quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Folhagens _ inventando rabiscar poesia

 Não me atrevo ser poeta, me atrevo rabiscar poesia / sem data

Folhagens

Caminhar neste chão
que me sustenta _
vegetação me cerca
envolve _ passo a passo.

Contemplo pluralidades
folhagens diferenciadas
_ verde-claro, alface
escuro musgo
_ avermelhadas, cor de ferro
amarelecidas ouro velho.

Não vejo folhas azuis
_ imagino azul-cobalto,
violeta, ametista, lilás
_ folhagens brancas nuvens
tão raras!
Flores, tantas cores!

Amendoeira chove
ferrugem cobrindo chão _
caminho em passos Zen
não retenho o som
do mundo tecnológico.

Longe de vozes humana
_ absorta ao canto secreto
mãe natureza
silêncio da luz solar
me esqueço, não me sei
_ indo sem direção
sou existência.

   ****

Vida

Mistério _ reverência
profundidade, interior
                             da matéria.
Viver a vida
dentro da vida.
A chama é libertadora
_ grito da noite subterrânea,
potência da natureza
chão de pedra, minério
terra em flores e frutos
                     _ mãe resistência
Paradoxo, polaridade
           luz, cor _ sombra, treva
_ a vida pulsa.

****

Vertente

 Amor flama a carne
tempo _
amore arde nos corpos,
espaço _
corta sutileza
desequilibra desejo
                      anseio.

Encontros reencantam,
vagueiam intelecto _
se alojam secretos
recantos da alma
_ impronunciáveis.

Eterniza ilusões _
amante pela amada
amada pelo amante
       _ o ar rarefeito fere.

   ****

Quero

Não quero
erudição, não quero posse
não quero tristeza
não quero julgar
             criticar, condenar.
Não quero acúmulos, enlatado
contabilidade, racionalidade.
 
Quero o simples
             doçura, leveza
_ vazia de tudo,
apreensão, entendimento.
Quero a clareza
do coração, a ternura
no silêncio amoroso da alma.
  
          __ Martha Pires Ferreira
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