Da janela tenho o mundo, suas dores e encantos / junho 2025
Escrever
... deslizar na poesia, deitar-se na rede das palavras.
A
poesia pode ser concreta, abstrata em vertentes múltiplas. Tendências, juízos
de valores, regras ou mesmos princípios do mundo literário estão aí impondo gramática,
leis. Sou desenhista, livre e sem códigos. Escrever é tão antigo quanto o ar
que respiro; escrevo narrativas_ prosa poética.
Pensamentos
sem compromisso além do prazer de jogar palavras no papel, sentir a imagem
configurada, descansar na rede do silêncio eloquente. Por vezes, sou tão
hermética que só interessará a mim reler. Não importa, deixo a critério de quem
desejar navegar comigo encontrar algo que agrade sem maior espera. A poesia é uma
entre outras centelhas de conexão com a realidade, a Vida!
Quatro poesias em distintos momentos
Noite negra esconde as horas
corpo repousa dia... seu labor,
manso anuncia ouro solar!
voa quer árvore, quer frutos,
doce noite se desvela silenciosa
na melodia da alvorada ave!
reluzente vagaroso transpassar
a vidraça, no vão da janela o ar,
semiaberta cortina à luminosidade.
Olhos distantes ressonam vagando
repouso quieto, sem mais...
o amanhecer é manto dourado! /2025
É preciso pensar
nas coisas do mundo.
É preciso pensar
nas dores dos homens.
É preciso pensar
na fome dos companheiros.
É preciso pensar
no que transcende a vida
para sentir a beleza
das coisas do mundo e
das dores dos homens.
É preciso não mais permitir
que os companheiros de vida
morram de fome
sem mesmo terem vivido. /1967
Amo a vida na intensidade
olhos de gazela perdida
no vazio corredor sombrio.
É assim, sou assim.
seu corpo quente
com a alma, sua alma.
que chega de longe e abrasa
este seu jeito de querer
ser bom e puro,
violento e selvagem ao mesmo tempo.
quereres os mais simples.
É assim, sou assim. /1968.
Pés no chão, sentada à mureta
me encosto _ permito calor no rosto,
pernas, seios, braços, minhas mãos!
Leio, rabisco traços sem direção
_ lagarto surge, parece me ver
sacode a cabeça, abana a cauda,
se banha ao sol escalando altura.
Borboleta-amarela plaina, outra listada
brinca de correr, leveza... beleza,
a última pousa em meu joelho e foge.
Passam dois carros, três pessoas
bicicleta _ criança no carrinho
acena mãozinha iniciando na vida.
Barulho, o caminhão de carga
_ o silêncio espera em seu tempo.
Caminho devagar ao bar da esquina
_ meu sorriso para jovens do balcão;
quero frutas e sabor do pão e café.
Contemplativa ao ninho retorno
_ Vida é acolhimento, doçura na
simplicidade... essencial estar na música! /2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário