A poesia sempre nos
encanta, abrindo horizontes. Hoje, lendo Tagore separei Os dois pássaros, e,
juntei aos pássaros azuis de Pablo Picasso. Alegoria ao Amor! Vivência tão bela;
por vezes, sofrida e distante, presente e doce! A Vida é Poesia!
Os dois pássaros
O pássaro manso
vivia na gaiola.
O pássaro livre, na
floresta.
Encontraram-se
quando chegou a hora
marcada pelo
destino.
O pássaro livre
cantou:
- oh, meu amor, voemos para a floresta!
O pássaro preso
sussurrou:
- Vem pra juntos de
mim
Vivamos na gaiola!
O pássaro livre diz:
- Entre grades, onde
está o espaço para se abrir as asas?
- Ah, diz o pássaro
cativo:
Eu não seria capaz
de pousar no céu!
O pássaro livre
exclama:
- Meu amor, canta as
canções da floresta!
O engaiolado
responde:
- Senta ao meu lado,
ensinarei a linguagem dos sábios.
O pássaro da
floresta retrucou:
- Oh, não! As
canções não podem ser ensinadas!
Então o pássaro da
gaiola gemeu:
- Ai de mim! Não sei
cantar as canções da floresta.
O amor de ambos é
sem limites,
desejam-se um ao
outro,
mas não podiam voar
lado a lado.
Olhavam-se através
das grades
e em vão o desejo de
se unirem.
Agitam as asas e
cantam:
- Aproxima-te mais,
meu amor!
O pássaro livre
grita:
- Não posso, tenho
medo das grades, me assusta!
O pássaro engaiolado
murmura:
- Ai de mim, minhas
asas estão fracas e inertes!
(Rabindranath Tagore, em O Jardineiro)
Picasso, desenho - 1960
postagem - martha pires ferreira
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