quarta-feira, 18 de abril de 2007

Possibilidade de Previsão / Astrologia

       
            Astrólogo na Antiguidade medindo distância _ Céu_ Firmamento.
    Nenhum astrólogo sério se aventura a fazer previsões detalhadas a longo prazo. Esta é uma regra sábia que lhes foi legada pelos antigos. Os astrólogos dos primeiros tempos não faziam presságios de grande importância com data marcada (como hoje se pretende), mas sim o período próximo aos acontecimentos maléficos ou benéficos, que poderiam variar de mês a um ano, levando-se em conta as variações da orbe dos planetas. Agiam assim levados pela análise combinatória entre os signos e a posição dos astros, e pela intuição, atributos que não podem faltar a um astrólogo. Os astrólogos atuais, contam como cálculos das probabilidades e certamente, mais por esse motivo, têm de ser discretos nas suas profecias.
    O descrédito da Astrologia vem exatamente daí, desta pretensão de previsão longínqua detalhada (hora, mês, local, ano) da superficialidade de curiosos em prever com exatidão aspectos ambíguos.
      “Astra inclinant, non necessitant”, os astros inclinam, mas não obrigam – dispõem, mas não impõem. 
    Astrologia é uma ciência experimental, como a psicologia, que só se assegura sua validade pelos resultados práticos. É uma ciência de observações, que estuda as relações entre os homens e os planetas de nosso sistema solar. É ciência porque se vale da repetição de um fenômeno em circunstâncias idênticas ou muito semelhantes, para constituir um material que se preste cientificamente à observação. Estuda este material sob as leis estatísticas, matemáticas, da probabilidade. Sendo assim, a astrologia pode indicar uma inclinação (probabilidade) dos astros para tal ou qual ocorrência. Não pode afirmar: “se comprar este determinado bilhete, em tal dia, você ganhará na loteria.” Mas pode dizer: “os astros em tal conjuntura solar indicam que, nesse aspecto, você terá maior ou menor chance de sucesso”. Pode indicar-lhe uma conjunção maléfica ou benéfica, para que esteja mais preparado para recebê-la, mas não impõe ou determina nada. Mesmo os astrólogos, mais intuitivos ou videntes, estão de acordo que as particularidades individuais é você mesmo quem as faz. Esta atitude moderna da astrologia pode ser menos consoladora ou poética, e até mesmo angustiante para aqueles que querem confiar no traçado de seu destino, mas pelo menos é muito mais correta do ponto de vista da astrologia cientifica.
        Por que é tão difícil fazer previsões? Porque a astrologia é uma ciência dos opostos sincrônicos. Trocando-se miúdos, isso significa que cada indicação astral pode ter duas correntes exatamente opostas, que serão confirmadas pelas outras tendências astrais, igualmente contraditórias. Parece muito complicado e é mesmo. Mas se pensarmos no calculo de arranjos e combinações da matemática, a gente entende melhor. Exemplificando: dois planetas harmônicos por progressão ou trânsito podem fazer uma conjunção benéfica entre sim, favorecendo portanto um bom acontecimento. Ao mesmo tempo (sincronicamente) um outro planeta dissonante pode estar formando uma quadratura ou oposição. Trata-se aí de uma colocação difícil, porque os mesmos planetas, por sua vez, se estiverem em posição mais ou menos favorecidas no horóscopo, o astrólogo, fica sem saber, com precisão, qual das duas possibilidades prevalecerá. Neste caso, deve-se indicar as duas posições ao cliente, para que o possa prevenir.
        Por todos estes percalços, a astrologia é uma ciência de tendências e como tal deve ser observada. Quer seja considerada ciência, pelos métodos probabilísticos com que trabalha. Quer seja arte, pelo poético das suas previsões (o que só lhe aumenta o encanto) a astrologia é quase tão antiga quanto ao homem. Nasceu da apaixonada tentativa de descobrir o segredo da vida e da morte. E, até hoje permanece, como uma fonte de especulações humana, na ânsia de conhecer o desconhecido.
Astrólogo medindo o céu - distância.

 Postagem _ Martha Pires Ferreira /// Redação: Diva Maria Pires Ferreira _ jornalista que me consultou e enriqueceu com artigo meu - Era de Aquarius - 1972, revista Rolling Stone _ e publicou na Revista Ele Ela – Ed. Bloch. RJ. Dez. 1974.
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Um comentário:

Valeria Bustamante disse...

Adorei esse artigo. Obriga por compartilhar.

beijo,
Valeria