domingo, 10 de janeiro de 2016

Reis Magos, ainda.

Atemporal, hoje, 10 / 01, relato aqui nossa Folia com Arte (postado no Face book dia 7 ).
Iconografia - Adoração dos Reis Magos. A. Dürer
Folia com Arte na Casa Amarela
Ontem, 6 de janeiro de 2016, comemoramos a 9ª edição da Folia com Arte, na Casa Amarela, Espaço Cultural de Santa Teresa. Por solicitação da anfitriã Teresinha Castelo eu não pude negar o pedido de falar sobre os Reis Magos, sua simbologia, um pouco da riqueza que é a Folia de Reis e a Santaria em nosso país, Brasil. Visto que os Reis Magos representam algo profundo em minha história de vida me fiz presente com alegria para com um público atento e caloroso. Depois de minha exposição, mostra e distribuição de santinhos, e, coquetel especial com vinho do Porto, Bolo de Reis e Romã. Comemoramos a Folia de Reis com Arte e Alegria; exaltação ao divino em cada um de nós com simplicidade fraterna. Festejos tão ricos em muitas partes do nosso país, herança portuguesa e espanhola, certamente, e, que desejamos se mantenham e se reativem com tradição, beleza colorida e musical.
Vivemos com os Reis Magos uma singela celebração; epifania do mistério da encarnação de Jesus, o Messias. Estes Sábios eram pessoas estranhas à cultura judaica, grega ou romana, e, no entanto foram eles os anunciadores do nascimento da Criança Divina.
Os sábios astrólogos do Oriente eram em número que não se sabe. Várias fontes. Celebra-se em número de três, por tradição. Denominados em hebraico e grego, eles são conhecidos em latim; Baltasar, o Rei Negro, de meia idade, ofereceu a Mirra – resina aromática, símbolo da mortalidade; Melquior o mais velho, de barbas brancas, ofereceu o Ouro – símbolo da realeza espiritual do Menino Jesus; Gaspar o mais jovem ofereceu o Incenso, símbolo das orações feitas com devoção.
Em alguns relatos constam que os sábios do Oriente, Pérsia e África, haviam observado uma estrela brilhante que mostrava no seu centro a imagem de uma mulher levando nos braços uma criança coroada. Era profecia antiga dos descendentes e sucessores de Balaão, personagem do Antigo Testamento; “Uma estrela se erguerá sobre Jacó e um Homem sairá de Israel”. Os sábios esperavam o surgimento da estrela. Astrólogos, que eram, olhavam o firmamento em constante observação, aguardavam um sinal dos astros. Quando viram um stelium de planetas; Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio, no horizonte celeste emitindo intensa luminosidade, se assustaram, e, de imediato foram a caminho. A estrela apontava a direção de Jerusalém. Chegando a essas terras indagaram aos sacerdotes e ao povo o que eles viram no Oriente. Relatos em Mateus: 2, 1-12. No 13º dia, quando o Sol está em seu surgimento mais potente, os Santos Reis encontraram em Belém da Judéia o Menino num estábulo, deitado numa manjedoura; ofereceram seus presentes depois de se curvarem em adoração e beijarem os pés da Criança Divina.
Os santos reis astrólogos simboliza o que contem o Divino Brasão. Regressando à Babilônia e suas terras, eles propagaram o nascimento do Menino. Os Reis Magos quem anunciaram ao mundo, a toda a humanidade, a chegada de uma Criança Divina;  o Arquétipo da consciência de fraternidade, igualdade, solidariedade. Astrólogos e sábios do Oriente, homens alheios a Antiga Aliança, representam o que deveria incluir na história da humanidade; a Nova Aliança entre povos e nações, sem fronteiras. Uma única Humanidade, mantendo suas etnias e valores. Humanidade em espírito igualitário.
E, na atualidade, não seriam os refugiados vindos do Oriente, em todos os níveis, povos e culturas, os Reis Magos de hoje? Multidão a caminho na procura da estrela de Belém, da Nova Aliança, do acolhimento e harmonia entre povos, nossa casa comum, planeta Terra. Reflexões necessárias num mundo sem tréguas, tecido de crueldade e desumanidade. Ausente de alteridade e amor aos valores essenciais à Vida, a toda a Criação, à Mãe Natureza. Aguardamos a estrela convergente a valores mais elevados.
Importante lembrar, aqui, que os Santos Reis prefiguram as Santas Mulheres que viram Jesus ressuscitado. Preocupadas, as mulheres que acompanharam a crucificação de Jesus, foram ao túmulo dizendo: “Apressemos, adoremos como os Magos e levemos presentes, unguentos aromáticos, para Aquele que já não está envolto em panos, mas em mortalhas” (...) Ouviram de um anjo: “Ele não está mais aqui”... Quando elas se surpreendem diante do Cristo ressuscitado. Os Reis anunciaram a encarnação de Cristo e as Mulheres a Sua ressurreição. Cristo vence a morte; eis o mistério do cristianismo.

Reflexões além no tempo e espaço, no mundo contemporâneo, sobre o simbolismo que remete ao arquétipo dos sábios reis astrólogos. Termino com palavras do teólogo e escritor Leonardo Boff, a mim enviadas, em janeiro de 2007: “Os evangelistas usaram o fenômeno astronômico para apresentar Jesus como aquele Senhor do Universo que vem sob a forma de uma criança para unificar tudo. Essa Energia é divina, mas não exclusiva. Ela se Expressa sob muitas formas históricas. Em Jesus, o Cristo, ganhou uma concretização que mobilizou outras culturas com seus sábios vindos do Oriente. Todos os caminhos levam a Deus e Deus visita os seus em suas próprias histórias. Todos estão em busca daquela Energia que se esconde no significado da palavra Cristo. Esse encontro com a Estrela produz hoje, como produziu ontem, alegria e sentimento de integração. Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com a mente sempre desperta aos sinais como os reis magos”.
 [martha pires ferreira - janeiro de 2016] 


 


         Que neste ano de 2016 surja no horizonte a Estrela da Consciência - Harmonia, Igualdade, Justiça Social e Solidariedade
 entre povos e nações. 

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