domingo, 27 de fevereiro de 2011

Leonardo Boff

Recebi este genial artigo de Leonardo dia 18 de fevereiro.
Um presente na véspera de meu aniversário.
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Leonardo Boff >>>> Filósofo/Teólogo
Teólogo: um ser quase impossível

Muitos estranham o fato de que, sendo teólogo e filósofo de formação, me meta em assuntos, alheios a estas disciplinas como a ecologia, a política, o aquecimento global e outros.

Eu sempre respondo: faço, sim, teologia pura, mas me ocupo também de outros temas exatamente porque sou teólogo. A tarefa do teólogo, já ensinava o maior deles, Tomás de Aquino, na primeira questão da Suma Teológica é: estudar Deus e sua revelação e, em seguida, todas as demais coisas “à luz de Deus”(sub ratione Dei), pois Ele é o princípio e o fim de tudo.

Portanto, cabe à teologia ocupar-se também de outras coisas que não Deus, desde que se faça “à luz de Deus”. Falar de Deus e ainda das coisas é uma tarefa quase irrealizável. A primeira: como falar de Deus se Ele não cabe em nenhum dicionário? A segunda, como refletir sobre todas as demais coisas, se os saberes sobre elas são tantos que ninguém individualmente pode dominá-los? Logicamente, não se trata de falar de economia com um economista ou de política como um político. Mas falar de tais matérias na perspectiva de Deus, o que pressupõe conhecer previamente estas realidades de forma critica e não ingênua, respeitando sua autonomia e acolhendo seus resultados mais seguros. Somente depois deste árduo labor, pode o teólogo se perguntar como elas ficam quando confrontadas com Deus? Como se encaixam numa visão mais transcendente da vida e da história?

Fazer teologia não é uma tarefa como qualquer outra como ver um filme ou ir ao teatro. É coisa seríssima pois se trabalha com a categoria”Deus” que não é um objeto tangível como todos os demais. Por isso, é destituída de qualquer sentido, a busca da partícula “Deus” nos confins da matéria e no interior do “Campo Higgs”. Isso suporia que Deus seria parte do mundo. Desse Deus eu sou ateu. Ele seria um pedaço do mundo e não Deus. Faço minhas as palavras de um sutil teólogo franciscano, Duns Scotus (+1308) que escreveu:”Se Deus existe como as coisas existem, então Deus não existe”. Quer dizer, Deus não é da ordem das coisas que podem ser encontradas e descritas. É a Precondição e o Suporte para que estas coisas existam. Sem Ele as coisas teriam ficado no nada ou voltariam ao nada. Esta é a natureza de Deus: não ser coisa mas a Origem das coisas.

Aplico a Deus como Origem aquilo que os orientais aplicam à força que permite pensar:”a força pela qual o pensamento pensa, não pode ser pensada”. A Origem das coisas não pode ser coisa.

Como se depreende, é muito complicado fazer teologia. Henri Lacordaire (+1861), o grande orador francês, disse com razão:”O doutor católico é um homem quase impossível: pois tem de conhecer todo o depósito da fé e os atos do Papado e ainda o que São Paulo chama de os ‘elementos do mundo’, isto é tudo e tudo”. Lembremos o que asseverou René Descartes (+1650) no Discurso do Método, base do saber moderno:” se eu quisesse fazer teologia, era preciso ser mais que um homem”. E Erasmo de Roterdam (+1536), o grande sábio dos tempos da Reforma, observava:”existe algo de sobrehumano na profissão do teólogo”. Não nos admira que Martin Heidegger tenha dito que uma filosofia que não se confrontou com as questões da teologia, não chegou plenamente ainda a si mesma. Refiro isso não como automagnificacão da teologia mas como confissão de que sua tarefa é quase impraticável, coisa que sinto dia a dia.

Logicamente, há uma teologia que não merece este nome porque é preguiçosa e renuncia a pensar Deus. Apenas pensa o que os outros pensaram ou o que o que disseram os Papas.

Meu sentimento do mundo me diz que hoje a teologia enquanto teologia tem que proclamar aos gritos: temos que preservar a natureza e harmonizarmo-nos com o universo, porque eles são o grande livro que Deus nos entregou. Lá se encontra o que Ele nos quer dizer. Porque desaprendemos a ler este livro, nos deu outro, as Escrituras, cristãs e de outros povos, para que reaprendêssemos a ler o livro da natureza. Hoje ela está sendo devastada. E com isso destruímos nosso acesso à revelação de Deus. Temos pois que falar da natureza e do mundo à luz de Deus e da razão. Sem a natureza e o mundo preservados, os livros sagrados perderiam seu significado que é reensinarmos a ler a natureza e o mundo. O discurso teológico tem, pois, o seu lugar junto com os demais discursos.

Leonardo e Clodovis Boff escreveram Como fazer teologia da libertação Vozes 2010
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Bloco Feitiço do Villa

O maravilhoso do Carnaval / 2011 está esquentando, esquentando, neste Verão Carioca >>>> ao som de violinos, viola, violoncelo, flauta, oboé, trompa, clarineta, fagote, soprano, cantor /// samba no mundo dos clássicos.
5 de março de 2011, sábado>>>> Atenção >>>> Feitiço à vista!
Em frente à Escola de Música da UFRJ
Concentração a partir das 9h.
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Bloco Feitiço do Villa
Pela 1ª vez no Carnaval !
Uma homenagem ao Dia Nacional da Música Clássica
nascimento de Heitor Villa-Lobos
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Samba de Edu Krieger e Edino Krieger
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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Carta Maior

Quer estar por dentro,
saber pontualmente como anda o mundo?
Leia:
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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Biblioteca Nacional 200 anos

Uma defesa do infinito
de 3 de novembro de 2010 a 25 de fevereiro de 2011
Mostra imperdível !
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Lectio divina

A lectio divina é uma prática muito antiga dos mestres históricos da oração na tradição cristã, a mais remota, em especial mantida entre os monges trapistas, beneditinos. Leitura acompanhada de meditação silenciosa.
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Reflexões para fevereiro:

Novas sementes de contemplação
Thomas Merton
Vozes, 1963, Petrópolis, Rio de Janeiro

“A contemplação é a mais alta expressão de vida intelectual e espiritual do homem. É a própria vida do intelecto e do espírito, plenamente desperta, plenamente ativa, plenamente consciente de que está viva. É um espanto espiritual, uma admiração. Um temor espontâneo, reverencial, diante do caráter sagrado da vida, do ser. É gratidão pelo dom da vida, pela consciência despertada, pelo ser. É a consciência viva do fato que, em nós, a vida e o ser procedem de uma Fonte invisível, transcendente e infinitamente abundante. A contemplação é, acima de tudo, a consciência da realidade desta fonte. Conhece a Fonte, obscuramente, de modo inexplicável, mas com uma certeza que vai além, tanto da razão como da simples fé. Pois a contemplação é uma espécie de visão espiritual a que por própria natureza, tanto a razão como a fé aspiram, porque sem ela, permanecem forçosamente incompletas. A contemplação, entretanto, não é a visão, pois vê, ‘sem ver’ e conhece ‘sem conhecer’”. p.17

“A contemplação é precisamente a consciência do que esse “eu” é em realidade, “não eu”; é o despertar do “eu” desconhecido, que ultrapassa o plano das reflexões e observações e é incapaz de fazer comentários sobre si mesmo”. p.23

“A intuição contemplativa nada tem a ver com o temperamento”. P.25 (...) “pode acontecer a alguém de temperamento ativo e apaixonado ser despertado à contemplação e, talvez repentinamente, sem muita luta”. p.26

“Se tivermos a humildade de sermos nós mesmos, não seremos como nenhuma outra pessoa no universo” (...) “ o homem humilde aceita tudo o que nesse mundo o ajuda a encontrar Deus e deixa o resto de lado”. “Não é nada humilde insistir em ser quem não somos”. p.109

“Não seja um dos que, para não correr o risco de fracassar, nunca tentam coisa alguma”. p. 114.

“Um homem, porem, que é realmente humilde, não pode desesperar, pois no humilde não há maios vestígio de autocomiseração”. p. 184

“A verdadeira fé tem que ser capaz de nos sustentar quando tudo o mais nos foi retirado”.
p. 191

“A alegria espiritual ignora o sofrimento ou dele se ri”. p. 255
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“(...) to hold the infinity in the palm of his hands” /segurar o infinito nas palmas das suas mãos. W. Blake.
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