Acabo de receber esta corajosa mensagem do Papa Francisco vinda de
Lisboa, de minha querida amiga portuguesa, Isabel Bugalho, que diz, sorrindo,
“não acredito em Deus, graças a Deus”.
Eu, Martha, a desenhista, a astróloga, a apaixonada pela
liberdade e pela natureza, eremita urbana, sou mãe solteira. Realizada e
criativa, continuo meu processo individual.
Durante a gestação fui acolhida por
muitos familiares e amigos, com imenso calor humano, e ao ser mãe em fins de
janeiro de 1978, com o nascimento do menino na Santa Casa da Misericórdia, numa
época em que as mulheres não ousavam assumir a maternidade sem o pai, sem uma
união formal. Fui incompreendida e não aceita por católicos e outros “fundamentalistas”,
que chocados me repudiaram incontinenti. Isto não me abalou, de todo, porque
altiva e consciente escolhi ser mãe com o rosto luminoso pela alegria fecundada
em mim. Nem me deixei abater por ter vivido um belo amor com um homem judeu,
refinado e culto, mas que não soube como lidar com a relação afetuosa fora de
seu contexto. Respeitei sua ausência e enfrentei sozinha, minha escolha, com a
coragem que só possui quem recebeu o dom da graça e da fé espiritual. Nada
perturbou o bom caminhar.
A vida escreve e se revela a cada dia. “A vida é
revelação, vive-se a vida vivendo-a”, me soprou na inteligência um dos homens mais
importantes da minha existência, Thomas Merton. Forte e firme ultrapassei os
obstáculos, um por um.
O menino Thomas cresceu na escola dos limites e da liberdade.
Aprendeu a contar com ele mesmo. Aos 12 anos me pediu para ser batizado, queria
fazer a 1ª comunhão no Colégio Zaccaria, onde estudava. A iniciação cristã foi
feita. Procurei meu amigo dominicano e mestre em Teilhard de Chardin, frei Pedro
Secondi, que o batizou em cerimônia especial e comovente com, apenas, a
presença dos padrinhos.
As pessoas amadureceram, a vida ensinou a todos. Estamos
felizes, e para sempre. Meu filho, já adulto,
é meu grande amigo; responsável, trabalhador, solidário e querido de todos que
o cercam. Conquistou o respeito e o afeto do pai e seus avós. Não é um
individualista, sabe que viver é seguir sua estrada pessoal, é estar em
comunhão com a humanidade, com o coletivo, com o mistério da existência.
Nascemos para sermos felizes. O Deus que conheço é o Deus
do Amor, da Beleza, da Natureza pujante, da Magnitude misericordiosa, da Plenitude
incognoscível.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Um comentário:
BRILHANTE!!!! Este depoimento me emocionou às lagrimas. Obrigada Martha pela tua sensibilidade!
Postar um comentário