Thomas Merton com Suzuki - NY.
Thomas Merton vive (1915 – 1968). Sábio
teólogo da mística. Mestre da vida contemplativa em sua essência. Escritor
eloquente. Poeta e artista. Humanista rebelde, de vasta erudição, expressou suas
ideias engajadas nas graves e profundas questões sociais do mundo contemporâneo.
Homem do deserto fértil. No silêncio abraçou a humanidade com suas
contradições. Libertário por excelência permanece um testemunho de Cristo.
A Montanha dos Sete
Patamares é sem dúvida a porta de entrada para se conhecer Thomas Merton.
Este livro é sua autobiografia escrita em 1948 - The Seven Storey Mountain -
obra publicada em inglês, já quando monge. Traduzido para muitas línguas - La
Montaña de lós Siete Círculos / La Nuit Privée d’Étoiles. Merton nos deixou
mais de 60 obras.
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Trecho do
Prefácio da edição japonesa
- A Montanha dos Sete Patamares (1963) - Thomas
Merton
É minha intenção fazer de minha vida
inteira um resistir e um protesto contra os crimes e as injustiças de guerra e
a tirania política que ameaçam destruir a toda a raça humana e o mundo inteiro.
Através de minha vida monástica e de meus votos digo NÃO a todos os campos de concentração, aos bombardeios aéreos, aos
juízes políticos que são uma pantomima, aos assassinatos judiciais, às
injustiças raciais, às tiranias econômicas, e a todo o aparato socioeconômico
que não parece encaminhar-se senão à destruição global a pesar de seu formoso palavrório
em favor da paz. Faço de meu silêncio monástico um protesto contra as mentiras
dos políticos, dos propagandistas e dos agitadores, e quando falo é para negar
que minha fé e minha igreja podem estar jamais seriamente aliadas junto a essas
forças de injustiça e destruição. Porém é certo, apesar deles, que a fé na qual
creio também a invocam muitas pessoas que creem na guerra, que creem na
injustiça social, que justificam como legítimas muitas formas de tirania. Minha
vida deve, pois, ser um protesto, antes de tudo, contra elas. Si digo NÃO a
todas essas forças seculares, também digo SIM a tudo o que é bom no mundo e no
homem. Digo SIM a tudo o que é formoso na natureza, e para que esta seja o sim
de uma liberdade e não de submetimento, devo negar-me a possuir coisa alguma no
mundo puramente como minha própria. Digo SIM a todos os homens e mulheres que
são meus irmãos e irmãs no mundo, mas para que este SIM seja um assentimento de
liberação e não de subjugação, devo viver de modo tal que nenhum deles me
pertença nem eu pertença a algum deles. Porque quero ser mais que um mero amigo
de todos eles me torno, para todos, um estranho.
Thomas Merton com Rimpoche Chatral.
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