Arquétipo da criação, mosaico, s/d.
ERA DE AQUARIUS
Estamos, eventualmente,
entrando numa nova Era da Humanidade?
Cairemos todos no abismo, num naufrágio suicida ou sairemos exaustos deste
impasse absurdo. Constatamos passivamente a falência das nações em constante
destruição, etapa por etapa, da legalidade e seus princípios constituídos ou
num processo de ação política transformadora daremos um salto quântico em
valores, em legitimidade? Precisamos como espécie humana acordarmos com o
coração compreensível, afetuoso e espírito aberto à ação e ao entendimento
comum. No entender de Teilhard de Chardin avançamos - nós da Humanidade - em
aperfeiçoamento constante, incessante, junto com todo o Cosmo, beleza incognoscível
do Universo.
Martha Pires Ferreira
Era
de Aquarius - 1ª publicação deste artigo-Jornal Rolling
Stone, 1972, nº 15, pág. 16 – Rio de
Janeiro. Matéria com cortes pontuais, sem alterações, por ser longo, publicado aqui no Caderno Aquariano em 9-4-2007.
A Astrologia, embora não seja ainda
levada a sério pelo academicismo de nossa época, é tão antiga quanto o homem. O
estudo dos astros surgiu de uma apaixonada tentativa de descobrir o segredo da
vida e da morte. Conhecida por todas as civilizações e culturas, a Astrologia permanece, até hoje, como ciência e
arte (de caráter experimental, de observação) dos futuros acontecimentos
humanos através do estudo dos astros. Inúmeras descobertas e acontecimentos,
seja na esfera científica e econômica, seja no terreno social, podem receber
influência dos astros - conexões entre o homem e os planetas do sistema solar –
o comportamento do ser humano no espaço das forças cósmicas. É a arte das
correspondências universais aplicadas aos indivíduos de toda natureza.
“Astra inclinant, non necessitant”.
Os astros inclinam, mas não obrigam - dispõem,
mas não impõem.
Depois do ano 2000 aproximadamente, por volta do ano 2014,
podemos dizer (...) início a uma nova Era da História da Humanidade.
Como não se pode afirmar categoricamente nada a respeito de
acontecimentos futuros, acredita-se apenas que esta época será de grande
esclarecimento mental para a humanidade inteira. A Era de Aquário é o despertar
da Intuição – apreensão imediata. Tendendo a humanidade então para maior
expansão espiritual e científica. Era da libertação, da independência, da
auto-expressão, da telepatia, da clarividência, da pré-cognição. O homem em
busca da sabedoria – e por uma espécie de vidência – sabe o que pensam, são ou
desejam todos os outros. Ele é um pouco qualquer outro. É o que chamamos
vulgarmente “o homem ligado” no sentido mais amplo da expressão. O
desenvolvimento da percepção o fará tão penetrante quanto o Raio X. É o ser se
ampliando em todos os sentidos e em todas as direções. É a ciência tomando
novos rumos, rumos estes que permitirão conhecimentos até agora enigmáticos
para a humanidade. Anuncia na verdade um estado superior da evolução humana –
um estado de esclarecimento individual – iluminação ou lucidez da consciência.
A Era de Aquário constitui um novo plano de desenvolvimento
na história do homem. Uma total mudança de nível – o homem agindo noutro nível
psíquico. A criatividade em toda a sua potencialidade, força e vigor,
transcendendo completamente a realidade atual.
A Era de
Aquário constitui um novo plano de desenvolvimento na história do homem. Uma
total mudança de nível – o homem agindo noutro nível psíquico. A criatividade
em toda a sua potencialidade, força e vigor, (...).
A
consciência do Deus interno – do Eu profundo – se manifestará no centro mesmo
da psique. (...) – o anseio de se saber tal qual se é em essência. O que no
pensamento de C. G. Jung significa o caminho da individuação. O homem
experimentará por vivências pessoais o que realmente seja harmonizarem-se uns
com os outros. Um crescente sentimento-amor, sacrifício-generosidade, tomará
conta de toda a espécie humana. O homem saberá que somos todos da mesma família
– que somos todos um só. Que a dor e o sofrimento de um é a dor e o sofrimento
de todos, o mesmo se dando em relação ao bem-estar comum, às chances e
oportunidades, alegrias e prazeres. O homem aprenderá enfim a respeitar
profundamente a individualidade própria e alheia – a respeitar, sobretudo, e em
absoluto, o outro com ele é, com seus segredos, defeitos e virtudes. A Era
de Ouro da Humanidade, segundo a filosofia Yogi. A Era da Beleza
porque a Era do Caminho da Sabedoria. E quem sabe, a Era da Arte de
Viver!! O homem se harmonizando com
sua natureza – com o alargamento do seu eu. O crescente emergir da criatividade
inegavelmente trará maiores possibilidades de felicidade e prazer na esfera
individual e coletiva. Os homens continuarão como sempre foram; com seus
aspectos claros e escuros, com suas contradições de seres mortais. Entretanto,
saberão melhor como lidar com esses aspectos escuros e sombrios que existem em
cada um de nós. As máscaras, tão comuns nos relacionamentos diários, não terão
mais sentido porque o homem novo na sua autenticidade e espontaneidade não terá
mais o que evitar, esconder, temer. Ele saberá aceitar-se e aceitar o mundo,
assim como será aceito na sua legitimidade de ser único, integrado no coração
mesmo do Universo. O homem da Era de Aquário é o homem independente. É o homem
que elabora o processo da liberação total.
(...) A
era do próximo milênio é primordialmente o reencontro da humanidade inteira
– na qual ninguém está interessado em aparecer mais ou menos, ser mais ou melhor.
Não resta dúvida que os sintomas desta Era da Intuição já se fazem
presentes – em pequenos núcleos – nos mais diferentes setores da atividade
humana. Entretanto, antes de entrarmos nesta plenitude de viver, sofrerá o
mundo todo com a humanidade inteira, a mais completa e fundamental
transformação. Um cataclismo! (...).
A
transfigurada explosão já se faz notar. A imaginação parece se dilatar – o
homem quer inventar, aparecer, criar, como nunca pensou ser possível. A arte já
não é mais o privilégio de um pequeno grupo de artistas, não mais o dom de uns
poucos – verifica-se que todo homem é potencialmente um criador, um artista, em
maior ou menor grau. E ao lado desta efervescência vivemos paradoxalmente uma
crise como nunca se ouviu falar – o desencontro humano é geral. A mente
inquieta e aflita tenta com todos os esforços solucionar problemas cada vez
mais complexos – impossíveis mesmo de serem resolvidos. E mergulhando um pouco
mais fundo, parece mesmo que qualquer tentativa de harmonia geral entre pessoas
ou nações é realmente inútil. A humanidade está se desentendendo cada dia mais.
Por todos os lados a violência, a agressão, a insatisfação individual e
coletiva. O homem está sofrendo e não adianta querer esconder de si próprio tal
verdade. A crise é cultural, moral, política, econômica, religiosa,
sociológica. E esta crise entrará num crescente enorme – a fome aumentará cada
dia mais – o descontrole geral chegará às vias do absurdo!!! Velhas tradições,
velhas convicções, velhos ideais e costumes, velhas leis éticas e metafísicas
sofrerão assombrosas modificações antes do surgimento do Novo Ciclo da Raça
Humana. (...).
Este período
de desencontro que antecede a Era de Aquário e que já estamos atravessando,
pode ser visto como um fenômeno apocalíptico. O estado psíquico geral da
humanidade se torna cada vez mais perigoso. É o desabamento de velhos moldes:
paradoxismos, incongruências, inconsequências, contradições, disparates – o
imprevisível! Uma realidade altamente cheia de dúvida e absurda. (...)
Quem tem a sua tocha individual bem
acesa, quem permanece em estado de plena atenção, não tem o que temer. O
observador atento da fenomenologia atual só tem uma saída: enfrentar o momento
presente, enfrentar a si próprio e à escuridão da sua época, sem ditar dogmas
ou princípios, que em pouco tempo estarão superados. O homem lúcido não perde a
meta – ele trabalha incansavelmente por um mundo humano e pleno de alegria –
ele sofre e não teme a metamorfose. – Aceita o peso do mundo sobre os seus
frágeis ombros e não se desespera. Confia. Confia, sobretudo, nas forças da
natureza. Acredita no amanhecer da lucidez universal. Confia no princípio
coordenador de energias, nas forças renovadoras que emergem do centro mesmo da psique.
Trabalha no silêncio e no amor.
A Era de
Aquário, uma utopia ou uma realidade? Consultem geólogos, sociólogos e
astrônomos. Parece mesmo que tudo se transforma. Nada se pode afirmar,
entretanto, só o tempo constata e confirma.
Para alguns
estudiosos, os 2000 anos que nos seguirão podem ser vistos também como a Era da Conquista do Espaço Cósmico, e o
homem já deu provas suficientes de que isso é possível. Mas a Era de Aquário é,
sobretudo, a Era do Descobrimento do Homem Interior – ERA DO HOMEM CÓSMICO. O
estudo experimental da alma será o tema principal no campo das investigações
científicas, nas escolas e nas universidades.
Num interesse profundo em conhecer a sua natureza íntima e
a sua essência eletromagnética, o homem descobrirá que a alma é o divino se
manifestando na matéria.
Apolo, Albert Dürer, séc. XVI.
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