sábado, 7 de junho de 2025

Poesia _ narrativa ao tempo

 

Desenho ato de liberdade /detalhe, mural 8 metros _ Exposição Individual Parque das Ruinas, Santa Teresa, 2011.

Três poesias / narrativa _ a primeira escrita ontem na minha caminhada ao Sol matinal pensando em Baudelaire. As outras em tempo diferenciado, percepções vividas no corredor da vida.

Sabor de vinho
                     a Baudelaire
 
Natureza orgânica urge atenção vital,
a alma se enternece ao sorver
                      nos lábios... seco ou suave
bebida deslizando da goela
                                  ao seio poesia, sonho!
 
Internet carece do mosto da uva
                                 fermentação ser vinho.
 
A taça simples de vidro à espera
pousa na mesa... as mãos circulam
na dança suave do aroma
                  o olhar a envolver pulmões.
 
Tecnologia desconhece olfato
                          carece sabor do grão
tinto, branco, verde, espumante ou rosé.
Corpo conhece quase segredo e
sorri no engendrar da uva
                           transmutada em vinho.
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 Traços _ linhas 

Desenhar simples expressão
quase lugar-comum, banalidade
basta seguir imaginação fluida,
impulso da leveza interna.
 
Ouse, brinque em traços
_ lápis 4B, 5B. Micron 04, 05.
Permita revelar desejo, imagem
ponto, linhas... qualquer direção!
 
Divirta-se na cor! Aquarele!
Esqueça mágoa, raiva, ódio
indelicadeza _ dói corpo sensível.
 
Desenhar liberdade, traços
simples expressão, mãos soltas!
 
Trace _ desafiar é pura imaginação
criar sem medo, ousar intervalos
vazia de código, mãos libertas
resposta surgindo revela
pulsões internas _ feliz criatividade! 
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Quero

Não quero
erudição, não quero posse
não quero tristeza
não quero julgar
             criticar, condenar.
Não quero acúmulo, enlatado
contabilidade, racionalidade.
 
Quero o simples
             doçura, leveza
_ vazia de tudo
apreender, entendimento.
Quero a clareza
do coração, a ternura
no silêncio amoroso da alma.

                       Martha Pires Ferreira









Final da Exposição permiti que desenhassem/pilot, livremente, na extensão da parede junto aos meus traços.

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2 comentários:

Paula Terra-Neale disse...

Que bacana essa leveza e abertura, deve ter ficado muito lindo esse painel

caderno aquariano disse...

Sim, Paula, este painel ao longo da parede ficou poético. Como tinha que ser removido, deixei que desenhassem liberdade criadora! Exposição individual muito interessante. Bjs Martha