sábado, 28 de abril de 2012

Paradoxo

Inscrição no poço do Templo Zen Ryoan-Ji. Kioto
Estou aprendendo a ficar contente com tudo
Sim, é possível que, com a vivência da idade, caminhando tranquila nos meus 73 anos, eu esteja aprendendo a ficar contente com quase tudo. Digo quase porque é impossível ficar contente e feliz com a miséria reinante no mundo. A miséria é a prova da incapacidade do ser humano de ser grande, evoluído. Somos como espécie, atávicos e insignificantes, incapazes de real solidariedade entre povos e nações. É deplorável fingir que nada sabemos por que nada podemos fazer.
A foto desta família da Etiópia me impressionou tanto que só tenho é ser consciente do abandono humano e social, me identificar com os mais excluídos e banidos. Esta foto de revista eu a tenho bem visível em minha casa, há muitos anos, para não ousar qualquer lamento pessoal. Reaprender sempre. Não me lembro de como veio parar em minhas mãos.
Paradoxo: ficar contente com tudo é um exercício que se adquire com o tempo, mas impossível viver sem estar perplexa e ferida diante do abandono do outro, meu igual.

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