Senti-me honrada, na tarde de domingo, dia 24 de junho de 2012, ao percorrer a mostra Rio Cidade – Paisagem, na Biblioteca Nacional, Espaço Cultural Eliseu Visconti, Rio de Janeiro, e debruçar corpo e olhos, com alegria, sobre três dos quatro livros, de uma série, que meu avô Bernardo Sanmartin publicou no início do século passado. Ele mesmo editou estas obras.
Meu avô, Bernardo, que não conheci, foi fotógrafo amador nas horas livres. Tinha paixão pela cidade do Rio de Janeiro. Registrou, em suas caminhadas, o que encontrou em pedra, bronze ou mármore, escrevendo e fotografando, sobre a cidade. Contestou de forma veemente o descaso pela memória, o descuido pela preservação; testemunhos gravados em vários pontos da cidade. Inconformado com o arraso do Morro do Castelo deu importância pontual a documentar o que conhecia e descobria do nosso patrimônio histórico.
Bernardo Sanmartin era filho de pai e mãe espanhóis, de Santiago de Compostela. Nasceu e viveu aqui, nesta cidade, de 14/1/ 1870 a 1935. Minha mãe e tios (teve muitos filhos/as, de dois casamentos) contavam que, por natureza, era homem tempestuoso. Devo ter herdado muito deste sangue rebelde e inconformado com a leviandade cultural, sobretudo.
Contabilista. Por prazer, fotógrafo determinado. Pessoa objetiva e rigorosa, em seus princípios. Nasceu no Signo de Capricórnio, elemento terra; deixou-nos um legado, concreto sobre as coisas da matéria; documentação da memória e historicidade do antigo, Rio de Janeiro; indicações desconhecidas. Coisas próprias de um capricorniano que deixa por legado algo efetivo, que permanece concreta, para a sociedade onde vive.
E aí estão seus Testemunhos para o prazer da cultura brasileira.
Em 1910 publicou; Os notáveis, no Comércio e na Indústria do Rio de Janeiro, Brasil.
Em 1922, Independência 1922. Bustos e Autógrafos. RJ (4ª edição).
Expostos na Biblioteca Nacional estão os três primeiros Livros que contem 236 gravuras, photographias, impressos em papel couché.
O Primeiro Livro foi publicado em 20 de setembro de 1928, dia do aniversário de sua filha, minha mãe, Henriqueta; O Segundo Livro em 1 de julho de 1929; O Terceiro Livro em 15 de nov. 1931; tendo o mesmo título; Testemunhos de inicios varios na Ex-Cidade de São Sebastião actual Capital Federal da Republica dos E. U. do Brasil. B. Sanmartin, Rua Marqueza dos Santos, 38 (freguesia da Gloria) Rio.
O Quarto Livro – não está na mostra da Biblioteca - Bairro d’ “A’Carioca”, 1934; Testemunhos Fixadores do local e data da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Exposição Nacional 1822 /1922 Brasil - B. Sanmartin, R. Marqueza dos Santos, 38, Rio.
Neste último Livro (abertura do blog) podemos ver, na capa, a gravação, verso e reverso, da medalha que ele recebeu, possivelmente, em razão da pesquisa e documentação gravada nas obras anteriores.
Passeio Público, 1931, quem diria! Foto de Bernardo Sanmartin
Maria Martha Sanmartin Pires Ferreira (uma de suas muitas netas)
Um comentário:
Não sabia do elo familiar tão estreito entre o fotógrafo Bernardo Sanmartin e vocês,Martha. Estive na exposição ,ano passado,e lamentei que a temporada tão curta para acervo de tamanha importância.Somos eu e meu marido,admiradores incansáveis das paisagens antigas do Rio.Que bom conhecer mais esse talento do clã!
Branca Euler
Postar um comentário