segunda-feira, 7 de abril de 2025

Poesia quase prosa na janela









Outono... esta manhã de abril. Poesias voam das páginas, cadernos esquecidos. 

Realidade tem cor
 
Contemplo a criação!
Fonte, pulsante plenitude
essência revelada se faz
presença... tudo é potência.
 
Vida surge nas raízes
frutos e folhagens e flores.
Mineral, cascalho de rios nas mãos
e riqueza animal... enternece!
 
Nuvens em céu claro azul,
Sol da manhã e negra noite
sem horizonte... Nostálgica
certeza vaga, verdade no ar.
 
Perpassa mistério sem nome,
tece sem indagação,
sem direção surpreende
montanha e vale... dono de
mares, rios, belas cascatas.
 
Contemplo a criação, potência
emergindo à chama ardente em
delicado afeto, gratuita cor de mel.
****

Jogo de sedução
 
Tenho medo de perder
      não quero reter
medo de olhar
não quero nada
               tanto assim!
 
Sei do medo, consumir
         ao sendo sua
nada quero reter
   no medo de tocar
revela medo de ficar.
 
Ah, algo prende
    retém, olha, seduz
tudo sabe e consome?
               Não sei!
Se ama, nem sei, nem sei
       _ desejo, eu sei.
****

 Não é chegar

 
Reserva abissal vivida
                   sem espaço.
Expressar jamais a possível
     palavra, ferramenta
inadequada.
 
Mergulho relâmpago...
     apreensões brotam
                         no coração,
inteligência ilumina
               escuridão sombria.
 
Fora é outra instância,
                 não toca essência
obscura do dentro onde
a vida se revela inconteste.
 
Dentro é transparência
                       ilusória ou não
atravessa a matéria densa,
     sentido além do corpóreo,
extensão infinita
                      corta o âmago,
apreensão de totalidade
não é chegar, é estar estando!   

      __ Martha Pires Ferreira     
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