Carta
aberta aos que acompanham esta Jornada Mundial da Juventude com a presença do Bispo de Roma, Papa Francisco.
Queridos
todos e todas,
A
Igreja Católica Apostólica precisa de Mãe, de Pãe Francisco - Pai e Mãe.
Bem vindo
Pãe Francisco à Jornada Mundial da Juventude, Rio de Janeiro, julho de 2013.
Mãe
é o princípio feminino do acolhimento. É calor humano, é doçura, bondade,
compreensão, afeto, perdão incondicional. Por consequência, espiritualidade
profunda. É o que percebemos nestes dias de sua presença no Brasil.
Estamos
cansados da forma patriarcal, clerical, hierarquizante e absolutista. Precisamos retomar a presença do Menino Jesus
de Nazaré, o Cristo, o Messiah, o
Redentor Cósmico da humanidade. Precisamos urgente de Mãe no coração da Igreja. Pãe Francisco, pai e mãe, acolhedor, onde homens e mulheres possam comungar dos
mesmos anseios pelo Reino de Deus, aqui e agora, neste Planeta Terra sofrido e
sedento de justiça social, generosidade, partilha amorosa com fraternidade
solidária.
Urge
uma Igreja renovada com valores espirituais e humanos tendo o rosto do Cristo
no centro das questões ao lado de Maria, sua mãe, de mulheres e de homens. Espaço
para o povo de Deus opinar, participar, trocar, comungar em ideias e
celebrações com interioridade e alegria. Um cristianismo consciente sem genocídios
e biocídios, cuidando e acolhendo a Natureza, franciscanamente, nossos irmãos
minerais, vegetais e animais. Sem cuidados e amor à natureza não haverá cristianismo
nem Vida possível.
Abaixo
o patriarcalismo cruel, em todos os segmentos da sociedade, que danos maiores têm
recaído, em particular, sobre os homens, que estão perdidos, feridos afetiva, sexual
e intelectualmente. Prisioneiros da racionalidade dão lugar preferencial à
violência e à banalidade. Desconhecem ou perderam o caminho do sentimento e do
coração amoroso. E mulheres fraca, incautas e servis seguem as mesmas normas machistas.
Necessário maior convívio com as mulheres fortes e sensíveis, fraterna e
irmãmente como Marta, Maria Magdalena e muitas outras, conviviam com Jesus.
Jovens
precisam conhecer a união de opostos internos; luz e sombra, masculino e
feminino, firmeza e doçura. Assimilar o divino e o humano contido na
existência.
É
oportuno Pãe Francisco acolher os sacerdotes que optaram pela união matrimonial
dando oportunidade a se reencontrarem na Igreja.
Desde
o Grande Papa João XXIII, e, em especial, com a morte misteriosa do Papa João
Paulo I, que não me ocupo mais com a hierarquia triunfalista do Vaticano, com Papas
e suas pompas. Foi um corte ontológico. Um corte com a Cúria em sua postura
centralizadora, medievalista e sem transparência.
Ser
católica leiga, sem presença efetiva na Igreja Católica, passou a ser um
desconforto, um viver a caricatura do Cristo. Incontinente, virar a página e
seguir.
Nada
disso que relato tem qualquer importância para o clero católico conservador, visto
que mulheres praticamente quase nada representam. A Cristandade num avanço
quântico é esperada. Mulheres, ainda, são figuras coadjuvantes, servidoras do
patriarcalismo institucionalizado. Mulheres quase nada representam de direito. Nem
freira, nem leigas, e estas, muito menos. Minhas opiniões e reflexões jamais seriam
ouvidas pelo simples fato de não estar inserida no academicismo teológico.
Isenta
de culpa caminho à distância do bojo católico em comunhão com a humanidade
inteira, sem exclusões. Caminhei curiosa e silenciosa pela ortodoxia, pelo
Taoismo, Zen budismo e Hinduísmo. Não ficando de fora judaísmo e islamismo.
Pouco apreendi da cultura religiosa africana. Com Thomas Merton, Teilhard de
Cardin e Leonardo Boff me afinei com o Cristo Cósmico. Com “os loucos” fui
surpreendida com a presença do Deus Desconhecido.
Todo
cidadão e cidadã que anseia o Amor Divino e reflete sobre questões profundas e
essenciais da Vida, da Beleza e da Criação em sua fonte primordial, é teólogo
ou teóloga, mesmo sendo analfabeto. Teologia não é privilégio de intelectuais,
é possibilidade real de todo ser humano que tem sede do absoluto e apreende
sutilmente o que está além do cognoscível. Deus se revela aos que o procuram espiritualmente
e surpreende mesmo aos incrédulos. Bom estar em plena atenção. A experiência
mística é graça, é apreensão do sagrado existente dentro de cada ser.
Continuo
tendo o Cristo como Ícone perfeito. Com Jesus aprendemos; “amai-vos uns aos
outros como lhe amei”, “não seja o senhor de ninguém... sirvam uns aos outros
no amor”, “não se preocupe com o dia de amanhã, o dia de hoje lhe basta...”.
A
Igreja Católica Romana pode jogar tudo fora, todas as bugigangas do Vaticano na
estrada [força de expressão], por que nada representa diante das palavras do Cristo, Ieschua de Nazaré,
o Messiah: “amai a Deus sobre todas
as coisas e o próximo como a si mesmo”.
Com calor humano por todos os seres e cheia de esperança na cristandade, Martha Pires Ferreira
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Martha – batizada em 1939, quando nasci. Formação: Colégio Assunção. Ação
Católica, JEC e JUC, anos cinquenta e sessenta, do século passado.