quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Liberdade de escrever _ Rabindranath Tagore

           Amanheci pensando em escritores que habitam meu mundo interior, entre eles surgiu Rabindranath Tagore _ Oferenda Lírica - GITANJALI. Obra primorosa! Terminar o ano de 2020 com depuro na alma, nas palavras, do coração sensível.

Tagore, poeta e educador (7-5-1861, Calcutá - Índia/1941), cultivou vida serena, possuía um imenso amor à natureza, exaltava a alegria da existência, fundou a primeira Universidade na Índia, dedicação ao trabalho e à oração como via de aperfeiçoamento e interação profunda entre o Criador e a Criação. Vejam que joia:
    Poema sobre a Liberdade
    Onde o espírito vive sem medo e a fronte se mantem erguida;
    Onde o saber é livre;
    Onde o mundo não foi dividido em pedaços por estreitas paredes domésticas;
    Onde as palavras brotam do fundo da verdade;
    Onde o esforço incansável estende os braços para a perfeição;
    Onde a fonte clara da razão não perdeu o veio no triste deserto de areia do hábito rotineiro;
    Onde o espírito é levado a tua presença em pensamento e ação sempre crescentes;
    Dentro desse céu de liberdade, ó meu Pai, deixa que se erga a minha pátria.

         (tradução do inglês prefaciado por W. B. Yeats, português/1969 – Ed. de Brasília Ltda. Gasparino Damata – Tagore só escrevia em bengali – Prêmio Nobel de Literatura em 1913).
Dois amigos _ Gandhi e Tagore, dois homens que lutaram pela dignidade humana e da Índia livre de opressões externa _ cultura e 
direitos sociais _ amor à Vida terrena e ao sagrado que nos transcende. 

    Uma frase desta obra: “Eis aqui o descanso para os teus pés, que repousam onde vivem os mais pobres, os mais humildes, os mais perdidos”
    Reflexões que nos abateram neste ano de escuridão 2020 _ travessia 2021 _ anseios por uma Nova visão real de qualidade de vida no Planeta Terra, nosso mundo comum?! Olhar de frente nossa fragilidade humana neste abissal mistério que é a Vida. E outra frase de Tagore: “Ó tu, Morte, minha morte, última missão da vida, vem sussurrar ao meu ouvido o teu profundo mistério”.
E Tagore vai mais longe: "Estou apenas esperando o amor para poder final me abandonar inteiramente em suas mãos. Por isso já é tão tarde e por isso fui culpado de tantas faltas" (...) "Se não falares, encherei meu coração com o teu silêncio e o prolongarei. Ficarei quieto a esperar, como a noite cabisbaixa e paciente na sua vigília estrelada".
     Sejamos firme tecendo nossas tramas de sensibilidade e reverência ao Todo que nos envolve.

     Martha Pires Ferreira – dez. 2020

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