Chegando, hoje, 28 de fevereiro, último dia da Ocupação
Cultural Moraes e Vale, no coração da charmosa e bizarra Lapa, sou tomada pelo
som da bateria. Um calor insuportável! Observo um homem alto sem camisa dançando com expressão de
alegria. Quando outro, tão desvalido
quanto, meio tropeço, se aproxima com uma garrafinha bojuda e oferece água no
copo do mais alto, com gesto de espantosa delicadeza, quase doçura. Meus olhos
brilham numa escondida emoção podendo registrar, de relance, tão alta ação de
solidariedade e partilha. O homem baixo se afasta sorrindo ao servir água ao
possível amigo. Caminho. Revejo as artes, artistas e amigos. Volto para meu
refúgio de Santa Teresa com o exemplo de amorosidade humana entre dois párias
de rua, contraste em nossa sociedade paneleira, insensível e estúpida, embora vestindo
grifes, não nos é capaz de surpreender em belezas e tamanha ternura. A vida em seus
contrários de opostos, miséria e abundância, continua mistério insondável. Só
atitudes amorosas encantam e nos liberta! O que veio depois...se a pinga ou a água, isso é indiferente. A grandeza se fez presente no ato de partilha afetuosa.
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Outras imagens do evento organizado por Paulo Branquinho, revitalizando este canto da Lapa com garra e coragem em prol das Artes e da Cultura. Uma semana de Festa e Alegria com infinidade de artistas visuais, fotógrafos, poetas, amigos/as da cultura...Ver redes sociais - face book - etc.
Galeria Paulo Branquinho
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