quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Feliz Natal 2025/2026 --- o Divino adentrando na matéria!


 Presépio - Carmélia Rodrigues _ artesã, Pernambuco, Brasil. 

Feliz Natal !!! _ o Divino adentrando na matéria!!!

__ o Divino se revelando da matéria!!!

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 CANTO DE NATAL

            Manuel Bandeira   

O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.
 
Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.
 
Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.
 
Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.
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Natal       
            Jorge de Lima
 
Feliz de quem, quando o ano termina,
possui um doce e acolhedor abrigo:
a companheira, o filho, a avó tão rara
ou mesmo o amigo
com quem possa se reunir em Cristo,
e sua vida interior desperte viva
de dentro de si uma alma de
São Francisco; o amor generoso,
o heroísmo estranho de beijar um leproso.
De lembrar-se de que há no mundo
criaturas de Deus pelo Natal
sem companheira, e sem a avó tão rara
e sem um beijo de mãe ou um beijo de
filho, e até sem um livro que substitua
o amigo.
Feliz de quem, quando o ano termina,
pode ver a estrela no céu
e tem olhos ainda
para encontrar Jesus.
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Poema de Natal

       Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

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