segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Espiritualidade _ 3º milênio _ Reflexões, Astrologia

         A espiritualidade, religiosidade, neste 3º milênio não será como no 2º milênio, nem regressão ou recuo ao passado, ao 1º milênio ou à mais  remota Antiguidade. O ser humano beberá, sem dúvidas, em muito das fontes primordiais, vivências dos primórdios no judaísmo ou início da cristandade, quando esta difundiu o senso de fraternidade, compaixão e igualdade entre os povos do Ocidente, não esquecendo que com o tempo se apoderou do poder temporal perdendo sua meta inicial. A questão aqui é outra, é pensar numa retomada às raízes da espiritualidade, no contesto contemporâneo. Ela se fará em buscas internas noutras civilizações do Oriente e noutras culturas diversificadas; expressões religiosas, bases formadoras de conceitos sobre o sagrado, a transcendência e o divino. A sede de espiritualidade é inerente ao ser humano. Caminharemos para a Espiritualidade-realidade das raízes, liberdade de comunhão com percepções as mais profundas, e trabalhando por um mundo humanizado, mais afetuoso para com a Natureza em seu todo. Especiais seres humanos e divinos como Krishna, Lao Tsé, Moisés, Sócrates, Buda, Jesus Cristo, Maomé e tantos outros de tradição, pouco conhecidas, como as da África e de povos Indígenas, que possuem vozes da Verdade essencial, estarão sempre presentes. Continuarão a ser luzes neste deserto cético da atualidade nos mais diversos recantos do mundo. Não se descarta que haja fanatismo dos arraigados em fantasias sentimentais e manipuladoras, próprias de seres limitados, estreitos, presos às normas das submissões e crendices vãs. Não é um olhar para o submundo das superstições ilusórias e seus entraves a ser tratado aqui, e sim algo mais elevado, depurado nos anseios da alma, na sede de felicidade cotidiana, no bem viver a vida.

No 3º milênio, ao que se deseja, não terá mais lugar um olhar de esperança única por uma recompensa na vida vindoura; religiosidade construída em temores,  diante do julgamento de Deus, o criador implacável _ conduzindo as almas não merecedoras para os Infernos, sem chance de qualquer salvação e as almas obediente, submissas na servidão, destinadas ao Paraíso, reino da felicidade eterna. Almeja-se espiritualidade vivida aqui mesmo no chão da Mãe Terra, noutro nível de consciência mais elevado, comprometida com todos. O ser humano com toda a natureza, a criação em seu todo terrestre, estará nas questões centrais da Vida, a existência em evolução contínua _ toda a Natureza um organismo vivo inseparável, interdependente.

Os místicos jamais seguem pensamento que os cerceiam, amarram e sufocam; sendo seres livres, interiormente, estão abertos às experiências mais profundas da alma, atentos aos encontros com o terreno e com o sagrado _ uma só realidade. Desconhecem dicotomia.

Neste início de 3º milênio que estamos atravessando, percebemos um esvaziamento, quebra dos velhos paradigmas. Deseja-se que uma parcela de seres mais evoluídos, com propostas e tomada de consciência, esteja voltada num investir participativo, na própria evolução das espécies-criação, sem exclusões. O desejo de bem-estar comum para com toda a humanidade, no aqui e agora, neste chão que pisamos. E assim, também, há de ser o caminhar silencioso dos eremitas, dos que preferem a vida de quietude, em comunhão com todos, o Todo indivisível.

Por toda a Idade Média (476/1453) pensava-se de modo geral, sobretudo, no Ocidente, no viver pastoril em submissão aos senhores feudais, e, esperança das recompensas na eternidade. Com o surgimento da Renascença, as grandes navegações em conquistas e explorações marítimas e terrestres, o surgimento do pensar humanista, as potências criadoras emergindo do próprio talento humano foram se afirmando e mostrando outras vertentes. Paradoxalmente, às grandes realizações artístico - culturais, tivemos ascensão de domínios absolutistas, abusos hierárquicos de poderosos ao manipular as massas escravos servis, assim é o que nos relata a história da civilização. O poder imperialista da Igreja católica, conivente com o Estado, criou tribunais eclesiásticos de inquisição se colocando senhores absolutos dos direitos ao pensar e escolher. Normativas do como deve ser o viver a vida, perdurou por séculos.

Tudo foi movido em complexidades plurais, com os avanços do pensamento criador, desde a Renascença. Impensáveis as conquistas e realizações que se estenderam nos anos seguintes com a Revolução Francesa e a Industrial, as afirmações de direitos humanos, e, modernamente, os desafios da Revolução Tecnológica _ um desdobrar das potências humanas em prol da Vida e seu desenvolvimento.

Passagem do séc. XX para o XXI chegando ao ápice do absurdo e da onipotência pelas conquistas e domínios exacerbados, constatamos os seres bípedes humanos, se julgando “deuses” _ o homem subjugando o homem pelas forças das armas com sofisticada crueldade. O animal carne, ossos, com desejos e pensamentos (homens e mulheres), voluntariamente, se deixando ser escravo do homem-máquina, manipulador e detentor dos poderes. O dominador-homem-máquina mantem em suas mãos as rédeas do escravo-máquina _ são criadores de artificialidades impondo suas mercadorias, ocupando espaços-negócios com ilusórias propagandas em sofisticados programas midiáticos. A massa submissa se ajoelha diante da única segurança terrena que lhes resta, a dos cifrões, visto que os deuses celestes estão mortos ou indiferentes aos apelos de felicidade e do bem viver a cada dia. A raça humana passou a ser atrelada a cruéis artifícios.

A religiosidade, a espiritualidade esmagada, manipulada, massificada e vilipendiada, perdeu o espaço nobre de reverência e acolhimento. O Deus dos simples sendo esmagado, pulverizado. Deseja-se um deus morto _ a inocência espiritual esvaziada como crendice de ignorantes. O que impera como norma é o reino frio dominante da “racionalidade” e da “materialidade selvagem”_ produção e lucros superlativos. Reinado do consumo e da ganância de uma pequena minoria mantenedora do sistema perverso do capital, em plena decadência, e, que por cegueira insaciável não consegue manter-se no equilíbrio. Assistiremos notória caotização, generalizada, de paraísos econômico-financeiro.

Uma imprevisível Praga, contra-ataca aos predadores da natureza. Não importa de onde ou como ela surgiu, se das sombras animais ou laboratoriais, ou por ordem mesmo da Mãe Natureza. Com potência esmagadora o Corona-vírus-19 surgiu inclemente, colocando de joelho todos os humanos do Planeta Terra _ de norte a sul, leste a oeste. Toda a humanidade, todos os poderosos, todos os “senhores exploradores e depredadores da matéria” estão sobre seu silencioso domínio.

O Corona  aprisionou a alma do mundo na matéria! A Humanidade como espécie anseia ressureição, sair das trevas. O lado obscuro, danoso e cruel da existência não pode impedir o ressurgimento do fluxo renovador de energias criadoras e vivificantes para o bem maior, a retomada dos valores os mais refinados e de sensibilidade no seio da criação, da Mãe Natureza em sua Totalidade _ ânsias de soluções e evolução.

Os anseios de eternidade passarão a ser, essencialmente, desejos  a serem vividos e resolvidos aqui em nossa Terra Mãe. Aqui mesmo, o Reino de Deus.

Cabeça de Zeus/Júpiter _ Museu do Louvre

  Netuno _ Fontana, Firenze _1565

Com o olhar da Astrologia podemos dizer que a Espiritualidade se fará surgir, em pessoas mais depuradas, com novos sopros, na chegada do planeta da expansão, impulso vitais, ética, justiça e alteridade entre outros valores _ Júpiter em signo de Peixes/Água, definidamente, no final de dezembro deste ano de 2021. Encontrará ali presente, em Peixes, o planeta da dissolução, ilusão, desapego, transcendência, doação, intuição, compaixão e mais, Netuno – no último quadrante da Faixa do Zodíaco. Tudo se manifestará a partir do coração aflito e esperançoso do ser humano, cansado das regras externas detentoras de poderes/normas que não atendem às solicitações pessoais e nem as do coletivo.

O ser humano buscará, reivindicará, outros caminhos dignos de vida terrena, mais justos, igualitários e de espiritualidade genuína em profundidade. Energias renovadas num apelo, em transcender, para novos níveis de evolução.

Esteja a inteligência voltada na preservação e cuidados para com a Mãe Natureza e as questões sociais ou cairemos no abismo das degradações sem retorno. A escolha é livre!

Ciclos de Netuno em Peixes/Água _ datas semelhantes, no passado, como as que vivemos hoje _ conjunção de Júpiter e Netuno, os dois em domicílio _ 20/01/ano 1524, 6º44 __ 22/2/1690, 12º 31 __  18/3/1856, 18º18 __ 12/4/2022, 23º 59 _ marcam momentos de avanço e evolução neste caminhar desafiador que é a vida humana no seu cotidiano. Até os anos de 2025, 2026 observaremos algo inimaginável revelando outros paradigmas, em valores essenciais à Vida!

Urgente caminharmos para a Espiritualidade que cuida e protege a Natureza,  nossa essencial fonte de Vida _ o Fogo, da vontade, ação e determinação criadora _ a Terra que nos oferece as mais plurais riquezas dos alimentos para o corpo_ o Ar que inspiramos e expiramos, transpiramos _ a Água pura da fonte imprescindível à saúde.

Mãe Natureza _ fonte essencial de Vida – requer todos os cuidados.

Este período de trevas _ de travessia _ aponta para uma Nova Civilização; clama ser espiritualizada no nível da inteligência, do pensamento se abrindo para a esperança com o coração afetuoso visando o bem comum social solidário, participativo, fraterno e igualitário. Compromisso com toda a humanidade, em conhecimento, segurança,  educação e cultura, como uma só família _ libertando a alma do mundo aprisionada na matéria.

Quem viver, verá! 

        Martha Pires Ferreira

    Dia de Todos os Santos, 1 novembro de 2021.

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2 comentários:

Zeno disse...

Olá querida Martha. Ontem o Waldemar Falcão falou de você e imediatamente resolvi fazer uma busca na internet, encontrando esse texto. Texto maravilhoso, que me faz muito bem! Voltarei a ele várias vezes! Muitos serão beneficiados ao lerem!
Grande abraço!

Martha Pires Ferreira disse...

Agradeço sua atenção com a leitura e gentis palavras. Meu Blog é multidisciplinar, percorro várias vertentes _ as Artes sempre presente.
Outro grande abraço.