sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Bíblia sagrada, invasões e o povo sofrido, espoliado, degradado

 
                  Martha Pires Ferreira

A Bíblia, judaica, cristã, é uma obra tida como sagrada / conhecida na cultura do Ocidente. Até aí, tudo bem! A Bíblia é obra extensa, um registro de seres humanos, ao longo da história. Ela é entendida como princípios, leis, dos desígnios de Deus. Denominou-se ser de ordem divina, palavra divina. A interpretação nem sempre condiz com a verdade dos fatos; são posições, projeções, de seres humanos, repletos de contradições, desde tempo arcaico, há milênio. Inconcebível é se viver arraigado, ainda, hoje, na visão da Antiguidade tão remota, longe das conquistas e desejos reais por  estado do ser mais aperfeiçoado, humanizado. Intérpretes conservadores impõem normas incompatíveis para com o bem comum.

A Bíblia como se apresenta/vista em conteúdos de perverso comando entre povo e nações é inconcebível. Observamos ser imbuídas de explanações de baixo estado de evolução, absurdo de atávica percepção do povo antigo; pontuais distorções interpretativas. Impossível conceber o Deus criador das potências da natureza, com tudo o que a envolve, ser Ele perverso e instigar barbárie, vingança, ódio e crueldade entre seres e povos (povos que Ele mesmo criou). Nunca aceitar qualquer povo se ter como “o escolhido” pelo Criador (Fonte primordial, o Deus Desconhecido). Seria um contrassenso, disparate, o Criador das espécies dar privilégios a um povo e excluir outros; vizinho ou não; espoliar, degradar _ isto é aberração. A interpretação humana é que, por atavismo, se diz mais e melhor; privilegiada e/ou escolhida a sabor de sua natureza (estado de evolução). Os judeus mais evoluídos, cultos, não pensam assim, não carregam a arrogância histórica de eleitos.

Quanto a judeus e crentes, de diferentes vertestes, usarem Moisés como escudo, e, mandatário de ocupações e desvarios, é distorção inconcebível. Pessoas atávicas permanecem presas a absurdas interpretações, sem abertura para o processo da evolução humana que luta para ser igualitária, solidária e soberana. Muitos ainda vivem num passado remoto, atados a valores religiosos se fundamento amoroso, distantes dos direitos socio-humanos. Pouco reflete!

Por exemplo, onde estava a terra bíblica de Adão e Eva? Alguém saberia localizar?  Acontece que não existiu terra/espaço em nenhum local deste planeta _ geógrafos assim dizem. O sábio padre Teilhard de Chardin, paleontólogo/geógrafo/pensador jesuíta, escandalizou a Igreja católica romana ao afirmar isto; não se tem conhecimento de terra onde eles habitaram. E mais, que não surgiu apenas um homem e uma mulher; surgiram homens e mulheres no processo natural da criação. Sua obra _ O Fenômeno Humano.

A mais antiga epopeia da cultura hindu, o Bhagavad Guita, Cântico dos Bem-Aventurados, mostra o combate, a luta de Arjuna com a ajuda de Krishna, para elevar-se a níveis mais depurados de civilização. O ser humano é chamado a caminhar para o futuro, sua função é ser humano; em constantes novos amanheceres civilizatórios.

O Antigo Testamento é tradição hebraica; livro dos judeus. O Novo Testamento, obra tida como sagrada, foi escrita por intérpretes evangelistas, judeus, os quais relataram a partir da vivência apreendida e pela oralidade; visam Jesus Cristo de Nazaré, que sem dúvida marcou um corte civilizatório, uma Nova Era _ nada escreveu. E, ainda, hoje, suas palavras/verbo não foram, profundamente, assimiladas pela cristandade em sua maioria; ao que Jesus veio ao mundo e ao que representa para a humanidade. Ele é exemplo vivo para sermos pessoas solidárias, igualitárias, participativas, afetuosas e fraternas.

Como estamos longe! Longe, ainda! Grandes homens e mulheres nasceram e viveram e trabalharam para níveis mais depurados neste “planetinha” Terra! Anônimos ou não, seres comuns trabalhadores, assim como os da ciência, arte, religião, cultura, resistem; abrindo portas e janelas de humanização solidária, participativa pelo bem comum _ direitos e justiça social _ isto é que nos deve interessar; soberania, dignidade entre pessoas individuais e povos, nações.

A ninguém é dado o direito de invadir terra, povos e nações; matar, assassinar, destruir, arruinar. O Sol nasce indistintamente para toda a humanidade! Para boa inteligência e sensibilidade estas palavras, no artigo, bastam.

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