terça-feira, 17 de junho de 2025

Narrativa poética saiu do forno

        Mais uma narrativa poética saiu do forno _ escrever é exercício intelectual e pressão que brota do coração sensível. // Foto da mangueira que plantei em 2000 quando vim morar onde vivo até hoje.

 Coração cansado
 
Abro a ampla janela, aroma do ar
invade suave pulmões, nada a pedir
_ o prana da manhã, suave leveza.
 
Contemplo frondosa mangueira
saborosos frutos amadurecendo,
deslizo olhar ao horizonte circular.
 
Luminoso dia, vagarosas nuvens
passeiam ao azul, de lado a lado
formam figuras, remetem à infância;
gigantes, abstrações, animais e pássaros.
 
Abaixo ladeiras, casinhas diversificadas  
escadarias permeiam árvores nativas
_ à noite um presépio e Jesus dormindo.
 
Coração reflexivo percorre a natureza
o silêncio, vontade sem vontade...
Quem abraça tão cansado coração?!

            ___ martha pires ferreira

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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Santo Antonio _ generoso ser humano!

Santo Antônio da Pádua! Hoje, 13/junho/2025, dia de Festa no Convento Santo Antonio _ frades franciscanos. Santo homem que leva nos braços a Criança Divina. É o protetor dos esquecidos, dos pobres sem abrigo, casamenteiro e das questões difíceis.

Uma impensável multidão subindo a ladeira ou escadaria para homenagear, pedir algo ou agradecer. Classe social superior, por pertencer à classe que trabalha pesado, que sustenta a cidade, o país, o mundo [a classe dos din$ din$ é a menor em valores humanos, claro.]. Bela Festa religiosa, tradição popular! Eu só vi, em geral, gente sorrindo, articulando de um lado a outro, em oração, degustando iguarias variadas, obtendo múltiplas lembrancinhas [flor com bilhetinho] e recebendo Pão de Santo Antonio na saída... Tudo muito lindo!  


Bilhetinho e pãozinho que trouxe comigo.

Não sou devota, em particular, por santos, mas sempre admirei pessoas que fizeram bem ao mundo, que ultrapassaram sua própria dimensão alcançando nível de ser mais elevado, sendo mesmo supra-humanos; generosos, fraternos, não excludentes, doadores de si ao bem social. Por tanto, Viva Santo Antônio!! Festas folclóricas em Portugal onde nasceu em 1195 e na Itália onde morreu, em Pádua, 1231 aos 36 anos, tão jovem!

  Martha Pires Ferreira

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sábado, 7 de junho de 2025

Poesia _ narrativa ao tempo

 

Desenho ato de liberdade /detalhe, mural 8 metros _ Exposição Individual Parque das Ruinas, Santa Teresa, 2011.

Três poesias / narrativa _ a primeira escrita ontem na minha caminhada ao Sol matinal pensando em Baudelaire. As outras em tempo diferenciado, percepções vividas no corredor da vida.

Sabor de vinho
                     a Baudelaire
 
Natureza orgânica urge atenção vital,
a alma se enternece ao sorver
                      nos lábios... seco ou suave
bebida deslizando da goela
                                  ao seio poesia, sonho!
 
Internet carece do mosto da uva
                                 fermentação ser vinho.
 
A taça simples de vidro à espera
pousa na mesa... as mãos circulam
na dança suave do aroma
                  o olhar a envolver pulmões.
 
Tecnologia desconhece olfato
                          carece sabor do grão
tinto, branco, verde, espumante ou rosé.
Corpo conhece quase segredo e
sorri no engendrar da uva
                           transmutada em vinho.
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 Traços _ linhas 

Desenhar simples expressão
quase lugar-comum, banalidade
basta seguir imaginação fluida,
impulso da leveza interna.
 
Ouse, brinque em traços
_ lápis 4B, 5B. Micron 04, 05.
Permita revelar desejo, imagem
ponto, linhas... qualquer direção!
 
Divirta-se na cor! Aquarele!
Esqueça mágoa, raiva, ódio
indelicadeza _ dói corpo sensível.
 
Desenhar liberdade, traços
simples expressão, mãos soltas!
 
Trace _ desafiar é pura imaginação
criar sem medo, ousar intervalos
vazia de código, mãos libertas
resposta surgindo revela
pulsões internas _ feliz criatividade! 
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Quero

Não quero
erudição, não quero posse
não quero tristeza
não quero julgar
             criticar, condenar.
Não quero acúmulo, enlatado
contabilidade, racionalidade.
 
Quero o simples
             doçura, leveza
_ vazia de tudo
apreender, entendimento.
Quero a clareza
do coração, a ternura
no silêncio amoroso da alma.

                       Martha Pires Ferreira









Final da Exposição permiti que desenhassem/pilot, livremente, na extensão da parede junto aos meus traços.

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segunda-feira, 2 de junho de 2025

Poesia _ narrativa

 
Da janela tenho o mundo, suas dores e encantos / junho 2025

Escrever ... deslizar na poesia, deitar-se na rede das palavras.

A poesia pode ser concreta, abstrata em vertentes múltiplas. Tendências, juízos de valores, regras ou mesmos princípios do mundo literário estão aí impondo gramática, leis. Sou desenhista, livre e sem códigos. Escrever é tão antigo quanto o ar que respiro; escrevo narrativas_ prosa poética.

Pensamentos sem compromisso além do prazer de jogar palavras no papel, sentir a imagem configurada, descansar na rede do silêncio eloquente. Por vezes, sou tão hermética que só interessará a mim reler. Não importa, deixo a critério de quem desejar navegar comigo encontrar algo que agrade sem maior espera. A poesia é uma entre outras centelhas de conexão com a realidade, a Vida!

Quatro poesias em distintos momentos

Amanhecer
         
Noite negra esconde as horas
corpo repousa dia... seu labor,
manso anuncia ouro solar!
 
Pássaro livre canta solitário
voa quer árvore, quer frutos,
doce noite se desvela silenciosa
na melodia da alvorada ave!
 
Olhos cerrados a espera do ouro
reluzente vagaroso transpassar
a vidraça, no vão da janela o ar,
semiaberta cortina à luminosidade.
 
Olhos distantes ressonam vagando
repouso quieto, sem mais...
o amanhecer é manto dourado!      /2025
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Sentir é preciso

É preciso pensar
nas coisas do mundo.
É preciso pensar
nas dores dos homens.
É preciso pensar
na fome dos companheiros.
É preciso pensar
no que transcende a vida
para sentir a beleza
das coisas do mundo e
das dores dos homens.
É preciso não mais permitir
que os companheiros de vida
morram de fome
sem mesmo terem vivido.       /1967
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É assim
                   
Amo a vida na intensidade
olhos de gazela perdida
no vazio corredor sombrio.
É assim, sou assim.
 
Amo com o corpo
seu corpo quente
com a alma, sua alma.
 
Amo na fúria do vento
que chega de longe e abrasa
este seu jeito de querer
ser bom e puro,
violento e selvagem ao mesmo tempo.
 
Sou campesina, contemplo a vida
quereres os mais simples.
É assim, sou assim.               /1968.
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Vagando repouso
 
Pés no chão, sentada à mureta
me encosto _ permito calor no rosto,
pernas, seios, braços, minhas mãos!
 
Leio, rabisco traços sem direção
_ lagarto surge, parece me ver
sacode a cabeça, abana a cauda,
se banha ao sol escalando altura.
 
Borboleta-amarela plaina, outra listada
brinca de correr, leveza... beleza,
a última pousa em meu joelho e foge.
 
Passam dois carros, três pessoas
bicicleta _ criança no carrinho
acena mãozinha iniciando na vida.
 
Barulho, o caminhão de carga
_ o silêncio espera em seu tempo.
 
Caminho devagar ao bar da esquina
_ meu sorriso para jovens do balcão;
quero frutas e sabor do pão e café.
 
Contemplativa ao ninho retorno
_ Vida é acolhimento, doçura na
simplicidade... essencial estar na música!  /2023

      Martha Pires Ferreira
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