quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Quatro poesias _ habitando em mim

 
Flor solar - nanquim e aquarela, 2025

Em momento diversos escrevi poesias de afeto por homens que me amaram e/ou que amei na intensidade. Por vezes, me sentindo amada, nem sempre correspondendo. Via de encantamento na magia da amorização se fazia em letras tentando o indizível secreto da alma. A solidão desenhando emoção do coração ferido ou liberto ao vento.

Bastou o tempo
 
Disse que vinha, veio inteiro,
ardente _ não ficando partiu,
jurou não mais voltar _
            o tempo não mede.
 
Dor se extingue, dor vivifica
             na carne ferida.
Voltou, ousou, chorou, partiu,
sumiu _ mistério do amar!        
Voltou, se achegou, amou...
            Pura gratuidade.
 
Partiu _ morri em mim
_ sem mais, sem mais retorno.
Na flor do indizível há vida _
bastou a aurora sorrir,
            bastou a luz do tempo.
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Fios possíveis
 
Tantos fios na trama vivida
além da beleza,
             natureza mãe
_ luxuriante altivez criadora
                acolhe por extensão.
 
Outros fios tecidos em ternura,
matéria corpórea esquecida de si.
 
O sensual como um rio
entregue ao olhar brilhante
                    do homem amado
deixa-se prender,
              suavemente, sem defesa.
xxxx
 Presença
 
Quando voo externo
não tece fazeres,
voo interno alcança
outra dimensão.
 
Não tendo encontro
do corpo sedento
o coração sensível
eloquente em silêncio
               _ se faz ternura.
 
Não há distância quando
sentido engendra
percepções veladas
            _ doçura no ar
sutileza na pele.
xxxx

Vestígios
 
Escondido se mostra
           em labirinto
perdido _ horas vagas.
 
Barulho leve emite
             atrás da porta,
vestígio; passo ansioso
caminhada incerta,
        chega insistente.
 
O distante é aqui _
       ruído imperceptível.
O que procura,
         o que deseja é
 copo de vinho tinto ou
         meu sorriso em flor?!
 
Silêncio se faz descansado
    _ a noite preguiçosa
                           adormece
doce repouso estendido _
amanhã é aurora!

              Martha Pires Ferreira

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