Meditação Martha Pires Ferreira,
Artigo de setembro
2010.
Em
tempos de tranquilidade, de harmonia ou de inquietação, de conflitos à nossa
volta, e mesmo diante de tanta incerteza/impermanência num mundo em transições
profundas como tudo o que estamos vivendo no nosso planeta Terra, meditar, nos
interiorizar em estado contemplativo, é chegar a um horizonte apaziguador.
Meditar
é tesouro para a natureza humana.
Como meditar?
Procure local de silêncio, de preferência
no quarto, recanto da sala ou outro que possibilite um tempo de recolhimento.
Necessário dispor de 15’ a 20’ para internamente se aquietar em estado de
contemplação. Podendo iniciar com 10’ e depois passar para 15’. Meditar pela
manhã, e podendo, novamente, à tardinha.
Sentar-se com as costas eretas para
melhor circulação sanguínea. Manter-se quieta/o, com os músculos soltos,
relaxados, os olhos ligeiramente fechados ou fechados, como preferir. A mente
alerta, atenta. Respiração suave, abdominal, constante no observar; inspirando
e expirando. Quando já estamos experientes podemos meditar em qualquer lugar,
mesmo caminhando, em plena atenção interna.
Recomenda-se, é aconselhável para
iniciantes, para que a interiorização se faça da melhor maneira que se escolha
uma palavra/frase curta; sagrada como oração e a repetição desta palavra
enquanto se inspira e expira, num ritmo natural. A palavra deve ser repetida
internamente em silêncio, desta forma afastará os pensamentos que atrapalham e
invadem a mente; ajudará na concentração e no afastamento das múltiplas
dispersões. A mente ficará mais serena na medida em que se esvazia dos
pensamentos. Manter sempre atenta à respiração pousada.
Palavras recomendadas da tradição cristã: Vem,
Senhor, Veni Domini, Maranatha (do aramaico - São João, Apocalipse
22;20), Lumen Christi, Agnus Dei (Codeiro de Deus). O som oriental Om é
bem acolhido. Cada pessoa poderá encontrar uma palavra que sinta, afetivamente,
mais à vontade. Caso distrações aconteçam com pensamentos ou inquietações
voltar à melhor postura física, à respiração tranquila e à palavra escolhida.
Na tradição Zen basta a respiração sem palavras; silêncio interno em plena
atenção. O mesmo na cultura Vedanta; inspirar e expirar.
Meditando cada dia com regularidade percebe-se
um fortalecer na saúde, harmonia nas emoções, enriquecimento das funções intelectuais,
mentais, mais doçura no coração sensível. Nada de esperar resultados, tudo
ocorrerá naturalmente com o tempo em razão da prática continuada. Importante é
o estado contemplativo, a quietude interior.
Com o tempo sem qualquer palavra; inspirando e expirando suavemente.
A meditação contemplativa nos surpreende
quando nada esperamos, ilumina nossa alma nos conduzindo a níveis de vida mais
depurados.
O silêncio interior é o ouro dos
alquimistas.
Direção
espiritual e meditação, Ed. Vozes, Petrópolis, 1962
Thomas
Merton.
“A
meditação é para os que não se satisfazem com um conhecimento meramente
objetivo e conceitual em relação à
vida, em relação a Deus – em relação
a realidades de primeira importância. Querem entrar em contato íntimo com a
própria verdade, com Deus. Querem experimentar as mais profundas realidades da
vida, vivendo-a”.
“Não nos esqueçamos, jamais, de que o fecundo
silêncio em que as palavras perdem seu poder de expansão, e os conceitos nos
escapam, é, talvez, a mais perfeita meditação” (...) “devemos regozijar-nos e
repousar na noite luminosa da fé. Esse é um degrau mais alto de oração”. “A
finalidade última da meditação deve ser uma comunhão mais íntima com Deus, não
só no futuro, mas também aqui e agora”. E
termina este livro dizendo: “Santa Teresa de Ávila acreditava ser impossível a
alguém que se mantivesse fiel à prática da meditação vir a perder a sua alma”.