamais ser indiferente, alienar-se; ter, sim, consciência de que toda a humanidade deve ter lugar seguro, direitos sociais garantidos e agradáveis à luz do Sol, dos bens da natureza; ah, quanta riqueza!
      Podemos demonstrar amor intenso à vida, sermos solidários, termos compaixão e misericórdia para com os que sofrem, mostrando como é bom ser bom, nos atos cotidianos, dia a dia, com simplicidade nos gestos. Partilharmos, um pouco de nós mesmos, ao lado da Mãe Natureza que tudo provê, acolhe e oferece.
      Nossa arena, espaço de luta, deve ser vivida em coerência com nossa inteligência, afeto, postura cotidiana, num esforço de elevar os níveis civilizacionais com firmeza e levezas no coração.
      Para se viver, ao longo da existência, precisamos mesmo é do calor do fogo que nos aquece o necessário, a abundância da terra que nos alimenta, a pureza do ar que respiramos e a frescura úmida da água que bebemos; o mais é só amorizações, afetos e alegrias que emergem do interior, que se expressam pelo sorriso e gentileza.  O ontem já se foi, o amanhã uma incógnita na esperança plena de novas realizações e o hoje é presença viva, absoluta.
      A Vida é um constante confrontos com os opostos; desafios cotidianos.
           Martha Pires Ferreira, tarde de maio de 2020.

União dos opostos – Splendor Solis seéc. XVI - Salomon Trismosin
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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Estamos no ÚTERO da MATÉRIA - Mãe Natureza


      A MÃE NATUREZA nos colocou no ÚTERO DA MATÉRIA - em gestação - está nos protegendo do Vírus-19 >> Isolados - precisamos de AR - respirar bem / TERRA - alimentos / ÁGUA saudável, limpa / FOGO que aqueça, e, calor humano para Vivermos.
    Sinto-me no VASO ALQUÍMICO, no Nigredo; confrontando opostos de Luz e Sombra; numa Sociedade decadente, falida, que não quer mudança generosa, solidariedade fraterna. Estamos na travessia _ existe o antes - Era de Peixes - e entraremos no depois, nos próximos anos - Era de Aquário _ por maior consciência social, liberdade, contendo os valores de Toda a Criação. A evolução humana é muito lenta, entretanto ela se faz passo a passo ao longo da História.















Vaso alquímico - mpf. caneta pilot, 2020.
--- postagem martha pires ferreira
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domingo, 10 de maio de 2020

Ser Mãe __ Lampejos de poesia

Ser Mãe

Ser mãe é desdobrar
coração que ama
protege
cuida
se encanta
se espanta
se descabela
padece
se irrita
aconselha
briga
conversa
ouve
se diverte
silencia
espera.
Ser mãe é confiar
se alegrar
se preocupar
doar
acompanhar
provocar
instigar
calar
libertar
Sorrir.

Manhã, 10 de maio de 2020, dia das Mães, em quarentena, domingo solar, tranquila. Meu filho, Thomas, em São Paulo com a Valéria seguem o curso da Vida. Recebi com alegria barras de chocolates Kopenhagen; sabem o quanto gosto. A Vida é esta beleza sem distância, este mistério profundo. Imensamente grata à Vida, meu D's !!!
Meu D's, quantas mães sem filhos e quantos filhos sem mães!
A grande Mãe Natureza seja louvada!
         Vários momentos que tecemos ao longo da Vida.


























Postagem - martha pires ferreira

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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Alquimia - processo interior que nos completa - tempo de Quarentena


Retomando minhas reflexões sobre a Alquimia neste momento de silêncio, isolamento voluntário e necessário. Abril e Maio de 2020, em comunhão com o mundo em transição pontual; em razão do Coronavírus-19, este “algo” micromolecular, silencioso, que surgiu não se sabe de onde; que tomou conta do planeta Terra, sem pedir licença; de leste a oeste, de norte a sul. Inimigo invisível que não conseguem destruir, com qualquer arma branca, de fogo ou substância química, nem mesmo com um simples alfinete.
Interessei-me pela Alquimia quando em 1974, Dra. Nise da Silveira pediu que me juntasse ao Dr. Nelson Bandeira de Mello para aprofundar o que vínhamos lendo em Psicologia e Alquimia de C. G. Jung; para uma apresentação no MAM – Centenário de Jung - 1975. Saber muito difícil. Desafio que aceitei por atração curiosa, e, que, nunca mais larguei de todo; sempre me acompanha o interesse sobre a riqueza simbólica e metafórica deste conhecimento milenar. Li diversos autores e por variadas fontes. Hoje, tenho uma razoável biblioteca sobre este fascinante assunto. O livro que mais me impressionou foi o de Marie-Louise von Franz; Alquimia - Introdução ao Simbolismo e à Psicologia, Cultrix.
Neste momento, leio um seguidor de Jung, Edward F. Edinger: O Mistério da Coniunctio - Imagem alquímica da individuação, Paulus, 2008 – (The  Mystery of the Coniuntio, 1994, Inner City Books, Canada). Conferências esclarecedoras; didáticas.
A Alquimia nada mais é que um caminho de compreensão de nosso processo de individuação, nossa caminhada individual – Opus Alquímico - o Ouro/Sol e a Prata/Lua, potências nossas internas, simbolicamente. Atravessamos a Vida sozinhos com nossa própria natureza tão complexa; relações com nossos opostos internos, em atração e aversão; percepções que emergem do inconsciente, energias masculinas e femininas – Yang – Ing; o claro e o escuro; em seguida nossa relação emocional, sensorial e física com o outro que desejamos que nos complete, o outro que amamos na intimidade; outros mais que simpatizamos ou excluímos por alguma razão, e, os tantos muitos outros mais do mundo coletivo, que fazem parte do nosso conviver social, do mundo que habitamos. Enfrentamos forças opostas e atrações por confrontos constantes nestas etapas; sejam nas emoções por hostilidade ou por amor. A Vida psíquica depende destas relações profundas do pessoal para com o outro em particular e a nível do coletivo; valores do bem e do mal; luzes e trevas; agradável e desagradável existentes em cada um de nós; que se manifestam e que fazem parte de um Todo Absoluto; objetivo e subjetivo; céu e terra; divino e profano.
Nossa vida aperfeiçoada depende de como lidamos com o que rejeitamos por exclusões naturais, instintivas e/ou do que atraímos por valores essenciais à nossa natureza, e que, possam nos completar, nos enriquecer como seres humanos; luta constante inconsciente ou conscientemente.
Percepções pessoais, únicas, que emergem das raízes da psique inconsciente, nos impulsionam, nos revelam, desvelam e nos integram, por meio da consciência, a sermos seres mais completos, mais plenos, mais bem resolvidos.
Viver em harmonia é eterno desafio nesta complementação de opostos; saber lidar com o que nos incomoda; nossas sombras pessoais e as sombras da sociedade; saber lidar com o que nos trava sem que nos impeça vivermos plenos e criativos no que nos dê prazer, alegria e amorosidade constantes. Viver é o desafio na beleza do mistério cotidiano.~
Lendo um pouco de Alquimia compreendemos, de alguma forma, o que estamos vivendo no mundo inteiro, confinados por um Vírus, que nos aprisiona no Útero da Mãe Terra.
        Martha Pires Ferreira, maio de 2020.
PS _ Aprofundando o texto - Alquimia - tempo de  Quarentena. 
Toda e qualquer projeção externa; para com pessoas ou valores mesmo sociais, mais cedo ou mais tarde será constatada como ilusão, frustração ou decepção ao não se conseguir o que se esperava querer. Importante manter a chama interna acesa em plena atenção, para se alcançar, na transição, outros níveis de consciência mais depurados, mais elevados. Redescobrir-se, sempre, nas conquistas, internamente; acompanhando o fio condutor da vida pessoal – o significado maior da vida. Reintegrar novas percepções essenciais, profundas, que habitam na interioridade; sentimento, intuição, que fazem parte de nossa natureza. 
Nada está perdido em razão das frustrações; uma sensação de morte. Um imenso silêncio e dor; experiência de trevas que toma a pessoa por inteira, mas que, entretanto, se confrontada com cuidados, certamente, a conduzirá a uma nova manhã, a um novo nível de consciência, luminoso, solar. Aceita-se as derrotas quando nada mais pode ser feito; com altivez seguir em frente no processo de individuação; caminhada de encontros e desencontros e novos encontros no pessoal, intransferível. 

A complementação de opostos é exercício para a vida inteira _ Unus Mundus.

Sol e Lua - União dos opostos - Totalidade.
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domingo, 3 de maio de 2020

Três obras _ Artes Visuais

Fui desafiada por três artistas visuais a expor três  trabalhos meus - aceitei
Caldo Vermelho, 2012 - bico de pena e aquarela
Mantras _ 2015 - nanquim - papel vegetal,  3m x 40cm 













Mundo Político, 1997 _ Mapa mundi _ bico de pena e aquarela.
Obras _  Martha Pires Ferreira

sábado, 2 de maio de 2020

Reflexões profundas em tempo de quarentena


Liberdade de escrever – reflexões profundas em tempo de quarentena                                         
                                        Martha Pires Ferreira    
Todo ser humano foi chamado, criado, para ser humano, viver no aqui e agora; viver na Mãe Terra em que habitamos. Sermos humanos, nossa função maior, fundamental.
O cristão não possui o monopólio dos valores essenciais da Vida pelo critério decisivo de ser um cristão. Milhares de pessoas não seguem Jesus de Nazaré, e mesmo desconhecem sua pessoa história, real. Jesus não é uma abstração, e sim uma pessoa concreta, exemplo e modelo de vida a ser vivida da forma a mais ampla possível. E poucos noutras vertentes interagem, profundamente, como os princípios deixados por Buda Gautama, o Tao de Lao Tsé ou as condutas de Confúcio, as leis de Moisés, Maomé, as emanações rituais Afro e suas vertentes, a religiosidade nativa dos Índios latino americanos e povos da floresta, ou ainda, os seguimentos religiosos do hinduísmo nas raízes remotas do Vedanta. Verdadeiras bases normativas humanas, independentes de ensinamentos espirituais, místicos.
Todos e todas as pessoas com certo nível de consciência e inteligência, devem dar exemplo de vida e atuarem frente a esta sociedade egoísta que nos cerca; dominadora, excludente e manipuladora a seu bel prazer. Devemos  trabalhar no sentido de despertar valores para elevar esta mesma sociedade, para comportamentos mais depurados; o ter mais consideração para com o seus pares, seus semelhantes, mais diálogo e comunicação, amabilidade, compromisso com os fazeres, o compartilhar e dividir um pouco o que possui de supérfluo, o saber arrepender-se sem falso orgulho e saber perdoar, exercitar o despojamento mesmo intelectual pela via da simplicidade. O real respeito pela vida como um Todo - todas as espécies e riquezas da natureza, seja mineral, vegetal, animal. E mesmo saber renunciar privilégios quando necessário. Sermos mais solidários, mais libertários em nossa vida individual e mais integrados na diversidade social, coletiva.  
Acabo de ler a obra de Hans Küng, físico e teólogo católico, O Princípio de Todas as Coisas, ed. Vozes, 2007, RJ – um diálogo de possível aproximação entre ciência e religião. Daí estas minhas reflexões, neste tempo de quarentena (vírus, Covid-19 que aprisionou cada um em sua casa). Fiquei um tanto tomada por Küng, lendo este livro desafiante e intenso por suas ideias, seu pensamento, lucidez e conclusões diante do mundo contemporâneo em que vivemos. Quase no final Hans Küng afirma, pág.. 267: “Na sociedade mundial, o destino da Terra importa a todos, qualquer que seja a religião, a filosofia ou a visão do mundo que eles adotem. As normas do ethos mundial podem ser a orientação básica para esta responsabilidade pelo mundo, o que de nenhum modo exclui o orientar-se de maneira particular pela própria religião ou filosofia. Pelo contrário, cada uma pode contribuir à sua maneira para o único ethos mundial”.
A meu ver o Princípio de Todas as Coisas nos é oculto, nada sabemos em essência, assim como o fim, nada sabemos concretamente, puramente, com nossa razão lógica que tudo quer saber e ver medido na balança da realidade palpável, entretanto o que Jesus de Nazaré nos legou com sua vida, sentido absoluto da Vida e Ressurreição, nos deixa seguros, mesmo em vagas apreensões por maior que seja a nossa Fé. E é neste viés, insondável mistério que é a Vida, que apreendemos o Todo Desconhecido pela sensibilidade intuitiva por extensão absoluta.
Algo acontece, imensa paz nos envolve, a certeza do Tudo no Nada Primordial habitando em cada um de nós. Se aqui estamos, neste planeta Terra, é aqui, precisamente, que devemos agir, vivermos o melhor possível como seres humanos em comunhão solidária e fraterna por uma sociedade mais criativa, justa, alegre e feliz. 

 Em quarentena, maio 2020.
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