A Astrologia desde 1966 faz
parte de minha caminhada cultural. Não deixo em branco a passagem de Andre
Barbault 1921-2019 / França. Ele, nesta semana, se despediu do mundo terrestre
e foi habitar noutras instâncias. Ao estudar os Cânones da Astrologia,
naturalmente, encontrei Andre Barbault e li vários de seus livros.
A França perde um grande pensador
humanista, acima do ser astrólogo. O preconceito e a empáfia acadêmica,
certamente, deixarão passar como desconhecido quem foi Barbault, mas não
seus seguidores do mundo das profundezas da alma com suas conexões celestes.
Deixou uma vasta obra e seguidores incontáveis.
Em 1985, Barbault esteve aqui no
Brasil por ocasião do Congresso Internacional de Astrologia, organizado por
Maria Eugênia de Castro. Tivemos oportunidade de conversar, entre tantas coisas, sobre
a palestra que conferi _ Plutão/Hades num mundo em transformações radicais.
Ele fez breve dedicatória para mim numa de suas obras _
Astrologia Mundial/1981
No meu livro Metáfora dos Astros _ um
olhar na História Antiga, Aspectos/ Ed. VIDA, 2004 _ faço referência
de meus estudos na obra de Andre Barbault e na bibliografia. Eis o meu texto no Posfácio _
Neste trabalho, me ocupei com
sintéticas pontuações astrais que não podem ser levadas ao pé da letra. É
necessário saber fazer as conexões adequadas em relação ao Horóscopo em sua
totalidade. Os aspectos são sinalizações a causais, indicam
possibilidades na vida humana, agradáveis ou não. Nada está determinado, os
astros indicam potencialidades que devem ser observadas, analisadas e vividas
com liberdade. São possibilidades para a compreensão e o alargamento da
consciência.
Viver
o Horóscopo é viver o processo de individuação. É ter a possibilidade de
conhecer-se tal qual se é em realidade. Arthur Schopenhauer afirmava que o
homem tem o livre arbítrio, mas não tem a vontade de o utilizar. É preciso
ter coragem para ser.
É
preciso ter sempre em mente o sentido da generosidade, da criatividade, da
abertura intelectual e afetiva para com a leitura do Horóscopo Natal, e tudo o
mais que é o universo da Astrologia. A Astrologia retorna aos meios de
comunicação cada dia mais.
Em 1986 escrevi para um prefácio: “Quer
queiram ou não, a Dama Astrologia foi desperta. Ela ressurge, sem dúvida, como
um dos preciosos recursos às respostas fundamentais da alma humana. Ela vem
unir fronteiras entre realidades internas e externas. Serve de ponte e
aproximação da vida objetiva-subjetiva. Encarrega-se, na sua função de
totalidade, de aproximar os opostos inerentes à nossa natureza tão complexa em
seus contrastes. (...) Hoje, prolifera por toda a Europa e as Américas vasta
literatura. O homem não está satisfeito com o seu sucesso industrial e
tecnológico, ele sabe que algo lhe está faltando. São anseios internos que
necessitam de ferramentas internas para sua complementação”.
Iniciei meus estudos de Astrologia em
1966, ocasião em que abandonava a carreira de Advogada e iniciava a de Artes
Plásticas, entretanto a Astrologia foi tomando conta de mim. A Astrologia, nas
décadas de sessenta e setenta, era uma atividade extremamente marginal e vista
com irônicos preconceitos pelos tolos que perambulavam na praça da
racionalidade cartesiana. Com fé,
determinação e humildade, venci dragões.
Sendo o objetivo deste
trabalho abrir janelas no campo prático, não poderia deixar de oferecer Indicação
Bibliográfica Subsidiária, de autores nacionais e estrangeiros. Servirá
como auxílio para estudos de aprofundamento em Astrologia e saberes afins.
Poderá igualmente, visar um público sedento de curiosidade intelectual.
Autodidata, capinando em terra árida e
refletindo infinitudes celestes, inicialmente, li superficialidades
astrológicas. Em seguida passei a estudar com firmeza obras de astrólogos de
peso; Alpherat, Oskar Adler, Aldolf Weiss, Nicolas Sementowsky-Kurilo, Charles
Carter, Margareth Hone, Georges Antarès, Reinhold Ebertin, Jeff Mayo, Boris
Paque e François Labat. Posteriormente, Hadès, Maria Luisa Diaz Liesa, Dom
Neroman, André Barbault, Paul Choisnard, Alexandre Volguine, Henri J. Gouchon,
Jean-Pierre Nicola e Marcelle Senard. Assim como Ptolomeu, Marcus Manilus,
Firmicus Maternus e Nostradamus. E até hoje lendo e estudando. História da
Astrologia com Serge Hutin, René Berthelot, Derek e Julia Parker, Eric Russel,
Jacques Sadoul, Rupert Gleadow, outros e outros.
Gostaria de registrar que não foi
nenhum astrólogo meu Mestre maior de Vida e sim, uma Analista Junguiana e
Psiquiatra, a saudosíssima Nise da Silveira (1905-1999), que se tornou minha
amiga muito querida por mais de trinta anos. Com ela, em seus Grupos de Estudo,
mergulhei na Psicologia Analítica de C.G. Jung, na importância dos Símbolos,
Mitologia e Alquimia. Ela costumava dizer que a análise depende do faro do
analista, o que se presta em muito para a análise astrológica. E outro
Mestre foi o monge beneditino, Thomas Merton (1915-1968), que eu não conheci, mas
que me fala à alma até hoje. Estes não foram indiferentes à Astrologia, sempre
se referiram a ela com simpatia. Eles sabiam das coisas. Sou grata aos meus pais,
João Antônio e Henriqueta, que consciente ou inconscientemente, me deram a
oportunidade de ser, essencialmente, livre.
Ao nascer, somos
sinalizados pela energia dos astros e não sabemos, ainda como isso se dá. É um
grande mistério. Soltar as asas e transcender tempo e
espaço, é privilégio de ser.
Martha Pires Ferreira
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