quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Andre Barbault _ 1920 - 2019 _ França. E outros Mestres _ Astrologia


         A Astrologia desde 1966 faz parte de minha caminhada cultural. Não deixo em branco a passagem de Andre Barbault 1921-2019 / França. Ele, nesta semana, se despediu do mundo terrestre e foi habitar noutras instâncias. Ao estudar os Cânones da Astrologia, naturalmente, encontrei Andre Barbault e li vários de seus livros.
       A França perde um grande pensador humanista, acima do ser astrólogo. O preconceito e a empáfia acadêmica, certamente, deixarão passar como desconhecido quem foi Barbault, mas não seus seguidores do mundo das profundezas da alma com suas conexões celestes. Deixou uma vasta obra e seguidores incontáveis.
        Em 1985, Barbault esteve aqui no Brasil por ocasião do Congresso Internacional de Astrologia, organizado por Maria Eugênia de Castro. Tivemos oportunidade de conversar, entre tantas coisas, sobre a palestra que conferi _ Plutão/Hades num mundo em transformações radicais.  

Ele fez breve dedicatória para mim numa de suas obras _
  Astrologia Mundial/1981

 

 Andre Barbault autografando livro para Christine Correa.

         No meu livro Metáfora dos Astros _ um olhar na História Antiga, Aspectos/ Ed. VIDA, 2004 _ faço referência de meus estudos na obra de Andre Barbault e na bibliografia. Eis o meu texto no Posfácio _
        
       Neste trabalho, me ocupei com sintéticas pontuações astrais que não podem ser levadas ao pé da letra. É necessário saber fazer as conexões adequadas em relação ao Horóscopo em sua totalidade. Os aspectos são sinalizações a causais, indicam possibilidades na vida humana, agradáveis ou não. Nada está determinado, os astros indicam potencialidades que devem ser observadas, analisadas e vividas com liberdade. São possibilidades para a compreensão e o alargamento da consciência.
       Viver o Horóscopo é viver o processo de individuação. É ter a possibilidade de conhecer-se tal qual se é em realidade. Arthur Schopenhauer afirmava que o homem tem o livre arbítrio, mas não tem a vontade de o utilizar. É preciso ter coragem para ser.
       É preciso ter sempre em mente o sentido da generosidade, da criatividade, da abertura intelectual e afetiva para com a leitura do Horóscopo Natal, e tudo o mais que é o universo da Astrologia. A Astrologia retorna aos meios de comunicação cada dia mais.
        Em 1986 escrevi para um prefácio: “Quer queiram ou não, a Dama Astrologia foi desperta. Ela ressurge, sem dúvida, como um dos preciosos recursos às respostas fundamentais da alma humana. Ela vem unir fronteiras entre realidades internas e externas. Serve de ponte e aproximação da vida objetiva-subjetiva. Encarrega-se, na sua função de totalidade, de aproximar os opostos inerentes à nossa natureza tão complexa em seus contrastes. (...) Hoje, prolifera por toda a Europa e as Américas vasta literatura. O homem não está satisfeito com o seu sucesso industrial e tecnológico, ele sabe que algo lhe está faltando. São anseios internos que necessitam de ferramentas internas para sua complementação”.
        Iniciei meus estudos de Astrologia em 1966, ocasião em que abandonava a carreira de Advogada e iniciava a de Artes Plásticas, entretanto a Astrologia foi tomando conta de mim. A Astrologia, nas décadas de sessenta e setenta, era uma atividade extremamente marginal e vista com irônicos preconceitos pelos tolos que perambulavam na praça da racionalidade cartesiana.  Com fé, determinação e humildade, venci dragões.
Sendo o objetivo deste trabalho abrir janelas no campo prático, não poderia deixar de oferecer Indicação Bibliográfica Subsidiária, de autores nacionais e estrangeiros. Servirá como auxílio para estudos de aprofundamento em Astrologia e saberes afins. Poderá igualmente, visar um público sedento de curiosidade intelectual.
        Autodidata, capinando em terra árida e refletindo infinitudes celestes, inicialmente, li superficialidades astrológicas. Em seguida passei a estudar com firmeza obras de astrólogos de peso; Alpherat, Oskar Adler, Aldolf Weiss, Nicolas Sementowsky-Kurilo, Charles Carter, Margareth Hone, Georges Antarès, Reinhold Ebertin, Jeff Mayo, Boris Paque e François Labat. Posteriormente, Hadès, Maria Luisa Diaz Liesa, Dom Neroman, André Barbault, Paul Choisnard, Alexandre Volguine, Henri J. Gouchon, Jean-Pierre Nicola e Marcelle Senard. Assim como Ptolomeu, Marcus Manilus, Firmicus Maternus e Nostradamus. E até hoje lendo e estudando. História da Astrologia com Serge Hutin, René Berthelot, Derek e Julia Parker, Eric Russel, Jacques Sadoul, Rupert Gleadow, outros e outros.
        Gostaria de registrar que não foi nenhum astrólogo meu Mestre maior de Vida e sim, uma Analista Junguiana e Psiquiatra, a saudosíssima Nise da Silveira (1905-1999), que se tornou minha amiga muito querida por mais de trinta anos. Com ela, em seus Grupos de Estudo, mergulhei na Psicologia Analítica de C.G. Jung, na importância dos Símbolos, Mitologia e Alquimia. Ela costumava dizer que a análise depende do faro do analista, o que se presta em muito para a análise astrológica. E outro Mestre foi o monge beneditino, Thomas Merton (1915-1968), que eu não conheci, mas que me fala à alma até hoje. Estes não foram indiferentes à Astrologia, sempre se referiram a ela com simpatia. Eles sabiam das coisas. Sou grata aos meus pais, João Antônio e Henriqueta, que consciente ou inconscientemente, me deram a oportunidade de ser, essencialmente, livre.
       Ao nascer, somos sinalizados pela energia dos astros e não sabemos, ainda como isso se dá. É um grande mistério. Soltar as asas e transcender tempo e espaço, é privilégio de ser.
                     Martha Pires Ferreira 
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