Martha Pires Ferreira
A
Bíblia, judaica, cristã, é uma obra tida como sagrada / conhecida na cultura do
Ocidente. Até aí, tudo bem! A Bíblia é obra extensa, um registro de seres
humanos, ao longo da história. Ela é entendida como princípios, leis, dos
desígnios de Deus. Denominou-se ser de ordem divina, palavra divina. A
interpretação nem sempre condiz com
a verdade dos fatos; são posições,
projeções, de seres humanos, repletos de contradições, desde tempo arcaico, há
milênio. Inconcebível é se viver arraigado, ainda, hoje, na visão da Antiguidade
tão remota, longe das conquistas e desejos reais por estado do ser mais aperfeiçoado, humanizado. Intérpretes
conservadores impõem normas incompatíveis para com o bem comum.
A
Bíblia como se apresenta/vista em conteúdos de perverso comando entre povo e
nações é inconcebível. Observamos ser imbuídas de explanações de baixo estado
de evolução, absurdo de atávica percepção do povo antigo; pontuais distorções
interpretativas. Impossível conceber o Deus criador das potências da natureza,
com tudo o que a envolve, ser Ele perverso e instigar barbárie, vingança, ódio
e crueldade entre seres e povos (povos que Ele mesmo criou). Nunca aceitar
qualquer povo se ter como “o escolhido” pelo Criador (Fonte primordial, o Deus
Desconhecido). Seria um contrassenso, disparate, o Criador das espécies dar
privilégios a um povo e excluir outros; vizinho ou não; espoliar, degradar _ isto
é aberração. A interpretação humana é que, por atavismo, se diz mais e melhor;
privilegiada e/ou escolhida a sabor de sua natureza (estado de evolução). Os
judeus mais evoluídos, cultos, não pensam assim, não carregam a arrogância
histórica de eleitos.
Quanto
a judeus e crentes, de diferentes vertestes, usarem Moisés como escudo, e, mandatário
de ocupações e desvarios, é distorção inconcebível. Pessoas atávicas permanecem
presas a absurdas interpretações, sem abertura para o processo da evolução
humana que luta para ser igualitária, solidária e soberana. Muitos ainda vivem num passado
remoto, atados a valores religiosos se fundamento amoroso, distantes dos
direitos socio-humanos. Pouco reflete!
Por
exemplo, onde estava a terra bíblica de Adão e Eva? Alguém saberia
localizar? Acontece que não existiu terra/espaço
em nenhum local deste planeta _ geógrafos assim dizem. O sábio padre Teilhard
de Chardin, paleontólogo/geógrafo/pensador jesuíta, escandalizou a Igreja
católica romana ao afirmar isto; não se tem conhecimento de terra onde eles
habitaram. E mais, que não surgiu apenas um homem e uma mulher; surgiram homens
e mulheres no processo natural da criação. Sua obra _ O Fenômeno Humano.
A
mais antiga epopeia da cultura hindu, o Bhagavad Guita, Cântico dos
Bem-Aventurados, mostra o combate, a luta de Arjuna com a ajuda de Krishna, para
elevar-se a níveis mais depurados de civilização. O ser humano é chamado a
caminhar para o futuro, sua função é ser humano; em constantes novos
amanheceres civilizatórios.
O
Antigo Testamento é tradição hebraica; livro dos judeus. O Novo Testamento,
obra tida como sagrada, foi escrita por intérpretes evangelistas, judeus, os
quais relataram a partir da vivência apreendida e pela oralidade; visam Jesus Cristo de Nazaré, que sem dúvida marcou
um corte civilizatório, uma Nova Era _ nada escreveu. E, ainda, hoje, suas
palavras/verbo não foram, profundamente,
assimiladas pela cristandade em sua maioria; ao que Jesus veio ao mundo e ao
que representa para a humanidade. Ele é exemplo vivo para sermos pessoas
solidárias, igualitárias, participativas, afetuosas e fraternas.
Como
estamos longe! Longe, ainda! Grandes homens e mulheres nasceram e viveram e
trabalharam para níveis mais depurados neste “planetinha” Terra! Anônimos ou
não, seres comuns trabalhadores, assim como os da ciência, arte, religião,
cultura, resistem; abrindo portas e
janelas de humanização solidária, participativa pelo bem comum _ direitos e
justiça social _ isto é que nos deve interessar; soberania, dignidade entre
pessoas individuais e povos, nações.
A ninguém é dado o direito de invadir terra, povos e nações; matar, assassinar, destruir, arruinar. O Sol nasce indistintamente para toda a humanidade! Para boa inteligência e sensibilidade estas palavras, no artigo, bastam.
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