quarta-feira, 17 de julho de 2024

Poesias entre flores _ estado de ser

Branco
 
Preciso da cor branca, o branco
que me possui, acompanha.
 
Branco é espaço absoluto
         vazio que tudo contém
_ o tempo sem nada,
suspira, em tudo floresce
refloresce, vivifica!
 
Leveza ou dureza no espaço
         insinua oportunidade
_ papel onde traço desenho,
         delirando sonhos são
pérolas no fundo dos olhos
         _ tudo acompanha.
 
Ao ler vejo palavra, letra
docemente rabiscada
­­       no branco _ não é ausência,
digo baixinho: é surpresa
pousando no eterno presente.   
  

Adormece
 
Partiu, nem chegou distanciou,
passos em silêncio, seguro e cauteloso.
 
Encontros não mais se fazem
        vazia a tarde escurece serena
entre as árvores, a janela é o mundo
formosa emoção do alto amor.
 
Não mais céu azul com nuvens brancas
_ o olhar vagueia... este silêncio na tarde
                     o coração adormece
escuta passos silenciosos, sem esquecer.

Delicadeza, a vida!
 
Sensível, complexa, sutileza
e dores entre sabores é a Vida!
Efêmero no segundo sequente
inconteste, assim delicada, a vida!
 
Caminhar o dentro imperativo
olhar ao entorno, confrontos
sem medo. Soltar-se do inútil
a beleza se faz ressurgir revivida.
 
O atemporal escapa das mãos
escoa entre meus dedos vividos
_ seu fardo, seu peso, esteio.
O sentir tão docemente macio
tênue e veloz. Exigente é a vida!
 
Os dias engendram surpresas
a escoar entre os dedos vividos.
Fios... se fazem na pele, suavidade
a cada passo, disputa, encontros
delicadeza revelada, estou na Vida!

          Martha Pires Ferreira
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