São pastas com escritos tantos! Separei algumas letras _ minha realidade.
Versos se fazem poesia. Expressões da vivência percorrida.
Singeleza
A abelha voa tranquila
à procura das flores;
seu extenso campo de amor.
E o mel que delas extrai
é o bastante para ser feliz.
Como as abelhas contentes
em suas asas tão tênues,
minha alma peregrina
voa por toda a Terra
a extrair aquela doçura
que vive retida nas coisas.
Contente ao colher levezas,
prossegue minha inteligência
a avançar pelo universo,
assim caminha meu coração
coberto de flores... magnólias. /1966
****
Despedida
Foi num mês de maio
sem luar, sem estrelas
sem alegria, sem tristeza.
Foi num mês de maio
como outro qualquer
que ele morreu
em meus braços.
Lembro-me bem a escuridão
do sentimento anunciar
o fim trágico... a dor.
Olhar estranho, amorfo
cruzou meus olhos atentos,
ontem amoroso e de repente
duro, frio... o meu perplexo.
Beijo seco e indiferente
anunciou a despedida
_ a morte zombeteira
sem ter mais; longe de mim.
Só ele conhecia o porquê
da despedida _ sorria inquieto,
se encolhia num mutismo
maior que ele próprio
a disfarçar obscura covardia.
Foi num seco mês de maio
sem luar, sem estrelas
sem alegria, sem tristeza.
/escrito em fins 1966
Foi num mês de maio
sem luar, sem estrelas
sem alegria, sem tristeza.
Foi num mês de maio
como outro qualquer
que ele morreu
em meus braços.
Lembro-me bem a escuridão
do sentimento anunciar
o fim trágico... a dor.
Olhar estranho, amorfo
cruzou meus olhos atentos,
ontem amoroso e de repente
duro, frio... o meu perplexo.
Beijo seco e indiferente
anunciou a despedida
_ a morte zombeteira
sem ter mais; longe de mim.
Só ele conhecia o porquê
da despedida _ sorria inquieto,
se encolhia num mutismo
maior que ele próprio
a disfarçar obscura covardia.
Foi num seco mês de maio
sem luar, sem estrelas
sem alegria, sem tristeza.
/escrito em fins 1966
****
A noite
A noite atravessou o peso
de meus braços cansados,
a noite atravessou a dor
de meus dedos dilacerados.
A noite atravessou o deserto
de meus pés tão marcados,
invadindo silenciosa
minha alma triste... pesada.
A noite sem descanso se foi
ao meu mundo esquecido.
E me abriu horizonte
exigente qual fruto de outono.
A noite mostrou-me armas
me deu espada afilada,
devolveu alegria e força
caminho, o saber avançar,
destruir obstáculos. Sonhar! /1966
****
Coisas do
amor
_ para Gambone
_ para Gambone
Pássaro de asas soltas
deves partir neste instante
que o amor emerge em mim
violento e deleitoso?!
Vieste na madrugada dar sinal de paz
e encantamento.
Teu olhar roubou o meu
ao se dar misterioso e afável
_ brotou como fruto singelo e puro
dentro de meus seios.
Deves partir, as horas seu percurso,
o levará antes que o Sol se ponha. /1967
****
Não sei
Não sou poeta
nem sei compor
em traços finjo inventar
que sou imaginação
não sou da cidade
não sou do campo
não sou da terra
não sou do céu
sei sofrer
amar
contemplar
sei sorrir naturalmente
me enfurecer consciente
sei acariciar
silenciar
pensar
dançar
e até olhar aprendi
há coisas que não sei
e há especialmente uma que eu não sei. /1972
Não sou poeta
nem sei compor
em traços finjo inventar
que sou imaginação
não sou da cidade
não sou do campo
não sou da terra
não sou do céu
sei sofrer
amar
contemplar
sei sorrir naturalmente
me enfurecer consciente
sei acariciar
silenciar
pensar
dançar
e até olhar aprendi
há coisas que não sei
e há especialmente uma que eu não sei. /1972
Martha Pires Ferreira
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