Na Terra como no Céu - explanação 2009 -2020

Com prêmios internacionais e previsões acertadas, a astróloga Martha Pires afirma que o mundo está passando por transformações semelhantes às ocorridas na época do fim do feudalismo, da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. “As mudanças darão novo sentido sobre o que é ser humano”.

Texto: Terezinha Moreira | Fotos: Marcos Pinto
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Revista VIVER BRASIL – 16 de janeiro . 2009 . Ano II . Nº 5

Advogada por formação, Martha Pires Ferreira abandonou o Direito em meados dos anos 60. A partir daí, aprofundou seus estudos em psicologia junguiana e foi para a Europa, onde estudou astrologia. Com grande número de clientes, a astróloga também dá aulas e ministra conferências e palestras sobre o assunto. “Dediquei-me à astrologia política mundial, seus ciclos na arte, na cultura, como a astrologia influenciou no campo da música, da literatura, da história do pensamento”, conta Martha, autora do livro Metáfora dos Astros. Em 1992, a astróloga carioca recebeu o prêmio internacional Noite de Nertus, na Suíça, em razão das previsões sobre a dissolução da Rússia, a queda do muro de Berlim e o impeachment do presidente Fernando Collor. Em entrevista exclusiva à Viver Brasil, Martha explica a influência dos astros em nossa vida e diz que estamos vivendo tempos de mudanças e fortes transformações do ser humano.

Qual a influência da posição dos astros na nossa vida?
Não existe prova científica, dentro da ciência cartesiana, de que os astros influenciam. A astrologia é uma ciência tão antiga quanto a história do homem, é uma linguagem essencialmente simbólica. Todas as culturas olharam para o céu para verificar o que significava o movimento dos astros. Era tanto que se dizia que tudo está escrito nas estrelas. Você vai encontrar isto nos incas, astecas, China, Índia, na África, no reino de Benin. E foi se desenvolvendo por toda a Europa e hoje tem capacidade enorme de observação por causa da revolução tecnológica. Hoje, a astrologia tem possibilidade muito maior de verificar que, quando certos aspectos ocorrem no céu, sincronicamente acontecem na terra eventos similares aos que o planeta simboliza. Isto é, de certa forma, um grande mistério. A astrologia não é uma ciência misteriosa, é uma ciência simbólica e, por sincronicidade, as ocorrências do céu acontecem na terra. Há influência muito forte da lua nas marés. Quando há explosões solares também tem eventos similares na terra. Se o sol e a lua, que são astros mais próximos da terra, têm influência muito grande em nossa natureza, os outros astros também. Por estudos chega-se a estas conclusões. Até na Biologia, na França, estuda-se a influência dos astros no corpo humano. Pode ser que no futuro, tenhamos possibilidade de comprovação mais profunda.

Por que o estudo da astrologia deixou de ser difundido no mundo?
Por causa da ciência cartesiana que, na França, tornou-se muito radical porque a astrologia, provavelmente, estava um pouco comprometida com magia, crendice, com futurismo sem comprovações, e, então, deveria haver necessidade de maior fundamentação científica. As universidades clássicas na Europa, inclusive o Vaticano, têm livros sobre astrologia. Eles têm este saber guardado a sete chaves. A University of London tem biblioteca preciosíssima; na Alemanha, a astrologia nunca foi deixada de lado e a bibliografia é imensa. São estudiosos profundos. Existe astrologia de jornal, mas a mais profunda continua sendo estudada no mundo inteiro e muitos astrólogos são universitários. Todo astrólogo precisa ter conhecimento do espaço celeste para fazer leitura de como as coisas do céu acontecem na terra. Ele verifica se um planeta passou em um determinado signo e se naquela ocasião na terra coincidiram acontecimentos semelhantes com aquele significado simbólico porque a astrologia remete à mitologia. Todos os povos têm relação forte com os mitos. Então, não adianta querer enforcar a astrologia do saber comum porque ela pertence ao inconsciente coletivo de todos os povos e se mantém viva.

O que a posição dos astros revela hoje?
Estamos vivendo, no mundo, momento de transição radical. Não é uma crise mais porque o planeta Plutão está a zero grau do signo de Capricórnio, e vai percorrê-lo durante muitos anos. Este planeta significa as transformações radicais. Passou ali naquele ponto há 248 anos e foi o período que antecedeu a Revolução Francesa, foi um período de grande impulso no desenvolvimento industrial, que atuou de maneira muito intensa até 1850. Foram 70 e poucos anos de muita atuação, que estabeleceu a revolução industrial. O planeta passando por este ponto está mostrando uma grande transformação no mundo, não mais revolução industrial, mas a tecnológica. Somado a isto, outras posições no céu são semelhantes ao que ocorreu de 1840 a 1850, que foi o auge das contestações dos trabalhadores na Europa e nos Estados Unidos reivindicando direitos nas fábricas. Também foi um período de grande avanço nas artes, nas músicas, na pintura. Além disso, também temos aspectos muito semelhantes há 4 mil anos, quando apareceu a escrita. Estas posições no céu, de Plutão, Júpiter, Netuno e Urano, os últimos três signos do zodíaco, significam que temos o novo aparecimento da escrita, que é a internet. O ponto zero grau de Capricórnio marca também uma coisa muito importante, que é o solstício do inverno no Hemisfério Norte e do verão no Hemisfério Sul. O solstício significa o nascimento do sol, que depois foi a festa do nascimento de Jesus, que significa o nascimento da consciência, de uma nova visão do mundo.

Na prática, o que isto significa?
Tendo uma visão de futuro baseada no presente, vamos viver uma nova percepção de mundo. Como Capricórnio é signo da terra, o que vai gritar, berrar e nos chamar a atenção são os cuidados com a mãe-terra, a mãe-natureza porque o ser humano se descuidou dela. Ele pode viver sem o celular, mas não sem pão, vinho, água e sem o ar que respira. Então, a grande tônica deste ciclo, que começou em 2008 e vai até 2020 é o brado da terra-mãe para que cuidem dela, senão teremos o efeito bumerangue. O que está acontecendo de estragos no mundo, nos lugares mais variados, é o abuso do ser humano no sentido de consumo. Foram inventadas coisas maravilhosas, mas há abuso excessivo do mundo tecnológico, industrial. Há estrago geral e o ser humano vai pagar preço muito alto e vai se reorganizar. Os homens que são muito agarrados ao mundo do triunfalismo do dinheiro, vão sofrer muito porque a decadência da economia será muito grande, pois houve abusos. É como um indivíduo que foi a uma festa no verão, comeu muita feijoada e está passando mal. A humanidade está tendo uma congestão dos excessos.

O homem tem consciência da importância do seu papel para que as mudanças se revertam em algo positivo para a humanidade?
Temos a possibilidade de um grande salto quântico, um salto para o progresso, para alguma coisa maior e eu acredito que o ser humano vai despertar para uma consciência mais ampla diante desta fricção entre Oriente e Ocidente, entre ricos e pobres, entre as religiões mais esfarrapadas possíveis que se tornaram negócio. Neste aspecto as crises serão no judaísmo, no islamismo, cristianismo e as religiões paralelas, mesmo as do oriente, onde houver o senhor do dinheiro como a cabeça central. Estamos vivendo a passagem da mudança da era de Peixes, que era a da hospitalidade, do despertar das emoções para a era de Aquários, que é a era do ar, da solidariedade, da fraternidade e da partilha.
A consciência planetária, que é da Era de Aquários vai ficar mais clara para a humanidade daqui a uns 12, 13 anos, mas a travessia é importante. A humanidade está em um estágio de sua consciência muito aquém do que poderá vir a ser. Felizmente, muitos homens da ciência, da cultura, da arte, das religiões estão apontando caminhos, mas é a mãe-terra que irá gritar: façam o favor de tomar juízo.

De que forma isto se reflete na questão econômica mundial?

A crise econômica não vai perdurar apenas dois anos, ela desmontou e não tem mais saída. O modelo econômico do mundo faliu, não tem saída. Quem está falando é Martha Pires Ferreira, uma estudiosa destas questões. Não sou economista, mas sou muito procurada por economistas, banqueiros, grandes industriais, homens de negócios, diplomatas. Eles me procuram não por crendice ou superstição, mas porque querem saber o que pensa uma pessoa que não é da área deles. Pelos ciclos astrológicos o que está acontecendo hoje é como a queda do feudalismo. Quando o feudalismo quebrou, não quebrou fácil. A Revolução Francesa foi um corte muito doloroso. O corte que vai ter no mundo será muito doloroso. Será uma transformação radical. O modelo de economia no mundo será outro. Daqui a dois anos será o aniversário de O manifesto comunista, movimento do Karl Marx e do Engels com todo um grupo daquela época na Alemanha e que depois toda a Europa tomou conta, foi a consciência do direito do trabalho. Não estou querendo dizer que Marx colaborou com a liberdade, mas se preocupou com o direito do trabalho, a consciência do trabalhador. Essa consciência do valor do trabalho é outra coisa que na economia será extremamente discutida porque o homem não quer mais trabalhar para um grupo pequeno, senhores donos do dinheiro no mundo. Isso não tem mais como. A partilha será natural, progressiva e proporcional. Não estou falando de um socialismo velho, do século XX, mas de uma socialização dos bens da economia, dos bens dos frutos da terra para todo homem que trabalha e que tem direito ao trabalho e que proteja todos os velhos, os doentes e as crianças, que não podem suprir sozinhas suas próprias vidas. Não tem outra saída.

Como ficará o Brasil nesta história?
O Brasil é um país privilegiado em sua atmosfera, é tropical, não tem geadas, vulcões, tem grande extensão. A gente deve valorizar a riqueza maravilhosa que é o Brasil, seu povo, seu clima, sua arte, sua música. Nisto o Brasil dará um exemplo muito grande para o mundo, pela sua simplicidade. O povo brasileiro é muito simples, mas infantil e quer só pensar em futebol, carnaval, quer se divertir, mas se esquece de que tem de se organizar nas funções do trabalho, na consciência do trabalho. Trabalhar, orar, divertir-se, brincar... mas trabalhar consciente e só depois descansar.

Isto implica dizer que o Brasil será protagonista nas mudanças que devem ocorrer no mundo?
Seria arrogância e pretensão pensar que um país será a porta para o mundo, mas acho que a América Latina e a África terão muito a nos dizer. Os países velhos continuarão com sua cultura, com tudo o que desenvolveram, seja Europa e EUA, que é um país mais novo e está vivendo momento muito importante de transformação profunda, com a eleição do novo presidente, que vai dar também possibilidade de diálogos e mostrar que não tem diferença, que existe apenas uma raça: a raça humana. A humanidade está vivendo momento extremamente rico e a internet facilita esse avanço, essa compreensão. O Brasil também tem papel interessante por causa de sua natureza acolhedora, povo tão misturado, mas outros povos também. A África está se levantando de uma maneira muito rica, densa; os EUA mesmo estão tomando consciência de que não podem gastar tanto, ter consumo exagerado e vão aprender a ser mais do que ter mais. O homem vai batalhar para acreditar no ser sendo e não no ter.

Qual o papel dessa geração em relação às mudanças pela qual estamos passando?
Os jovens do mundo são uma esperança muito grande porque são o sangue novo, pensam coisas novas e vão exigir novas maneiras de estar no mundo. Então, os mais velhos, que fiquem quietos em sua casa, ouvindo sua música, sendo bons conselheiros e deem oportunidades aos jovens de dar ao mundo uma nova visão. Isso é uma contribuição com uma turma nova que está chegando. Os governantes do mundo são pessoas que nasceram na década de 60, que foi uma década muito forte. As crianças que nasceram ali hoje são presidentes de empresas, de países. É um privilégio, por um lado, apesar de perigoso, pois temos violência no mundo. Isto é uma coisa que me provoca receio.

Há algo que indique o aumento da violência no mundo?
É só você olhar como há investimentos em armas. A economia que mais rende no mundo é a bélica. Se investir em armas é uma coisa lucrativa e maravilhosa é porque o ser humano precisa usar estas armas. Fazer guerra dá dinheiro e isto me assusta muito. Não é preciso nem olhar no mapa, no céu. Posso dizer que o ser humano vai perceber que o bumerangue poderá ir de encontro com a sua cabeça, como o sapato que voou, não de um jornalista, mas de um cidadão indignado. O sapato que voa na cabeça de um presidente é um simbolismo muito rico de que as pedras vão voar e que o ser humano vai ter de se defender e repensar. Os anos de 2009, 2010 e 2011 serão muito, muito importantes para a humanidade. É como se você estivesse em um barco no meio da travessia: não tem como voltar. É um momento de esperança, de criatividade. O planeta Plutão em Capricórnio, Júpiter e Netuno no signo de aquários e Urano no signo de Peixes fazendo oposição ao planeta Saturno, o senhor do tempo, mostra nestes 20 anos, em relação ao tempo, que estamos vivendo períodos de grandes mudanças.
A eleição do Barack Obama, nos EUA, pode ser considerada uma destas mudanças?
Acho que sim. É um sinal, agora, não posso dizer se ele vá responder fielmente ao que se deseja dele. Ele é comprometido com uma economia perversa e tem de responder ao que os donos de bancos, das grandes empresas determinam, mas tem voz muito poderosa, que é a voz do povo, do coletivo. Em relação a outros povos, Cuba vai, provavelmente, resgatar o que foi dela impedida com um embargo vergonhoso há mais de 40 anos. É uma libertação de Cuba e dos povos do Oriente, que estão vivendo uma situação seríssima. Acho que os árabes vão repensar também a sua ira. Estamos vivendo momentos difíceis, mas profundos e importantes para a revolução do ser humano, que ainda gosta de tapetes, jóias, aviões, mas não gosta muito de ser humano porque não resolve as questões do ser humano. E o ser humano foi chamado, sobretudo para ser humano.

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