sábado, 21 de novembro de 2020

Liberdade de escrever - Reflexões do dia em quarentena

             
Livro das Horas - duque du Roban _ manuscrito séc. XV França. 

Deus, o Desconhecido, do qual nada sabemos, no máximo nós O apreendemos pela sensibilidade, criou o Céu e a Terra; entre tantas inumeráveis belezas imaginou e moldou, em sua grandeza absoluta, o ser Humano de corpo e alma _ um bicho que fala, ouve, olha, saboreia, respira, degusta, pensa, sente, intui e cria em alta potência. Bicho bizarro que se expandiu do seio mesmo da Mãe Terra, Natureza, por todas as partes do planeta; destinado a batalhar pela própria sobrevivência, lutar produzindo, incansavelmente, e se divertir no meio em que vive, enfrentando sombras escuras e tempestades, erros e certos, perdas e ganhos, e, espera-se em se esforçar em se depurar, se polir, sobretudo, no espaço-tempo interno, podendo agir com solidariedade, bondade fraterna e Amor Incondicional.

Este bicho humano que pensa, programa e age, teme consciente, com receios, de esbarrar no inimigo microscópico passeando velado pelo ar, o covírus-19, surgido das trevas sem avisar, sem pedir licença _ impondo que se use máscara _ próprio dos “ritos tribais”. Este ser humano, pretencioso e repleto de verdades e vaidades, espera respostas do “oráculo” da ciência para domar seu secreto opositor, entretanto começa a perceber que bem mais que respostas técnicas, laboratoriais, o que vale é a qualidade de vida ambiente. Sem indagar o porquê da razão, mais por intuição, apreende a fragilidade no mais íntimo, abissal da existência, o estar no coração do mundo. Na quarentena, que a vida lhe impôs, muitos esperam nas trevas _ “na noite escura dos sentidos e do espírito” _ e em silêncio eloquente.

  Martha Pires Ferreira

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