terça-feira, 17 de setembro de 2024

Poesia _ três goles no universo das ideias

 
Formas no espaço nanquim, e aquarela (detalhe) 

Desenho
         a Amador Perez
 
Dedos deslizam papel branco,
          qualquer superfície
_ silenciosa, as mãos obedecem.
 
Olhar que vê revela formas
_ estas se percebem vistas
          detalhes, precisa tensão.
 
Mãos engendram expressões
       a alma se eleva sem receio,
registra fotossíntese-grafia.
 
No ver, pura contemplação,
traço se percebe mirado, visto
_ desenho é criação ativa, viva.

          O desenho livre, inconsequente, ponto e linha, sempre foi um constante hábito meu, desde menina. // Amante do desenho que sou, fui ver, passo a passo, a Exposição _ Amador Perez 50 Anos Fotolivrografia _ precisão, riqueza iconográfica. Paço Imperial, Praça XV.
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    Desidade
            à Ignez Maria Mattos
 
Gosto do que não tem  idade
            _ tantas vertentes...
Felicidade não tem idade.
Ternura, alegria, prazer cotidiano
solidariedade, liberdade, calor
distância, dispensa idade.
 
Beleza, harmonia, som refinado
dispensa idade, ressoa presente
no invisível arco do atemporal
_ perpassa ao longe o horizonte!
 
Qual a idade do ar transpassando
Eras, dimensões circulares,
energia feita e desfeita no vazio?
 
Idade da coragem, firmeza, dor,
consciência, queda... atos heroicos?
Tempo sem idade corta espaço.
 
Sonho, quimera, devaneio, utopia!
Paixão é sem idade, se abranda
sem dimensão _ época, destino.
Gosto da desidade, foge à idade. 
 
Infinitude não tem idade, tem vida
_ mistério, transtorno, o achado
do nada _ encantamento abissal.

           Nos anos 1965, querida amiga Ignez, concluía comigo a Faculdade de Direito, UEG (atual, UERJ). Ficamos irmãs para sempre. Nossas cabeças pensantes permaneceram vivas, afins no horizonte _ visão de mundo.
           Dediquei esta poesia pela reflexão que lhe é própria; sabor das ideias.    
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 Um ponto
                a Marcelo Cattan
 
Desenhar sem consequência
transgredir formas, um ponto
_ fascínio esvazia resultado.
 
Ser livre de dogma, norma,
_ repousar ponto e linha
em superfície lisa ou não,
ousar retas, curvas... oblíquas.
 
Brincar de tudo ao traçar
sem destino, sem por quê
_ descobrir, revela o nada a
cada ponto em sequência viva.

         Num encontro do Grupo Buriti Literário, Marcelo Cattan, descrevendo sobre o “Sem por quê” de Mestre Eckhart (Sermões) e seguindo para outros pensadores sobre a mesma questão... me perdi sem mais nem menos. Nada tem sentido... ou tudo tem o seu “porquê”, sentido de tudo... ”A rosa não tem porquê”. 
              Um ponto, poesia _ dediquei a este pensador, sem porquê. 
                
 Martha Pires Ferreira _ escrever poesia é sorver bom vinho
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