Matisse
A MULHER NO TERCEIRO MILÊNIO
Para entendermos a totalidade da natureza da mulher é necessário um mergulho na história do feminino desde os tempos primordiais. Vamos encontrar no campo das religiões e dos mitos as chaves para a compreensão da essência da mulher - o conhecimento de sua arqueologia interior e suas manifestações no mundo.
A humanidade patriarcal e matriarcal foi surgindo e se organizando em vários momentos da história que se perdem no tempo. Tudo faz admitir que nas sociedades arcaicas o que reinava era o matriarcado – a mulher era a guardiã e sacerdotisa da vida intrinsecamente unida à natureza, a grande Mãe-Gaia.
No processo
de evolução do princípio feminino, para o seu desenvolvimento e complementação
é necessário o confronto com a natureza e os princípios do masculino a fim de
assimilá-los e entendê-los. Os confrontos entre o Homem e a Mulher em todos os
tempos sempre foram complexos e imensamente misteriosos. Nessa longa caminhada
da evolução feminina em que se vivenciam as mais fortes emoções é natural que a
mulher assuma o materno. E por materno se entende tudo que é fecundado,
criativo e dadivoso – como as árvores, como a própria essência da natureza.
A
árvore sempre representou o universo materno, o símbolo da vida. No Brasil temos
a nossa majestosa mangueira que tranquila e sábia segue o ritmo das estações; aceita
seu momento outonal ao perder seus frutos, recolhe-se no seu inverno enigmático
e deixa-se florescer e ofertar suas saborosas mangas na primavera e verão,
gloriosa em sua trajetória anual. Raízes profundas sustentam forças internas
que se manifestou sobre ela, o tronco fincado no chão da realidade se expande e
se abre em copa majestosa voltada para os céus num desejo ardente de percepção
universal e absoluta plenitude. A árvore é uma representação arquetípica da
imago feminina.
No desejo de
chegar a seu núcleo criador, a mulher terá que confrontar sua sombra obscura e
por vezes tenebrosa, manifestando a pujança da força feminina em toda a sua
grandeza natural. As armas poderosas da mulher sempre foram o poder do coração
amoroso, a compreensão afetuosa aliada à reflexão intelectual e aos assuntos
relacionados com a vida interna e espiritual.
A dominante neste
terceiro milênio será retomada do princípio feminino em sua essência. Vivemos,
hoje, um grito de desespero predatório, o sabor das destruições generalizadas.
A nossa desgastada civilização masculina institucionalizada primando pela racionalidade,
provedora em ciência e tecnologia avançadas, vive paradoxalmente a sua falência
humanístico-cultural, chegou ao seu ponto mais alto. Terá que dar espaço a um
novo ciclo da história da humanidade. Terá que caminhar em outra direção. Uma
nova civilização que se identificará não com as manifestações dos “poderes”
puramente pragmáticos a serviço do consumo desenfreado e insaciável, mas sobre
tudo, no que a natureza possui de solidária e humanamente afetuosa. O terceiro
milênio em sua sede de calor humano e equilíbrio em todas as áreas do
conhecimento voltar-se-á para o princípio feminino, receptivo, o qual se
estenderá fértil no coração do mundo com Amor – Sabedoria, fonte primordial da
vida, em harmonia com o princípio complementar masculino.
Martha Pires Ferreira [Texto publicado na
Folha de Trancoso, julho de 1990, por Jorge Mourão - Bahia - breve revisão em
2007]. ~
Campo de Santana _ Rio de Janeiro
Não me ocupei em ver se já publiquei esta matéria aqui no Blog.
Entretanto é oportuno neste momento de tamanha insensibilidade para com o
feminino Mãe Natureza _ as Matas, nossa Flora _ nossa Protetora.
Nota: Não cabe
aqui abordar as questões de gênero. O que se propõe é a reflexão sobre o
Feminino _ energia feminina diante de num mundo Masculino, árido e inflexível,
que devasta a Mãe Natureza, sem medida.
---- artigo e postagem - martha pires ferreira
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