A Astrologia, embora não seja ainda levada a sério pelo academicismo de nossa época, é tão antiga quanto o homem. Conhecida por todas as civilizações e culturas, a Astrologia permanece até hoje como ciência e arte de caráter experimental, de observação, que estuda as relações entre o homem e os planetas do sistema solar.
Ela se ocupa de determinar as influências celestes, que presidem o destino dos seres e das coisas. É a arte das correspondências universais aplicadas aos indivíduos de toda natureza.
Os astros dispõem, mas não impõem
“Astra inclinant, non necessitant”.
Não darei dados de Astronomia para explicar que o eixo vernal, por um processo de retrocesso se afasta do signo de Peixes, por onde passou vinte séculos, e se aproxima agora do signo de Aquário. Aproximadamente, por volta do ano 2014, podemos dizer que este eixo passou para a constelação de Aquário, dando assim início a uma nova Era da História da Humanidade.
Como não se pode afirmar nada a respeito de acontecimentos futuros, acredita-se apenas que esta época será de grande esclarecimento mental para a humanidade inteira. A Era de Aquário é o despertar da Intuição. Era da libertação, da independência, da auto-expansão, da telepatia, da clarividência, da pré-cognição. É o ser se ampliando em todos os sentidos e em todas as direções. É a ciência tomando novos rumos, rumos estes que permitirão conhecimentos até agora enigmáticos para a humanidade.
A Era de Aquário constitui um novo plano de desenvolvimento na história do homem. Uma total mudança de nível – o homem agindo noutro nível psíquico. A criatividade em toda a sua potencialidade, força e vigor, transcendendo completamente a realidade atual.
A consciência do Deus interno – do Eu profundo – se manifestará no centro mesmo da psique. Cada ser humano terá como desejo primordial o anseio de se saber tal qual se é em essência. O que no pensamento de C. G. Jung significa o caminho da individuação. O homem saberá que somos todos da mesma família – que somos todos um só. Que a dor e o sofrimento de um é dor e sofrimento de todos, o mesmo se dando em relação ao bem-estar comum, às chances e oportunidades, alegrias e prazeres. O homem aprenderá a respeitar sobretudo, e em absoluto, o outro com ele é, com seus segredos, defeitos e virtudes. A Era de Ouro da Humanidade, segundo a filosofia Yogi. A Era da Beleza porque a Era do Caminho da Sabedoria. E quem sabe, a Era da Arte de Viver!! O crescente emergir da criatividade inegavelmente trará maiores possibilidades de felicidade e prazer na esfera individual e coletiva. Os homens continuarão como sempre foram; com seus aspectos claros e escuros, com suas contradições de seres mortais. Entretanto, saberão melhor como lidar com esses aspectos escuros e sombrios que existem em cada um de nós. O homem novo na sua autenticidade e espontaneidade não terá mais o que esconder e temer. Ele saberá aceitar-se e aceitar o mundo, assim como será aceito na sua legitimidade de ser único, integrado no coração mesmo do Universo. É o homem que elabora o processo da liberação total.
É interessante me estender mais um pouco. Era de Aquário não é como se sabe (e os videntes também sabem), o privilégio de uns poucos ou de um grupo humano mais bem dotado, seja lá em que for. A era do próximo milênio é primordialmente o reencontro da humanidade inteira. Não resta dúvida que os sintomas desta Era da Intuição já se fazem presentes – em pequenos núcleos – nos mais diferentes setores da atividade humana. Entretanto, antes de entrarmos nesta plenitude de viver, sofrerá o mundo todo com a humanidade inteira, a mais completa e fundamental transformação. Um cataclismo!
A transfigurada explosão já se faz notar. O homem quer inventar, aparecer, criar, como nunca pensou ser possível. A arte já não é mais o privilégio de um pequeno grupo de artistas, não mais o dom de uns poucos – verifica-se que todo homem é potencialmente um criador, um artista, em maior ou menor grau. E ao lado desta efervescência vivemos paradoxalmente uma crise como nunca se ouviu falar – o desencontro humano é geral. A mente inquieta e aflita tenta com todos os esforços solucionar problemas cada vez mais complexos – impossíveis mesmo de serem resolvidos. E parece mesmo que qualquer tentativa de harmonia geral entre pessoas ou nações é realmente inútil. A humanidade está se desentendendo cada dia mais. Por todos os lados a violência, a agressão, a insatisfação individual e coletiva. O homem está sofrendo e não adianta querer esconder de si próprio tal verdade. A crise é cultural, moral, política, econômica, religiosa, sociológica. E esta crise entrará num crescente enorme – a fome aumentará cada dia mais – o descontrole geral chegará às vias do absurdo!!! Velhas tradições, convicções, ideais e costumes, velhas leis éticas e metafísicas sofrerão assombrosas modificações antes do surgimento do Novo Ciclo da Raça Humana. Parece mesmo que a humanidade inteira está despertando para enfrentar a metamorfose morte e ressureição! Como em todas as metamorfoses, em todas as grandes mudanças – o que é belo e precioso, surge da depuração – como na Alquimia. Depuração esta que se processa acompanhada de muito trabalho e dor.
Este período de desencontro que antecede a Era de Aquário e que já estamos atravessando, pode ser visto como um fenômeno apocalíptico. O estado psíquico geral da humanidade se torna cada vez mais perigoso. É o desabamento de velhos moldes: paradoxos, inconseqüências, disparates – o imprevisível! Uma realidade altamente cheia de dúvida e absurda.
Por toda parte, falsos profetas da verdade – falsos cordeiros, falsos magos, falsos iluminados. Muitos destes homens como “salvadores da humanidade” ditam princípios e normas, confundindo ainda mais a inquietude geral do mundo. As dores aumentarão e a humanidade há de gemer, estremecer e excitar-se. Ignorando completamente o que lhe falta, saberá apenas que sente dor e que necessita urgente de algo que a alivie e tranqüilize.
Quem tem a sua tocha individual bem acesa, quem permanece em estado de plena atenção, não tem o que temer. O observador atento da fenomenologia atual só tem uma saída: enfrentar o momento presente, enfrentar a si próprio e à escuridão da sua época, sem ditar dogmas ou princípios. O homem lúcido não perde a meta – ele trabalha incansavelmente por um mundo humano e pleno de alegria – ele sofre e não teme a metamorfose. – Aceita o peso do mundo sobre os seus frágeis ombros e não se desespera. Confia. Confia nas forças da natureza. Acredita no amanhecer da lucidez universal. Confia nas forças renovadoras que emergem do centro mesmo da psique . Trabalha no silêncio e no amor.
A Era de Aquário, uma utopia ou uma realidade? Consultem geólogos, sociólogos e astrônomos; eles têm dados interessantíssimos a respeito de acontecimentos singulares. Parece mesmo que tudo se transforma. Nada se pode afirmar, entretanto, só o tempo constata e confirma.
Para alguns estudiosos, os 2000 anos que nos seguirão podem ser vistos também como a Era da Conquista do Espaço Cósmico. E o homem já deu provas suficientes de que isso é possível. Mas a Era de Aquário é sobre tudo a Era do Descobrimento do Homem Interior – ERA DO HOMEM CÓSMICO.
Num interesse profundo em conhecer a sua natureza íntima e a sua essência eletromagnética, o homem descobrirá que a alma é o divino se manifestando na matéria.
Martha Pires Ferreira. [ A 1a publicação deste artigo /1972, na íntegra– Jornal Rolling Stone – RJ.]
[ 2007 / cortes sem qualquer alteração do texto original de 1972 ]
segunda-feira, 9 de abril de 2007
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3 comentários:
Martha
parabéns pelo Caderno Aquariano. Consegui chegar procurando o seu nome na perquisa da homepage. Agora já está nos meus favoritos e vou ler sempre os textos importantes que você escreve. Eu e a Astrolgia agradecemos penhoradas...
bj
Monica
Martha,
Isso aí vai em frente. Continue publicando seus textos, poesia e coisas mais
Que belo escrito! mas aqui fui beneficamente confrontada:
"Quem tem a sua tocha individual bem acesa, quem permanece em estado de plena atenção, não tem o que temer. O observador atento da fenomenologia atual só tem uma saída: enfrentar o momento presente, enfrentar a si próprio e à escuridão da sua época, sem ditar dogmas ou princípios. O homem lúcido não perde a meta – ele trabalha incansavelmente por um mundo humano e pleno de alegria – ele sofre e não teme a metamorfose. – Aceita o peso do mundo sobre os seus frágeis ombros e não se desespera. Confia. Confia nas forças da natureza. Acredita no amanhecer da lucidez universal. Confia nas forças renovadoras que emergem do centro mesmo da psique . Trabalha no silêncio e no amor."
Te ler envolve-nos!
grata
denise
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