sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

ATELIÊ LIVRE _ Mãos criativas

 

ATELIÊ LIVRE  _ Desenho e Colagem
Casa das Palmeiras
Dia 6 -- 2ª feira _ Reis com Arte
Dia 22 – 4
ª feira
Orientação: Martha Pires Ferreira
Aberto ao público _ tarde de criatividade
__ das 13h30 às 17h __ café e chá.
Rua Sorocaba 800, Botafogo
****
Gratuito – podendo R$ 30,00 (contribuição para a Casa).
Informações _ Tel. 2242-9341
Venha para uma tarde feliz! Alegria!





 

___ postagem Martha 

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Poesia e Memória ativa o cérebro

 

Minha história tem asas
 
Outro dia eu tinha
cinco anos, olhava o Sol
_ nasci na serra dos Orgãos
sorria, brincava, chorava.
 
Outro dia tinha
oito anos percebia,
me achava pensativa, sofrida.
 
Outro dia tinha
dezoito anos, altiva
conhecia o desejo, o amor.
 
Outro dia tinha
vinte anos rebelde,
iludida percebia a existência.
 
Outro dia tinha
vinte e quatro anos
estava distante, vazia de mim.
 
Hoje, tenho vinte e oito
conheço a beleza; dei o salto
mergulhada no imensurável.
 
Estou em 18 de fevereiro de 1967.
 
O tempo atravessou linear
dei seguimento à poesia em verso.
 
Janeiro de 1978, mulher madura
continuidade natural ousa... se revela,
tenho um filho, pertenço a Vida!
 
Hoje, janeiro/2025, segue fevereiro,
caminho para os 86 verões,
no humor a realidade é um instante
_ consciência do estar na eternidade.
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Memória ativa o cérebro 

Revendo pastas, escritos guardados. A década de 1960/70 muito intensa para mim, pessoalmente, e, história do Brasil. // Dentro de mim, tempo de alargamento de consciência _ cultura e vida afetiva, tudo em intensidade.

Poesias rabiscadas que guardei como dados biográficos de instantes vividos. Meus relatos são percursos da inteligência e de afetos, conquistas e derrotas no interior da alma. Não me atraia falar de perfumarias; vinhos, vestido, automóvel, restaurante, corridas de cavalos. De política era vedado qualquer expressão verdadeira, honesta em anos de chumbo grosso militar. Formada em Direito, nada de trabalhista, só família __ frustração geral, desilusão. Ler Roger Garaudy risco de ser pressa, Karl Marx nem pensar. Meu pai mandou queimar cerca de 200 livros.

Um buraco se fez, escuridão sem horizonte. O desenho e a astrologia me salvaram _ a Arte e a Natureza. Escrever só o que o coração permitia e não fosse objeto de perigo político. Encontros, dores ou levezas afetivas envolvendo a vida _ silêncio. Falar do corriqueiro serviu de meta, desta forma só mantinha o que não representava perigo ideológico. Altiva prossegui. Paz e Bem!

Não
 
Não consigo estar serena
ouvir o gorjeio dos pássaros...
tarde colorida adormecendo.
 
Não consigo serenar e
dormir meu sono de gente
que nasceu para vislumbrar
formas de beleza.
 
Não consigo descontrair
o espírito na leveza da vida;
a fome, o abandono e a doença
devoram violentamente
a carne dos homens irmãos.
 
Revoltada sim, eu choro
como criança, diante do mundo injusto.
Me rebelo contra
o egoísmo da riqueza exacerbada
contida nas mãos de poucos.
 
Não me conformo, eu choro
frente a inconsciência
dos carniceiros gananciosos.
Não consigo tranquila e plena
ouvir o gorjeio dos pássaros
na tarde colorida descendo lentamente!     /1967
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 Cada dia seu fardo
 
Não me procure
perdida na estrada
nem mesmo
queira que eu cante.
 
Voo espaço longínquo
cada vez mais infinito
esquecida... distante na vida.
 
Peregrina madrugada sou.
Caminho serena
entre hortaliça verdejante
afilado espinho seco.
 
Sozinha, não recuo, tranquila
saber ser perdedora.
 
Nem sequer me procure
não mais importa
o que fui, fiz, farei,
posse a vir ter ou ser.
 
Atravesso noite, manhãs
sendo ou não distraída,
       simplesmente, atravesso.     /1967
****
 Nada a pedir

Não trancarei mais a porta
quando me pedires repouso,
não negarei mais um só dia
estender minhas mãos
                       para as carícias.
 
Quando o sino tocar na tarde
anunciando a tua chegada
correrei para ajeitar os cabelos
sacudirei a poeira das vestes e
perfumarei meu corpo
com essência dos céus.
 
Colocarei flores no vaso de barros
abrirei as janelas
para que o cantar dos pássaros
penetre melodiosamente.
 
Abrirei a porta feliz a espera de ti.
 
Se demorares um pouco
acenderei a lâmpada para
não tropeçares na escada escura.
 
Na hora da tua partida
beijarei tuas mãos com ternura
silenciosa, seguirei com olhar
marejado de felicidade
o teu trajeto de homem.
 
Não pedirei sequer
que me leve na lembrança.     /agosto, 1967

                           Martha Pires Ferreira
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