terça-feira, 22 de março de 2022

Canto a Luz do Sol, algo além do Sol

     Caminhando, como de costume, num belo dia de Sol. Não sou poeta, tenho leves pretensões, gosto de cantar o que minha alma solicita _ obedeço, simplesmente.  
____ tarde de quarentena __ foto à tardinha, abril, 2020
.

Canto a Luz do Sol, algo além do Sol

Sol meu Rei.
Luz, Rainha majestosa
das manhãs, trevas destes dias
sombrios, temerosos, incompreendidos
_ quarentena!
Abrace a humanidade indefesa,
desprotegida, insegura.
Oh, luz que se estende,
firmamento infinito,
cuide dos corações sensíveis
aprisionados nas habitações,
sem tréguas, sem respostas.
 
Resguardados estamos
frente microscópico desconhecido
Coronavírus-19,
invisível inimigo,
enigmático ser que se faz possuidor
de frágeis moléculas;
venenoso invade o ar que respiramos,
retém seu poder malévolo
atado à matéria sem pedir licença,
ocupando espaços inconcebíveis,
invadindo territórios, nações,
de leste a oeste _ se alastra
inconsequente possuindo nossos poros,
nossos pulmões, nosso chão. E mata.
Como surgiu não sabemos.
Arranca o fôlego, o bem estar,
nos privando caminhar livres sem direção,
em dias ensolarados ou não, pelas
Ruas e Avenidas, Praças e Jardins.
Restringe trabalhos, nosso ir e vir.
Aprisiona multidões em hospitais
_ jaz corpos solitários no Campo Santo.
 
Oh, Luz fonte de Vida,
nossa Rainha resplandecente
do ponto mais alto _ meio-dia
ao mais suave fim de tarde;
horizontes vagos, saudades
eternas sem retorno, diga-nos algo!
Oh, Luz que marca ciclos a cada dia;
surge ao amanhecer, nos deixa
a cada anoitecer, repito, diga-nos algo.!
 
Oh, Luz gloriosa do alvorecer,
abrace como a mãe amorosa
ao alimentar, cuidar, proteger.
Diga que a Vida é um sim, acolhimento.
A Vida é Impermanência, 
maior que o entendimento,
tropeços financeiros,
o conforto, segurança emocional.
A Vida é incomensurável,
somos para o Absoluto,
_ este transtorno passará,
tudo retomará seu curso habitual.
Diga: este instante relativo
noites escuras, quase trevas,
há de passar, retornaremos a respirar
inspirar e expirar libertos, libertas
_ Natureza renovada, verdejante;
os familiares, amigos, amigas!
Voltaremos a lutar, sorrir, cantar,
brigar, abraçar e beijar.
 
Oh, Luz irradiante,
 mergulhada no vazio,
num silêncio abissal, neste instante,
me vejo em dimensões
desconhecidas; toques de eternidade.
Sinto o incomensurável,
olho a matéria densa em que habitamos,
dimensão plena da existência!
Oh, Luminosidade do Desconhecimento,
Mistério Primordial que liberta
o espírito do mundo aprisionado
no coração da matéria!
Oh, Amorosidade na escuridão!
 
                        Martha Pires Ferreira
 

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