quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Poesia - flores do bem

        Ode aos Animais 
                                                        Martha Pires Ferreira           
Gato ou qualquer animal
doente, requer atenções e cuidados,
pode transmitir doenças.
Sadio, requer atenções e cuidados,
pode transmitir companheirismo e sabedoria. 
Os animais, diferentes dos seres humanos,
não se acham mais inteligentes
nem melhores do que os outros.
Não fazem jogos de poder
ou controle sobre outros animais.
Não são invejosos, donos da verdade,
sarcásticos ou maledicentes.
Não falam mal da vida alheia.
Nem são arrogantes,
Nem sofrem de orgulho ou de soberba.
Não acumulam bens materiais,
desconhecem estes tipos de apego.
Nada ostentam.
Buscam alimento para saciar a fome
e abrigo para dormir.
O amor é vivido instintivamente
com beleza e dignidade.
Procriam, cuidam da prole
e a deixam livre diante da Natureza.
Os animais vivem a vida
transmitindo sabedoria.
São mestres da retidão.
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Escrita em 2004, aqui no blog editada em 2007, agora, com muitas saudades de minhas gatas, reedito   -Mestras em tantos momentos paradoxais e limites, serenos e felizes.  
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        Sobre o absoluto Tao                  
                     Lao Tsé (poeta chinês – cerca de 604 a. C.)

O Tao de que se pode falar
Não é o Tao absoluto.
Os nomes que podem ser dados
Não são nomes absolutos.

O indizível é a origem do Céu e da Terra.
O denominado é a mãe de todas as coisas.

Portanto:
Há quem muitas vezes se dilacere de paixão
Para ver o segredo da vida;
Há quem muitas vezes encara com paixão a vida;

A fim de ver suas formas manifestas.
À ambos podem ser chamados o Mistério do Cosmo.
São da mesma natureza,
A qual se dá diversos nomes
Quando se tornam manifestos.

Ambos podem se chamados o Mistério do Cosmo.
Abarcando o Mistério e o Mistério mais profundo,
Eis a porta do segredo de toda vida.
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O pensamento de Lao Tsé -Tradução da versão alemã - H. Von Glasenapp. 
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A subida do monte carmelo
                     João da Cruz
Para vir a gostar de tudo,
Não queiras ter gosto de nada.
Para vir a saber tudo,
Não queiras saber algo em nada.
Para vir a possuir tudo,
Não queiras possuir algo em nada.

Para vir ao que não gostas,
Hás de ir por onde não gostas.
Para vir ao que não sabes,
Hás de ir por onde não sabes.
Para possuir o que não possuis,
Hás de ir por onde não possuis.
Para vir ao que não és,
Hás de ir por onde não és.

Quando reparas em algo,
Deixas de arrojar-te ao todo.
Para vir de todo ao todo,
Hás de deixar-te de todo em tudo.
E quando o venhas de todo a ter,
Hás de te-lo sem nada querer.

Nesta desnudes acha o espírito o seu descanso
          porque não cobiçando nada,
Nada o afadiga para cima e nada oprime
         para baixo porque está no centro
                               da sua humildade.                        
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    São João da Cruz  (1542 -1591)
Obras completas - Carmelo de São José – 1946/47, Portugal.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Martha querida,

lindo demais de se ler!
Como sempre fascinando com a sua exuberância de ser!

beijo saudoso
denise